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Star Wars Battlefront II | Review
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Star Wars Battlefront II | Review

Um jogo cheio de problemas sob uma carcaça bonita

Jefferson Sato
Jefferson Sato
27.nov.17 às 17h28
Atualizado há cerca de 1 ano
Star Wars Battlefront II | Review

Assim como muitos fãs de Star Wars, estou aguardando por um bom jogo da franquia há vários anos. O primeiro Battlefront da Electronic Arts e da DICE tinha uma boa premissa, mas acabou sendo vítima de diversas escolhas ruins. Agora a sequência finalmente chega prometendo mundos e fundos... Meses atrás, no entanto, antes mesmo de ser lançado, o título já era alvo de polêmicas. E com razão.

Não há o que discutir: as microtransações chegaram para ficar nos games, porque, independentemente do quanto os jogadores reclamem, a parcela que continua financiando a prática tem uma influência muito maior. No caso de Star Wars Battlefront II, este modelo foi um pouco longe demais, exigindo uma dedicação excepcional do usuário para desbloquear itens e personagens – a menos que comprassem tudo com dinheiro real.

Na véspera do lançamento, a EA fez modificações, diminuiu o custo de diversos personagens e desligou temporariamente as microtransações, prometendo reformular o sistema de progressão no futuro. Até o momento de publicação deste review, nada mais foi falado sobre o assunto. No entanto, a verdade é que isso sequer começou a solucionar os problemas do título. A ganância do lado negro da Força falou mais alto.

Não pode ser...

Iden Versio, comandante e desnecessária

Durante todo o período, desde o anúncio até o lançamento, o que mais chamou a atenção em Star Wars Battlefront II foi o fato de, finalmente, contar com uma campanha single-player, algo muito pedido pelos fãs. Não apenas isso, o roteiro ficaria por conta de Walt Williams, conhecido pela excelente história de Spec Ops: The Line.

Tudo parecia ainda mais promissor, já que a história contaria com uma heroína do lado “do mal”, Iden Versio, comandante do Esquadrão Inferno, como são chamadas as forças especiais do Império. Parecia que veríamos uma história com outra perspectiva. No entanto, toda esta expectativa foi para nada.

A trama começa nos momentos finais de O Retorno de Jedi, com a segunda Estrela da Morte destruída e o Imperador Palpatine é morto. Antes, no entanto, ele deixou ordens para o Esquadrão Inferno que poderiam acabar de vez com a Rebelião, mesmo depois de sua queda.

 

Não vou entrar em detalhes para evitar spoilers, mas você não controla apenas Iden Versio na campanha, também assumindo o papel de personagens conhecidos em determinadas passagens. Isso resulta em uma campanha desconexa cheia de momentos para agradar os fãs, mas que atrapalham o fluxo da narrativa.

Todo o desenvolvimento de Iden, que tinha tudo para ser uma personagem interessantíssima, é deixado de lado por estes trechos soltos. O que devia ser uma emocionante saga que conecta O Retorno de Jedi com O Despertar da Força acaba se tornando só mais uma história desnecessária que por acaso se passa no universo de Star Wars. Isso sem falar no fato de que a trama não tem fim e a continuação será lançada posteriormente como um DLC gratuito. A sensação é a de comprar um jogo incompleto e que custou caro.

Os problemas estão só começando

Tudo bem, podemos relevar estes tropeços anteriores, já que a desenvolvedora DICE é mais conhecida pelo seu robusto multiplayer, como visto na franquia Battlefield. Pelo menos isso se sustenta?

Não.

O multiplayer conta com cinco modalidades diferentes. A principal é o Ataque Galáctico, para até 40 jogadores simultâneos. Aqui, as batalhas acontecem em grande escala em diferentes períodos da cronologia de Star Wars, sejam as Guerras Clônicas, o conflito entre a Rebelião e o Império ou a oposição entre a Resistência e a Primeira Ordem.

No Ataque com Caças Estelares, as partidas são todas realizadas em naves espaciais com até 24 pessoas em um esquema que me lembrou um pouco o clássico Rogue Squadron. Infelizmente não tem uma grande variação de cenário e senti que ficou cansativo bem rápido.

Em Heróis vs Vilões, duas equipes de quatro jogadores escolhem personagens clássicos e se enfrentam em partidas onde o objetivo é eliminar o alvo do time adversário, selecionado aleatoriamente. É um modo divertido para quem quer fugir da mesmice.

Em Ataque, 16 pessoas se enfrentam para realizar diferentes objetivos, parecendo uma versão menor do Ataque Galáctico. Por fim, o modo Batalha é para quem está buscando eliminações e combates rápidos.

