O repórter Michael Isikoff concedeu uma entrevista ao programa New Day, da CNN, e revelou que House of Cards fez parte da interferência russa nas eleições presidenciais dos EUA em 2016.
Isikoff conversou com uma fonte que se denominou Maskim, um ex-funcionário da Internet Research Agency (IRA), o órgão estatal russo que foi criado para elogiar o governo de Vladimir Putin nas redes sociais e plantar mensagens de ódio contra ideias que não estão de acordo com a liderança do país. A fonte revelou que uma das equipes da IRA foi forçada a assistir a série da Netflix para ter uma noção dos principais problemas dos EUA e a partir disso publicar comentários que inflamassem discussões políticas polarizadas nos cidadãos americanos.
Era necessário conhecermos os grandes problemas dos EUA. Problemas de impostos, a questão dos gays e das minorias sexuais, armas...
A IRA foi criada em 2013 principalmente para criticar os adversários políticos de Vladimir Putin através de perfis falsos nas redes sociais — os trolls que trabalham no órgão recebem remuneração pelo serviço prestado ao país. A divisão da IRA que assistiu House of Cards estava incumbida de publicar mensagens que inflamassem os comentários nos sites de grandes veículos de comunicação como o The Washington Post e o New York Times.
Isikoff explica que talvez a IRA não soubesse exatamente o impacto que a ação teria e que não é possível mensurar o quanto ela de fato funcionou, mas que é interessante notar até que ponto o governo russo estava disposto a ir para melhorar a imagem de Donald Trump e denegrir a campanha de Hillary Clinton. O repórter explica que a série foi escolhida provavelmente por ser uma caricatura da política dos EUA ao mesmo tempo em que lembra alguns fatos vistos nos noticiários russos, como o assassinato de inimigos políticos e jornalistas.
Não seria a primeira vez que uma série traria impactos ao mundo real. Nos idos de 2007, o grupo de advocacia Humans Rights First apontou que programas como 24 Horas e Lost estavam aumentando o índice de torturas por parte do exército americano em bases no Iraque, com os soldados imitando métodos vistos na TV.