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Zelda: Tears of the Kingdom engrandece o que Breath of the Wild começou | Review
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Zelda: Tears of the Kingdom engrandece o que Breath of the Wild começou | Review

Sequência é um belíssimo mergulho em queda livre no conceito de liberdade e nas lendas da franquia

Tayná Garcia
Tayná Garcia
11.mai.23 às 09h00
Atualizado há quase 2 anos
Zelda: Tears of the Kingdom engrandece o que Breath of the Wild começou | Review
Zelda: Tears of the Kingdom/Nintendo/Divulgação

É inegável que Breath of the Wild não marcou apenas a franquia The Legend of Zelda em 2017, mas toda a indústria. Mesmo após seis anos, a comunidade sempre volta a falar e debater sobre os feitos do jogo ou a criatividade mirabolante dos jogadores. É raro uma obra causar todo este efeito e, não à toa, a sequência Tears of the Kingdom se tornou um dos lançamentos mais esperados da década logo de imediato.

Entre linhas temporais e multiversos, Zelda não é uma franquia tão chegada em sequências diretas, optando por títulos que se entrelaçam indiretamente – e com base em muitas teorias. Como era de se esperar, as expectativas pelo novo capítulo estavam altas, com a curiosidade do que a Nintendo faria para dar continuidade à história e, principalmente, ao gigantesco mundo aberto de Hyrule Kingdom.

Para a minha surpresa como fã, o jogo é um mergulho em queda livre no que tornou Breath of the Wild tão aclamado, apresentando uma evolução natural de conceitos, mecânicas e até mesmo de trama. No entanto, o mais importante para mim foi como Tears of the Kingdom me lembrou o porquê Zelda é minha franquia favorita desde a infância até hoje.

Fluxo de novos tempos

Zelda: Tears of the Kingdom é ambientado poucos anos após os acontecimentos de Breath of the Wild, quando uma figura misteriosa é despertada nas ruínas do castelo de Hyrule, reacendendo o caos no reino. Com este contexto, somos apresentados a um mundo aberto com novos perigos em regiões familiares, além de camadas mais profundas (e empolgantes) da história do universo que foi iniciado em BotW.

Esqueça o que você aprendeu no primeiro jogo, Link é enfraquecido no início de Tears of the Kingdom e temos praticamente um recomeço de tudo (Imagem: Nintendo/Captura de tela)

Não é segredo que a tal figura misteriosa é Ganondorf, a forma mais conhecida do principal antagonista da saga, o Demon King. Com o icônico vilão em mãos, TotK aprofunda diversos conceitos da clássica lenda de Zelda para além da Calamidade – abrindo espaço, mais uma vez, para algo que os fãs amam: teorias.

Toda a história é contada em missões ramificadas e interligadas, em que você decide a ordem e há muito a ser descoberto. Assim, a narrativa é como um quebra-cabeça que costura mistérios durante toda a jornada, deixando o jogador motivado a encontrar todas as peças restantes. Com, é claro, muitas distrações no caminho (o que falaremos mais adiante).

Apesar dos arcos da Calamidade e Divine Beasts terem sido um novidade bem-vinda em BotW, é reconfortante sentir que Tears retoma raízes mais profundas da franquia sem perder aquilo que o torna único diante de outros games da saga. Pelo contrário, o jogo consegue ser ainda mais único do que seu antecessor – e não apenas em termos de narrativa, mas também gameplay.

É perigoso ir sozinho, leve tudo isso!

Com o despertar de Ganondorf, Zelda desaparece e muitos inimigos invadem Hyrule mais uma vez. As principais áreas do reino voltam a ter problemas, e resta a Link ajudá-los enquanto busca por pistas do paradeiro da princesa. Assim como a história, a base do mundo aberto é a mesma e transmite uma sensação familiar, mas há uma expansão significativa daquilo que conhecemos. O reino, agora, apresenta três “camadas” que podem ser exploradas: a superfície, as ilhas flutuantes e as profundezas.

Cada região é bem única e, além de contar com diferentes climas e biomas, também apresentam “obstáculos” diferentes. As profundezas, por exemplo, são totalmente escuras e têm uma gosma que enfraquece humanos, e os céus têm uma movimentação mais limitada e exigem destreza do jogador.

Os Shrines estão presentes e servem como pontos de viagem rápida sem restrição. Você ainda pode alternar entre as “camadas” a qualquer momento, a qualquer lugar (Imagem: Nintendo/Captura de tela)

Como era de se esperar, há muito a ser descoberto em Tears of the Kingdom. Tarefas esporádicas, missões secundárias, dragões de três cabeças, mini chefes opcionais, encontros com NPCs inusitados, pequenas cidades e dungeons escondidas são apenas alguns exemplos do que pode ser encontrado nesta nova versão de Hyrule. Zelda terá que me perdoar, mas a sensação de se distrair da história principal e se perder pelo reino continua sendo algo único e irresistível, uma vez que todo lugar parece bem pensado e com algo interessante a ser descoberto.