O Ataque Galáctico foi o modo que mais gostei e realmente me diverti nas partidas, apesar dos problemas. Há uma boa variedade de cenários, cada um dividido em várias fases. Em casa estágio, o time de ataque precisa realizar objetivos como capturar um local ou plantar e explodir uma bomba. Ao concluir, o local da batalha muda, assim como os objetivos. A partida termina quando a equipe de ataque concluir todas as missões ou quando a equipe de defesa eliminar uma determinada quantidade de soldados adversários.

DEFENDE, PELO AMOR DE DEUS!

Nas partidas, podemos escolher quatro classes diferentes de soldados — um sistema parecido com o de Battlefield — que podem ser customizados com melhorias e habilidades. Conforme acumulamos pontos no combate, podemos gastá-los para usar soldados especiais, veículos ou até personagens icônicos como Darth Vader e Luke Skywalker, que podem mudar o rumo da batalha.

Infelizmente, a seleção de personagens icônicos é um pouco fraca. Temos diversos clássicos, claro, mas por que não Finn, Poe, Phasma, Conde Dooku ou Mace Windu? Mas nós temos o Bossk... Ele é legal de usar, para ser sincero, mas sério mesmo que era a melhor escolha, ainda mais com o novo filme prestes a sair? É provável que eles sejam lançados no futuro como DLC, mas senti que fizeram falta, dando ainda mais a ideia de ser um jogo incompleto.

É também com os heróis e vilões que começa outro problema. É possível comprar os personagens diretamente, mas isso exige uma quantidade alta de créditos, que são obtidos ao jogar partidas. No momento, a quantidade recompensada é muito baixa, o que significa que é necessário um bom tempo dedicado para desbloqueá-los.

Já os Star Cards, que são as melhorias ou novas habilidades para soldados e personagens, vêm em caixas com prêmios aleatórios – e inclusive podem vir repetidos. Estas caixas também custam créditos e não são muito baratas, então além de dinheiro é preciso paciência para achar o que você quer. A variedade de armas dos soldados comuns é bem pequena e habilitar novos modelos também demora muito.

As famigeradas loot boxes

Para se ter uma ideia, durante uma semana desbloqueei boa parte dos heróis, mas isso significa que me dediquei apenas a eles e não gastei os créditos com mais nada. Não pude comprar nenhuma das caixas de soldados comuns, então fui obrigado a me manter jogando com o mesmo estilo em todas as partidas. Sem contar que tinha desvantagem contra alguns inimigos melhor equipados.

Desbloquear tudo em Battlefront II exige um tempo absurdo. A verdade é que, no modelo atual, quando o jogador finalmente tiver tudo o que quer, ele provavelmente já estará enjoado demais para se importar com o que ganhou de novo — que nem é tão interessante assim.

Também não ajuda o fato de não podermos escolher servidores com configurações que nos agradem, como em Battlefield. As partidas são selecionadas automaticamente, assim como os mapas. Isso significa muitas vezes jogar em servidores mais instáveis e em cenários que você não gosta.

Isso sem falar que diversas vezes eu me encontrei em um determinado servidor e depois, graças ao sistema automático, fui colocado em uma outra instância sem jogadores o suficiente para iniciar uma partida. Minha recompensa por me dedicar é ficar sem jogar, me forçando a buscar outra coisa para fazer. Que ideia fantástica!

Para quem tem paciência, existe ainda um segundo modo single-player chamado Arcade, no qual o objetivo é enfrentar hordas de inimigos com situações e personagens pré-definidos. Também é possível personalizar estes cenários com heróis jogáveis, quantidades de adversários e mais, mas é um modo sem graça e que não dá muitos motivos para ser jogado.

Faça ou não faça, tentativa não há

Battlefront II é um jogo visualmente lindo e que tinha potencial para ser um verdadeiro marco para todos os fãs de Star Wars, seja por sua campanha promissora ou pelo multiplayer divertido. Infelizmente tudo isso foi limitado pelo resto do produto e pela forma como trata os usuários.

O que temos no final é um game decepcionante com mecânicas de progressão péssimas que prejudicam muito a diversão, um modo história que não foi aproveitado e uma obra geral que deveria ter voltado para a mesa de planejamento bem antes de chegar oficialmente. Isso sem falar nas microtransações, uma polêmica que prometeram arrumar, mas me parece impossível com o estado atual do título. Era mais fácil ter sido evitado desde o começo.


Star Wars Battlefront II está disponível para PC, Xbox One e PlayStation 4. Este review foi feito com uma cópia do jogo cedida pela EA.

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