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Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo é obrigatório para fãs de terror | Review
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Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo é obrigatório para fãs de terror | Review

Jogo de mistério da Square Enix impressiona com história complexa, game design inteligente e toque de metalinguagem

Tayná Garcia
Tayná Garcia
08.mar.23 às 12h00
Atualizado há mais de 1 ano
Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo é obrigatório para fãs de terror | Review
Paranormasight/Square Enix/Divulgação

Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo é aquele tipo de jogo que, em poucos minutos, já percebemos que se trata de uma experiência única e especial.

Desenvolvido e publicado pela Square Enix, Paranormasight é uma visual novel que mistura elementos de terror e mistério, fazendo o jogador mergulhar em uma investigação sobre lendas urbanas de terror de forma bem criativa e, ouso dizer, até genial.

Lendas, mistérios e originalidade

A trama é ambientada em um pequena cidade japonesa durante a década de 1970, onde os habitantes estão obcecados com os “Sete Mistérios de Honjo”, histórias originadas durante o período Edo, que se tornaram lendas urbanas locais com o tempo.

Supostamente, as tais lendas são chave para um poder oculto conhecido como “Ritual de Ressurreição”, que seria capaz de trazer alguém que já morreu de volta à vida – poder cobiçado por várias pessoas da região. Dentro deste contexto, a trama se desenrola pelo olhar de múltiplos protagonistas. A ideia é que o jogador investigue cada arco para desvendar mistérios interligados entre eles, enquanto descobre as motivações dos personagens.

Porque usar uma tábua ouija no meio da madrugada na escola é claro que seria uma ótima ideia, né? (Imagem: Paranormasight/Square Enix/Captura de tela)

No entanto, os “Sete Mistérios” são mais do que parecem. Alguns habitantes (incluindo os protagonistas) foram “amaldiçoados” pelos espíritos das lendas urbanas, o que os concedeu o poder de usar uma maldição para matar outros humanos. E, caso matem uma quantidade específica de pessoas com a “habilidade”, eles poderão realizar o cobiçado ritual. Cada maldição, no entanto, exige uma condição para ser usada. Uma delas, por exemplo, só pode ser acionada quando alguém dá as costas para o portador “amaldiçoado”.

Assim, o objetivo é investigar os segredos por trás dos assassinatos e acontecimentos paranormais da história, enquanto soluciona enigmas de ambiente que envolvem as maldições. É preciso tomar cuidado para não se tornar vítima de outro portador, além de ser esperto e rápido o suficiente para saber como usar a sua.

De forma geral, a história é complexa e cheia de camadas, sendo praticamente uma teia de aranha de arcos interligados. O ritmo é relativamente lento e depende da sagacidade e da atenção do jogador para engrenar — o que não é algo ruim, pelo contrário. Com isso, a sensação é que você está literalmente nas rédeas da investigação, sendo responsável por interligar informações e acontecimentos. A mistura gera uma sensação empolgante em quem está com as mãos no controle!

Já a jogabilidade é simples e intuitiva. Há poucos comandos e eles são baseados na ideia de “apontar e clicar”, contando apenas com um sistema de escolha de diálogos e movimento de câmera para analisar os cenários.

Se você falhar e causar a morte de um protagonista, o jogo acaba em "game over", mas é possível tentar novamente quantas vezes precisar (Imagem: Paranormasight/Square Enix/Captura de tela)

Algo inusitado é que a história conta com o Narrador, um personagem misterioso que quebra a quarta parede e conversa diretamente com o jogador em momentos específicos, como nas telas de “game over”.

A metalinguagem também é um elemento do gameplay. O Narrador alerta que o jogador é “onipresente” em Paranormasight, o único com acesso a todos os acontecimentos, sabendo mais do que os próprios personagens. Então é preciso usar essa vantagem para solucionar enigmas. Por exemplo, às vezes é preciso forçar um “game over” para descobrir informações específicas ou mexer nas configurações do menu para gerar um acontecimento. Esses momentos brincam com a natureza interativa dos jogos de forma brilhante e são um toque de originalidade à narrativa principal.

A história ainda guarda surpresas do início ao fim. Após o capítulo de introdução, uma mecânica chamada “Story Chart” é desbloqueada. Ela possibilita transitar entre os arcos e até voltar no tempo em alguns momentos-chave para mudar o rumo da trama e abrir um caminho alternativo — o que consequentemente gera múltiplos finais para a narrativa.

O game é visualmente chamativo, chegando até a brincar com uma tipografia de quadrinhos (Imagem: Paranormasight/Square Enix/Captura de tela)

No entanto, Paranormasight é um jogo com bastante texto. Até o menu tem uma área reservada para arquivos com informações sobre personagens, locais e itens importantes para o entendimento da história. Então o fato de não ter localização em português brasileiro prejudica (e muito) quem não domina a língua inglesa.

Terror bem pensado e retrô

Paranormasight usa o aspecto limitado de visual novel ao seu favor, construindo uma atmosfera sombria e inquietante, que deixa o jogador tenso e curioso o tempo inteiro. Por exemplo, sentir que está sendo observado e ter que olhar ao redor com a movimentação limitada da câmera sempre dá aquele friozinho na barriga.

O jogo ainda apresenta uma estética retrô, em que a imagem conta com um efeito granulado, como se fosse um filme antigo de terror. Além de uma paleta de cores focada em tons escuros. O resultado é chamativo e conversa diretamente com a narrativa.

Ah, o dilema entre desligar o console imediatamente ou me virar para ver o que está atrás de mim... (Imagem: Paranormasight/Square Enix/Captura de tela)

A trilha sonora também contribui para a construção da atmosfera, brincando com a ideia de se intensificar ou cessar subitamente de acordo com os acontecimentos ou falas dos personagens.

Paranormal de tão bom!

Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo é uma visual novel com personalidade, apresentando uma história complexa, bem escrita e cheia de camadas e reviravoltas, além de um game design simples, mas eficiente. Os toques de metalinguagem ainda amarram a narrativa e o gameplay de forma criativa e envolvente.

O jogo ainda é desafiador na medida certa e tem um ritmo que depende do jogador, o que faz com que solucionar quebra-cabeças ou desvendar sozinho algum segredo seja imensamente recompensador.

É uma das maiores surpresas do ano até agora e uma das experiências de terror mais inusitadas que já tive com videogames, gerando momentos em que fiquei boquiaberta com a originalidade das mecânicas e da mitologia do game.

Acredite: Paranormasight é uma experiência obrigatória para todo fã de mistério e terror.


Esta review foi feita com uma cópia cedida pela Square Enix.

Paranormasight: The Seven Mysteries of Honjo está disponível para PC e Nintendo Switch.

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