O que torna o mundo aberto realmente especial é o conjunto de habilidades de Link que dita uma dinâmica totalmente diferente na exploração. Breath of the Wild já oferecia recursos que instigavam a criatividade do jogador, mas a sequência apresenta quatro mecânicas que dão uma nova definição para liberdade. Fuse e Ultrahand, por exemplo, são habilidades que possibilitam combinar itens, armas e até comida para criar uma ferramenta útil. Com isso, o jogo oferece inúmeras possibilidades e soluções para uma ação, seja no meio do combate ou de um quebra-cabeça de ambiente.

Crie uma flecha explosiva com frutas, monte um foguete portátil no escudo, construa mini aviões controláveis, fortaleça espadas com sopradores de fogo. “Por que não?” foi a pergunta que mais apareceu na minha mente ao explorar, me incentivando a testar novas combinações. E, para minha surpresa, minhas gambiarras (movidas por pura intuição) sempre deram resultados interessantes. Assim, tudo depende da sua vontade e criatividade em TotK.

Gambiarras funcionam! Só faltava legenda em português para o brasileiro se sentir em casa em TotK (Imagem: Nintendo/Captura de tela)

Além de habilidades de fusão, Recall faz com que objetos regressem no tempo, o que possibilita que você mude a trajetória de estruturas e até itens. Lançou uma espada para longe sem querer? Pare o tempo e faça ela voltar na mesma hora. Ascend, a mecânica de atravessar o teto, é útil principalmente durante a exploração. Entrar em uma caverna e sair pelo teto em segundos é algo que me deixou extremamente mal acostumada.

As mecânicas também são primordiais nos desafios dos Shrines (que, sim, estão de volta com mais quebra-cabeças de ambiente) e nos Templos. Esqueça as Divine Beasts, Tears retoma a fórmula clássica ligada aos Sages da lenda de Zelda. Os designs dos locais, no entanto, são bem simples, o que faz com que sejam curtos até demais, deixando um gostinho de "quero mais”, o que pode ser uma faca de dois gumes.

Com isso, os melhores momentos dos templos ficam para as lutas contra os chefões e a habilidade que Link ganha ao derrotá-los. Finalizar um deles recompensa o protagonista com uma espécie de NPC acompanhante: um “fantasma” do Sage que o acompanha pela jornada dali em diante. Isso é algo que mexe não apenas com gameplay, mas conversa diretamente com a narrativa. Tears of the Kingdom faz com que você sinta na prática que os Sages emprestaram seus poderes para Link – e isso, para um fã de longa data, significa muito!

Tulin crescido e pronto para ajudar Link, assim como seu pai Teba em BotW, é de aquecer o coração de qualquer fã! (Imagem: Nintendo/Captura de tela)

Como é comum em jogos de Zelda, a trilha sonora de TotK é poderosa e embala a aventura e seus mistérios, com espaço para rearranjos de temas clássicos que mexem com o jogador. Durante a exploração dos Templos e do castelo de Hyrule, ainda é possível perceber que as músicas contam com leves falhas e trechos ao contrário, mostrando que há algo de errado ali e estabelecendo um clima inquietante.

Esteticamente nostálgico e deslumbrante, o jogo mantém o mesmo aspecto visual com pegada cartunesca, mas as cores aparecem mais vivas e brilhantes, o que resulta em um mundo aberto ainda mais chamativo e detalhista. A performance quase acompanha a mesma qualidade, com leves quedas de frames em poucas áreas com muita informação ao mesmo tempo, como o Templo da Água (que, como de praxe na franquia, é o mais parrudo). Mas até mesmo dar um mergulho em queda livre do céu não gera problemas de desempenho ou gráficos, o que mostra a boa otimização do game.

Chorinho (de alegria) do reino

Percebendo que o maior feito de Breath of the Wild era a liberdade, a Nintendo decidiu testar um passo adiante com Tears of the Kingdom – e acertou em cheio.

É uma sequência que passa uma sensação familiar pela estrutura, mas não deixa de provar que é uma evolução natural da essência do seu antecessor. Além de entregar uma história que surpreende, emociona e até assusta em alguns momentos, flertando com viagem no tempo e linhas temporais, dando pano para muitas teorias.

Fica o aviso: preparem-se para Ganondorf... (Imagem: Nintendo/Captura de tela)

Tudo o que sempre me fez amar Zelda está presente em Tears of the Kingdom, tanto pelos quesitos mais nostálgicos quanto pela facilidade da trama em se reinventar. É uma sequência e uma aventura indispensável para fãs da franquia ou de mundo aberto – além de ser uma prova do porquê Zelda é uma franquia com 37 anos de existência e não está nem perto de acabar.


Esta review foi feita com uma cópia cedida pela Nintendo.

The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom será lançado exclusivamente para Nintendo Switch no dia 12 de maio.

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