Assim como no cinema, Matrix também apareceu com uma trilogia no mundo dos videogames, com jogos que merecem ser relembrados por uma série de motivos — tanto bons, quanto ruins.
Enter the Matrix, The Matrix: Path of Neo e The Matrix Online foram títulos diferentes entre si, com propostas e mecânicas bem distintas, mas que tiveram altos e baixos e recepções divididas.
Seja como for, o trio marcou o início dos anos 2000 e o coração de muitos fãs da franquia, então nada mais justo do que não deixá-los cair no esquecimento.
Enter the Matrix (2003)
Lançado em 2003, Enter the Matrix foi o primeiro jogo baseado no universo de Matrix, que contou com o envolvimento direto das irmãs Lilly e Lana Wachowski, as criadoras da franquia. Elas foram idealizadoras do projeto, escrevendo o conceito geral e a história, que teve ligação com os eventos do filme Matrix Reloaded.
Curiosamente, Neo não é o protagonista. Em vez disso, Niobe e Ghost são os personagens jogáveis, com o jogador podendo escolher qual deles controlar.
O game acabou ficando nas mãos do estúdio Shiny Entertainment, enquanto Reloaded ainda estava em produção. E, por compartilharem uma ligação, a Warner decidiu lançar os dois ao mesmo tempo, o que encurtou bastante o desenvolvimento.
O projeto ainda teve um orçamento milionário, ultrapassando a faixa dos US$ 20 milhões, sendo um dos videogames mais caros a serem produzidos na época, ao lado de Shenmue. No entanto, isso não foi suficiente para o resultado final ser um sucesso.
Enter the Matrix não foi bem recebido nem pela crítica especializada nem pelos fãs por não estar polido o suficiente, apresentando bugs, gráficos inacabados e travamentos no gameplay. Além de, é claro, não ter um Neo jogável e apresentar personagens secundários do filme como principais.
Mas não houve apenas críticas. O jogo tinha elementos que chamaram a atenção, como uma mecânica de hacking que colocava o jogador para navegar em um DOS e um código escondido nos créditos que desbloqueava uma fase secreta.
Apesar da recepção morna, o título vendeu 1 milhão de cópias em sua primeira semana, ultrapassando 2.5 milhões depois de um mês e meio — o que foi o suficiente para encomendar um segundo jogo, The Matrix: Path of Neo.
O número total de vendas de Enter the Matrix acabou sendo 5 milhões. O game foi lançado para PlayStation 2, Xbox, GameCube e PC.
The Matrix: Path of Neo (2005)
Corrigindo o erro de seu antecessor, The Matrix: Path of Neo finalmente ofereceu Neo como protagonista jogável, como o próprio título indica.
O projeto ainda mantém as mesmas mentes criativas dos bastidores, sendo idealizado novamente pelas irmãs Wachowski e desenvolvido pelo estúdio Shiny Entertainment.
A história do jogo adapta os três filmes, deixando o jogador reviver tudo pelo ponto de vista de Neo, mas não sem algumas mudanças.
O game alterou e cortou certos acontecimentos da trilogia original, além de adicionar eventos inéditos que nunca aconteceram na telonas, o que inclui arcos entre os filmes Reloaded e Revolutions e até um final alternativo — em que Neo tem um desfecho completamente diferente.
A recepção de Path of Neo foi mais calorosa do que a de Enter the Matrix na época, uma vez que estava mais polido (apesar de ainda apresentar muitos bugs e travamentos) e também por atender aos pedidos dos fãs.
O título foi lançado em 2005 para PlayStation 2, Xbox e PC.
The Matrix Online (2005)
Com os MMORPGs em alta no início dos anos 2000 (agradeça a World of Warcraft por isso), a Warner decidiu fazer mais uma aposta com Matrix no mundo dos jogos.
O resultado foi The Matrix Online, apelidado de MxO, que apresentava um mundo aberto online com uma história que se passava após os acontecimentos da trilogia de filmes. E sim, a trama do game foi considerada como cânone.
O jogo foi desenvolvido pela Monolith Studios, estúdio de F.E.A.R e Condemned, e escrito por Paul Chadwick, com o consentimento das irmãs Wachowski. O roteirista já tinha experiência com esse universo por ter criado algumas HQs oficiais, como The Miller's Tale.
MxO esteve ativo entre 2005 e 2009, apresentando quatro anos de história, arcos e conteúdo, que incluiu até a morte de Morpheus. Apesar disso, o gameplay era bastante criticado por ter muitos bugs, missões genéricas e animações medianas.
O número de jogadores ativos foi caindo com o passar dos anos e, quando chegou a ser cancelado, contava apenas com 500 usuários no mundo inteiro.
The Matrix Online ficou disponível apenas para PC. Alguns anos depois do cancelamento, a Monolith Studios divulgou um Memory Book, arquivo digital que detalha a história e os acontecimentos jogos — disponível aqui.