O universo de The Witcher teve início nos contos e livros do escritor polonês Andrzej Sapkowski, e não demorou para ser expandido em jogos, filmes, séries… e, agora, no mundo mobile!
Apesar de Gwent já existir há algum tempo para dispositivos móveis, é The Witcher: Monster Slayer que assume a tarefa de ser o primeiro a transportar a arte de ser um bruxo para os celulares — prometendo tornar você em um.
O jogo é gratuito e em realidade aumentada, ou seja, você usa sua movimentação e localização da vida real e a câmera do celular para realizar missões, analisar pistas e aniquilar monstros.
Para entender como é na prática, testamos (e muito) o título e ainda conversamos com a roteirista Nadia Gasik e o programador Łukasz Kobryn, do estúdio Spokko, que comentaram sobre o futuro do game.
Um bruxo de bolso (ou quase isso)
Monster Slayer é regido por uma história original, que se passa décadas antes do nascimento de Geralt de Rívia e da maioria dos personagens mais conhecidos da franquia.
Mas isso não quer dizer que não podemos encontrar rostos familiares, afinal “o universo de The Witcher é cheio de possibilidades, com raças e criaturas de expectativa de vida prolongada [...] e magia”, conforme explica Gasik ao NerdBunker.
Aqui, o jogador é o foco. Você cria seu próprio personagem (mesmo com poucas opções de customização), escolhe um nome e segue o Caminho dos bruxos, explorando localizações determinadas pelo jogo na vida real para realizar contratos e missões que fazem a história avançar.
A trama é contada em Temporadas, que serão lançadas com o tempo. Os desenvolvedores já adiantaram que as próximas duas estão planejadas, e a primeira será lançada entre setembro e dezembro — dando uma mexida na estrutura do game, com novos monstros, missões e personagens.
Além da campanha principal, também é possível apenas vagar para encontrar pontos de interesse e monstros aleatórios, conseguindo XP, moedas e espólios variados.

O combate é um sistema fácil de ser aprendido, mas difícil de ser dominado. Ele consiste em arrastar o dedo pela tela para dar ataques rápidos e fortes, clicar para aparar golpes e desenhar os símbolos dos sinais para acioná-los. Além de poder usar bombas e carregar uma barra de adrenalina, que gera um golpe crítico especial.
As lutas ainda contam com mecânicas de auxílio, que consistem em escolher a espada correta e poções e óleos eficazes contra as fraquezas de cada monstro. Para descobrir isso, há um bestiário com informações que pode ser consultado a qualquer momento.
O resultado de tudo isso é uma dinâmica divertida que, em poucas jogadas, mostra que não é só rabiscar com o dedo para derrotar um inimigo. É preciso ficar atento aos pontos fracos e realizar seus ataques com rapidez e esperteza.
Para melhorar o poder de seus golpes, ainda há uma árvore de habilidades, que intensifica os poderes de ataque, sinais e alquimia.
“É um RPG, então nos concentramos em combate baseado em habilidades e no desenvolvimento de personagens para garantir que Monster Slayer seja um jogo de The Witcher, além de oferecer uma experiência envolvente enquanto você caça monstros no mundo real”, explica Kobryn.
As missões e as lutas aleatórias dão muitos ingredientes. Tanto que, em poucas horas, já me vi com um inventário lotado de ervas, crânios de vampiros e olhos de ogroides.
Para poder esvaziar sua bolsa, é preciso criar bombas, poções e óleos com alquimia para poder usá-los em batalhas futuras — só que, como todo bom jogo mobile, cada item precisa de um tempo para ser criado, que pode levar minutos ou até horas.
Já as moedas obtidas em contratos e confrontos servem para comprar na loja digital, que oferece desde bolsas para aumentar o inventário a espadas de aço e prata e armaduras. São atualizações importantes, que melhoram as chances de vitória, mas que são caras, então é preciso suar para economizar o suficiente — ou, se preferir, recorrer ao cartão de crédito. No entanto, as microtransações param por aí.
Uma experiência diferente, mas ainda não ideal
Na teoria, a proposta de Monster Slayer é oferecer uma experiência diferente e inédita dentro do universo The Witcher, com sistemas simples, mas empolgantes.
A ideia da sua localização, do horário do dia e de como está o clima afetarem nos tipos de monstros e missões que podem aparecer é muito divertida e abre várias possibilidades.
No entanto, há alguns problemas na prática que dificultam e até podem impedir que seja possível jogar da forma que os desenvolvedores pensaram para o projeto.
Como a localização das missões é gerada aleatoriamente e é preciso ir até determinado lugar para fazer as tarefas, as chances de cair em um local inacessível — seja por motivos de deslocamento ou até segurança — é grande.
Há a opção de realocar a missão, mas só se o jogo considerar que você está longe do objetivo. Eu, por exemplo, tentei mudar o local de uma tarefa que estava a dois mil metros de distância e não foi possível, porque eu estava “perto demais”.
Outro fator que complica a experiência é a velocidade de locomoção do personagem no jogo. Ele só anda se o jogador andar na vida real, é claro. Mas é preciso dar muitos (acredite, muitos mesmo) passos para fazer o bruxo andar um pouco.
A velocidade do personagem só é satisfatória com a ajuda de um carro, o que requer mais uma pessoa (e mais tempo livre) para poder caçar uns monstrinhos.
Mas testamos o jogo antes do lançamento, o que significa que ainda está para receber feedback de jogadores do mundo inteiro. Então a chance desses sistemas serem ajustados com atualizações futuras é grande, uma vez que os desenvolvedores reforçaram que estão de olho nos pedidos dos fãs.

Apesar das complicações, o game realmente consegue passar a sensação de transformar o jogador em um bruxo. Se deparar com monstros o tempo todo, ganhar poucas moedas, encontrar pessoas duvidosas — Geralt passa muito por tudo isso!
E é uma experiência para fãs da franquia. É difícil jogar sem saber muito sobre esse universo, uma vez que nada da mitologia de The Witcher é explicado ou aprofundado, o que não é algo necessariamente ruim, mas deixará jogadores “novos” bem confusos.
Monster Slayer é um jogo divertido e simples, dentro de seu escopo pensado para dispositivos móveis, com sua ideia principal funcionando muito bem. Há potencial para o projeto ser aperfeiçoado com o tempo e espaço quase ilimitado para novas histórias e eventos, o que tornará o projeto em uma experiência duradoura para os fãs. Ainda mais sendo totalmente de graça!
The Witcher: Monster Slayer está disponível gratuitamente para iOS e Android.