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Garotos Detetives Mortos traz charme e juventude a cantinho próprio de Sandman | Crítica
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Garotos Detetives Mortos traz charme e juventude a cantinho próprio de Sandman | Crítica

Série baseada na obra de Neil Gaiman supera jornada conturbada apostando em carisma

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
25.abr.24 às 10h00
Atualizado há cerca de 1 ano
Garotos Detetives Mortos traz charme e juventude a cantinho próprio de Sandman | Crítica
(Netflix/Divulgação)

Dizer que os Garotos Detetives Mortos tiveram um caminho, no mínimo, tortuoso até chegar à Netflix é bondade. Saídos das páginas dos quadrinhos de Neil Gaiman, os investigadores debutaram em live-action com uma participação em Doom Patrol, ou Patrulha do Destino, da finada HBO Max. O interesse rendeu a encomenda de um projeto próprio dos Garotos (com um elenco diferente da série anterior), que também iria para o serviço da Warner. Porém, o projeto mudou e foi vendido ao streaming vermelho, onde encontrou seu lugar como um derivado de Sandman.

Se o troca-troca já seria o suficiente para levantar suspeitas sobre o potencial da trama, a conexão originalmente não planejada com a principal adaptação da obra-prima de Gaiman seria um alerta ainda maior. Graças aos Perpétuos, estar errado tem suas vantagens, pois Garotos Detetives Mortos conquista seu próprio lugar com diversão juvenil e um irresistível charme britânico que é o puro suco de Neil Gaiman.

A trama acompanha Edwin Paine (George Rexstrew) e Charles Rowland (Jayden Revri). Como o título indica, os dois já passaram dessa para uma melhor há décadas. Ou, ao menos, deveriam, já que, mesmo mortos, seus fantasmas continuam na Terra, onde resolvem ganhar a vida tocando investigações sobrenaturais dos mais variados tipos.

De cara, a série acerta na química entre Rexstrew e Revri, o que surpreende, considerando que estes são os primeiros papéis de destaque do duo. O primeiro encarna uma espécie de “Sheldon Cooper do além”. Como o personagem de The Big Bang Theory, ele é um gênio em todas as áreas possíveis da ciência, menos nas relações sociais. Já Revri entrega a Charles Rowland a aura de “bad boy com um bom coração”, formando uma relação tanto antagônica como complementar, e até por isso, envolvente.

Sim, duplas de detetives estão entre os artifícios mais manjados da ficção, mas, se você não tem a obrigação de reinventar a roda, por que não se divertir bastante enquanto caça monstros?

George Rexstrew e Jayden Revri encabeçam a investigação. Crédito: Netflix/Divulgação

Nesse aspecto, Garotos Detetives Mortos traz sua dose de apelo ao público jovem. Desde a linguagem visual até a montagem frenética, com cortes rápidos e um constante senso de urgência, a série é feita sob medida para os vinte segundos de capacidade de atenção entre uma rolagem no TikTok. Antes que o caro leitor me acuse de velho (o que, para alguns, é pior do que xingar a mãe), perceba que nada do que foi citado acima chega de forma negativa, por dois motivos bem particulares.

Primeiro, porque a trama é divertida demais. E isso não é exagero. Os oito episódios voam em um formato de “caso da semana”, e não têm vergonha de levar o absurdo ao máximo e além. Pelo caminho de Charles e Edwin, há fantasmas, monstros e até uma divertida visão sobre a tremenda burocracia que é simplesmente morrer.

Segundo, e mais importante, Garotos Detetives Mortos entende que ser jovem não é sinônimo de ser burro. E aqui entramos na dinâmica mais interessante do projeto, já que, por baixo de toda a capa sobrenatural, a trama revela aos poucos um delicado conto de descoberta e autoaceitação, sem um pingo de cinismo ou condescendência.

Encabeçado por Steve Yockey (The Flight Attendant), o roteiro evita armadilhas comuns em produções feitas por adultos imaginando como adolescentes se comportam. Os clichês da chegada da maturidade, a sexualidade e outras questões são abordadas, mas com uma dose de sinceridade que não cai no óbvio.

Há, por exemplo, o conflito de, apesar de seguirem existindo há décadas, Charles e Edwin ainda serem adolescentes, com tudo de bom e de ruim que isso traz. Até mesmo o abismo geracional entre os dois (Charles é uma cria da década de 1980, enquanto Edwin morreu em 1916) é o mote para tensões que nascem da própria relação de amizade entre a dupla, e a descoberta de que o carinho mútuo pode esconder até um grau de paixão.

Sobra espaço até para coadjuvantes como a telepata Crystal (Kassius Nelson) e a divertida Niko (Yuyu Kitamura), que conseguem dar tridimensionalidade às suas personagens além dos caprichos da dupla protagonista, com dramas próprios, embora não haja dúvidas de que a relação de Edwin e Charles é mesmo o enorme coração da série.

Série encontra espaço para drama entre um mistério e outro. Crédito: Netflix/Divulgação

É auspicioso que a trama sobre dois meninos encontrando seu lugar no mundo tenha, no mundo real, ela mesma lutado para encontrar seu lugar no mundo. Não há dúvidas de que este universo é o mesmo habitado por figuras como Morpheus, a Morte e outras figuras de Sandman, mas mesmo vivendo de aluguel na casa de outros, os Garotos Detetives Mortos conseguem decorar seu próprio cantinho com uma personalidade única.

Garotos Detetives Mortos chega à Netflix em 25 de abril, com todos os episódios. Aproveite e conheça todas as redes sociais do NerdBunker, entre em nosso grupo do Telegram e mais - acesse e confira.

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