)
Se você zapeou pela Netflix nos últimos meses, é bem provável que tenha se deparado com o nome e a obra de Edgar Allan Poe em pelo menos dois sucessos recentes.
Autor de clássicos da literatura macabra como O Corvo e O Poço e o Pêndulo, o poeta e escritor segue cultuado quase dois séculos após sua morte, embalando os pesadelos de muitos leitores pelo mundo. Além de dar nome à escola para excluídos Nunca Mais, de Wandinha (2022), o próprio autor virou personagem em O Pálido Olho Azul, filme lançado em janeiro, que põe Poe (desculpem) como um jovem militar em uma investigação sinistra.
- O Pálido Olho Azul, filme sobre Edgar Allan Poe, está disponível na Netflix
- O Pálido Olho Azul: O que é real e o que é ficção no filme da Netflix com Edgar Allan Poe
A aposta deu resultado, já que Wandinha dominou o top 10 de séries mais vistas da plataforma por semanas, e O Pálido Olho Azul estreou também no top 1 de filmes do streaming. Se toda a atmosfera sombria e intrigante dos dois projetos te deixaram querendo mais, os contos, histórias e livros de Edgar Allan Poe guardam ainda mais mistérios esperando para serem desvendados. Mas por onde começar a entender o autor, sem nunca ter lido qualquer obra?
Os clássicos
Poe viveu entre 1809 e 1849 e escreveu muito durante os curtos 40 anos de vida. São dezenas de poemas, contos, peças, estudos, livros e coletâneas, capazes de deixar qualquer um desnorteado. Se você prefere começar pelo caminho mais clássico, o poema O Corvo dá o tom do que você pode esperar.
Adaptado e referenciado em diversas mídias (o "Nunca Mais" de Wandinha vem de O Corvo), o texto trata de um homem quebrado pela perda da mulher amada, visitado por um imenso corvo negro que, bem, melhor nem dar spoiler. Basta dizer que há uma boa razão para o poema ser, de longe, a obra mais reconhecida de Poe. Justamente por englobar vários dos temas que se espalham por outros trabalhos do autor em um só, O Corvo é Edgar Allan Poe em seu estado mais puro e sinistro.
No Brasil, as duas traduções mais famosas do poema vieram de Machado de Assis, em 1883, e a de Fernando Pessoa, em 1924. Se você nos permite a recomendação, vale a leitura das duas e ainda o original em inglês. Mesmo tratando-se, em essência, do mesmo texto, Assis e Pessoa criam as próprias adaptações para as rimas da prosa original, e deixam uma marca própria na trevosidade de Poe.
O autor mistura causos sobrenaturais com histórias de crime e vingança em outras histórias famosos como O Gato Preto, O Barril de Amontillado, A Máscara da Morte Rubra e A Queda da Casa de Usher. A maioria dos contos é reunida em coletâneas, e como a obra de Poe já se encontra em domínio público, você encontrará as mais variadas versões em lojas e livrarias. As obras citadas acima foram reunidas em dois volumes na coleção Medo Clássico, da editora Darkside. Um volume de bolso chamado Histórias Extraordinárias também dá um bom panorama das histórias mais clássicas do autor. Os três títulos estão à venda pelo link. Caso adquira, o Jovem Nerd pode ganhar comissão.
Poe detetive
Nem só de terror viveu Edgar Allan Poe, e a influência do autor está em lugares que você talvez nem imagina. O escritor é creditado por inventar o gênero de histórias de detetive com o herói Auguste Dupin. Para se ter noção, o investigador precede Sherlock Holmes em quase quatro décadas, e já vivia aventuras e crimes misteriosos nos anos 1840. O detetive aparece pela primeira vez em Os Assassinatos da Rua Morgue. O título também é leitura essencial da obra de Poe, e pode ser encontrado tanto em versão única quanto em coleções com mais contos.
Dupin em ilustração de A Carta RoubadaPoe para ver e ouvir
A obra de Edgar Allan Poe ganhou diversas adaptações para o cinema ao longo dos anos. As mais famosas são as da década de 1960, com o astro Vincent Price. Você talvez o reconheça como a voz cavernosa de "Thriller", do Michael Jackson, ou como o pai do Edward em Edward Mãos-de-Tesoura (1990). Mestre do terror, o ator acabou como um dos rostos mais associados à obra de Poe.
Títulos como O Corvo (1963), O Poço e o Pêndulo (1961) e Muralhas do Pavor (1962) recriam com fidelidade a ambientação soturna das histórias e podem ser uma pedida para os novatos no gênero. Como é o caso com muitas produções antigas, os longas não estão disponíveis para streaming. Os volumes foram reunidos em DVD na coleção Edgar Allan Poe no Cinema, da distribuidora Versátil.
Vincent Price (à direita) tornou-se um dos rostos da obra de Poe nas telasSe você preferir assistir a um mistério com o próprio Poe, John Cusack vive o escritor em O Corvo (2012), disponível no HBO Max. O longa explora os últimos dias da vida do autor, e o joga em meio à perseguição por um serial killer. Embora ficcional, a trama adapta situações reais envolvendo a misteriosa morte do poeta.
A premissa similar é abordada em O Pálido Olho Azul, estreia da Netflix. Aqui, Poe é vivido por Harry Melling, nos anos de jovem militar. O escritor é recrutado por um detetive (Christian Bale) para solucionar crimes grotescos na própria Academia.
Os livros, contos e filmes dão um panorama da obra de Edgar Allan Poe e explicam por que o autor segue cultuado e presente como uma forte influência até no terror moderno. Das tramas detetivescas aos casos de amor violento, a bibliografia de Poe segue redescoberta e adaptada, ao ponto de não ser esquecida “nunca mais”. Só tenha muito, mas muito cuidado se depois de ler e assistir a tudo, você ouvir algum corvo bicando aos seus umbrais.
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)