Desde que chegou aos cinemas pela primeira vez em 1977, a franquia Star Wars tem uma grande dependência da família Skywalker. Ainda que tenha ido para outros caminhos em animações, livros e quadrinhos, a saga nos cinemas e TV tem se voltado constantemente para Luke, Leia, seus antepassados e descendentes. Exatamente por isso, há curiosidade em um lançamento como Andor, que se propõe a contar uma história diferente dentro da franquia.
A nova série do Disney+ tem Diego Luna no papel principal e busca mostrar bastidores da Aliança Rebelde e do Império, cinco anos antes de Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança. Essa tarefa se mostra desafiadora logo no início, já que os quatro primeiros episódios de Andor se esforçam para mostrar algo novo e interessante, mas não atingem todo o potencial proposto pela série.
Logo no começo, a trama estabelece que Cassian é um protagonista falho e muito humano, algo que gera uma empatia imediata. A atuação de Luna contribui para isso, ressaltando como o jovem, inicialmente, não estava preocupado com os grandes problemas da galáxia e queria apenas sobreviver e encontrar uma pessoa querida. Ainda que tenha seus pontos interessantes, tal premissa já foi explorada outras vezes em Star Wars, o que dá a ideia de que Andor está contando uma história repetida, mas com outros personagens. O incômodo gerado por essa sensação é imenso, justamente porque a produção busca ser algo diferente dentro da franquia.
Falando sobre a Aliança Rebelde, nenhum ponto mostrado nos quatro primeiros capítulos é inédito para quem é fã de Star Wars. Ainda que as duas primeiras trilogias tenham focado nas grandes batalhas, o universo criado por George Lucas já expandiu a atuação dos Rebeldes e da Resistência nos bastidores, o que torna a apresentação em Andor um pouco mais do mesmo. Já sobre o Império, há um bom trabalho ao criar a sensação de perigo constante na galáxia, embora o papel dos vilões, inclusive político, não seja muito explorado no começo da série.

Apostando em um visual que remete ao cyberpunk, fica claro que Tony Gilroy, criador da série, quis dar um ar mais maduro para a história de Cassian, mesclando sua busca atual por sobrevivência com uma infância que parece guardar diversos segredos. É como se o protagonista estivesse fugindo de algo que ainda não foi detalhado, o que resultou em um trauma que o persegue até os dias atuais. No entanto, tais pontos narrativos não são desenvolvidos de uma forma realmente instigante.
Parte desse sentimento existe também pelo futuro do personagem já estar consolidado em Rogue One: Uma História Star Wars (2016). Logo, poucos perigos mostrados em Andor soam reais, já que sabemos que o protagonista ficará vivo até a próxima aventura. Exatamente por isso, há um questionamento de por que a história de Andor foi a escolhida para ganhar uma série solo. Com tantas possibilidades dentro do universo de Star Wars, os primeiros quatro episódios da série não deixam claro o que há de realmente inédito para mostrar aqui.
Apesar destes pontos negativos, é importante ressaltar que a Disney está fazendo uma aposta de longo prazo em Andor, o que pode justificar o começo mais lento da série. Com 12 capítulos em seu primeiro ano e já renovada para a segunda temporada, ainda há espaço para que a série coloque em jogo toda maturidade e ineditismo prometidos em sua sinopse. Porém, com experiências recentes como O Livro de Boba Fett (2021) e o próprio Episódio IX (2019), não é surpresa que se o fã de Star Wars começar a assistir esta nova série com uma pontinha de cautela.
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Andor ganha novos episódios às quartas-feiras, no Disney+.