Durante a gamescom latam 2025, um dos jogos brasileiros independentes mais promissores que tive a oportunidade de testar foi Neve. Em desenvolvimento desde 2022 pelo Ritus Studio, de Goiás, o título foca na capitã Jasmina e suas duas colegas, Hilas e Atalanta; a bordo da espaçonave Argo.
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O game tem início quando a espaçonave onde estão as três mulheres, precisa fazer um pouso forçado no misterioso planeta Lemnos. A missão do jogador é conduzir Jasmina por meio de decisões em uma narrativa ramificada, e resolver quebra-cabeças.
Como a capitã está presa dentro de uma cápsula de criogenia e tem apenas uma hora restante de oxigênio, o jogador deve escolher entre qual das duas tripulantes ajudar e quando, enquanto isso consome seu tempo. Em paralelo, a dupla precisa consertar a nave Argo.
Com enfoque narrativo, é importante prestar atenção nos diálogos para resolver alguns enigmas, e ponderar bem sobre como responder Hilas e Atalanta de maneira apropriada, pois elas podem desenvolver desconfiança ou até mesmo entrar em pânico, dependendo dos acontecimentos.

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Durante a resolução de enigmas ou nos momentos em que você alterna a câmera, cada clique equivale a um ou mais segundos, então cada escolha conta. E para piorar ainda mais a sensação de urgência, a espaçonave é invadida por uma ameaça misteriosa.
Conversando com Michelle Santos, a criadora de Neve explica que se trata de um jogo “sobre administrar pessoas num momento de crise”, e que a história “fala sobre essas três mulheres vivendo em condições precárias, de um trabalho que exige muito delas”.
“Ao mesmo tempo, é um processo de conhecer essas mulheres, pois elas estão nesse contexto da criogenia, que fazem com que elas trabalhem a maior parte do tempo dormindo”, relatou Michelle. “Elas têm que trabalhar acordadas e lidar com essas tensões. E aí a gente trabalhou também essa mecânica de tempo que é o que dá a urgência do jogo e é o desafio.”

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A criadora e artista de Neve compartilhou com o NerdBunker que o seu jogo retrata questões pessoais, ao mesmo tempo em que a ajudou a lidar com um processo de cura e de identificação ao se reinserir no mercado de trabalho.
“Trabalha muito a questão da relação com o trabalho. Eu morava numa cidade satélite e tinha que ir para a capital para trabalhar e eu gastava muito tempo, 2 horas para ir e 2 horas para voltar. Eram 4 horas todo dia. Isso muda muito as relações que a gente tem com a família, com amigos, com a disponibilidade para fazer outras coisas.”
Jasmine, Hilas e Atalanta refletem essa questão de Michelle sendo mulheres que também trabalham muito longe de casa. Além disso, a criadora acrescentou algumas vivências de sua própria mãe, que trabalhava em uma cozinha de restaurante, um ambiente normalmente populado por muitas mulheres.

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Além das experiências pessoais, Michelle contou que Neve tem bastante influência retrofuturista, especialmente em O Enigma do Outro Mundo e Alien, o 8.º Passageiro, enquanto a arte é inspirada por Blade Runner. As escolhas têm um motivo: a crítica contida dentro dessas obras situadas em cenários opressivos.
O jogo em si terá em torno de quatro horas de duração, com múltiplos finais à espera dos jogadores: “não estamos trabalhando com a ideia de game over. Os erros dos jogadores vão se somando para levar para algum final”, explicou Michelle. Ao todo, serão sete possibilidades de desfecho.
Neve será lançado para PC e Mac até o final de 2025, mas o Ritus Studios procura por publishers para ajudar no port para consoles, além de oferecer mais idiomas (no momento, o game conta com português e inglês, apenas).

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