Logo do Jovem Nerd
PodcastsNotíciasVídeos
Kena: Bridge of Spirits | Review
Games

Kena: Bridge of Spirits | Review

O jogo de estreia do estúdio Ember Lab é encantador, simples e leve, mas falha em entregar uma experiência inesquecível

Tayná Garcia
Tayná Garcia
24.set.21 às 11h59
Atualizado há mais de 2 anos
Kena: Bridge of Spirits | Review

Kena: Bridge of Spirits é o jogo de estreia do estúdio Ember Lab que, até então, era focado na produção de curtas-metragens em animação. Principalmente por conta do visual cartunesco, o título chamou a atenção desde seu anúncio e não demorou para se tornar em um dos mais esperados do ano. E, agora, finalmente está entre nós.

A história é ambientada em um mundo no qual a passagem entre vida e morte está em desequilíbrio, resultando em almas que ficaram perdidas no caminho. Uma jovem guia espiritual decide então ajudar esses espíritos perturbados, o que a leva a uma jornada cheia de mistérios para restaurar a paz e a harmonia.

Marcado por altos e baixos, Kena constrói um universo encantador que conquista o jogador nos primeiros segundos, mas tropeça em elementos de jogabilidade e estrutura de mundo, perdendo potencial e falhando em entregar uma experiência inesquecível.

Beleza destrutiva

Kena se passa em um universo que está em desequilíbrio, o que resulta em um mundo com cenários que misturam natureza e destruição, gerando um contraste de cores e sentimentos que conversa diretamente com a história.

Com áreas que vão se expandindo gradualmente, a exploração é linear e oferece pouca liberdade ao jogador. Há locais que, em certos momentos, ficam mais abertos, mas ainda oferecem uma exploração controlada: tentar andar livremente pelo mundo conta com caminhos bloqueados e itens inalcançáveis que só vão se tornar acessíveis ao avançar na trama.

Essa sensação de liberdade limitada não é algo necessariamente negativo por si só, uma vez que o título se foca mais em narrativa, mas acaba sendo um ponto fraco para a ambientação de beleza destrutiva, que é um elementos que mais se destacam no game.

A experiência da Ember Lab com animação é perceptível pelo visual arrebatador dos cenários, principalmente nas cutscenes

A trilha sonora ainda consegue intensificar a ambientação, ditando o ritmo dos momentos de exploração e combate, ora mais calmas e alegres, ora mais frenéticas e sombrias. As músicas utilizadas estão em constante mudança, usando tambores, flautas e instrumentos de sopro, combinando com a estética de Kena.

Essa atmosfera, que apresenta uma linha tênue entre o bonito e o macabro, é muito bem construída com esses elementos em conjunto, gerando imersão e incentivo para explorar e conhecer mais sobre esse universo — mas que, como já comentamos, isso é limitado.

A exploração também conta com atividades secundárias, que se resumem a pequenas tarefas espalhadas nos cenários, que levam segundos para serem feitas, como restaurar templos, abrir baús amaldiçoados e completar desafios de tiro ao alvo. Não há missões opcionais muito elaboradas, apenas ações que se tornam automáticas depois da primeira ou segunda vez.

No entanto, essa falta de conteúdo na exploração não se repete nos objetivos principais da história de Kena, que são variados e forçam o jogador a enfrentar hordas de inimigos variados e resolver quebra-cabeças de ambiente, que são desafiadores na medida certa.

É preciso usar as bombas para fazer certas pedras flutuarem por alguns segundos, o que gera bons puzzles de ambiente

Uma ponte de desequilíbrio

Para auxiliar na jornada, Kena conta com a ajuda de Rots, pequenas criaturas mágicas que são capazes de oferecer força e poderes especiais — além de uma boa dose de fofura, diga-se de passagem.

Desta maneira, a jogabilidade é dividida em duas partes: os comandos de Kena e dos Rots. A protagonista conta com um cajado, um arco e bombas para o combate, que podem ser atualizados em uma árvore de habilidades. Já as criaturas intensificam o poder das armas e são responsáveis por mover objetos, manipular alavancas e restaurar locais corrompidos.

Apesar desses comandos se complementarem, as opções no gameplay são limitadas, oferecendo uma alternância entre ataques rápidos e pesados, arco, esquiva e escudo. A mistura é divertida e funciona na prática, quando o jogador encontra um estilo próprio entre as armas disponíveis. Minha adaptação com o cajado, por exemplo, não foi boa e só quando o arco foi introduzido que as lutas começaram a conspirar ao meu favor, com uma abordagem de longo alcance.

E há vários tipos de inimigos para enfrentar, que contam com comportamentos e fraquezas diferentes. No entanto, existe um desbalanceamento: lutar contra criaturas comuns é algo que se torna fácil ao dominar, mas os confrontos contra chefes aumentam a dificuldade de forma significativa, causando um desequilíbrio gritante —  além de uma quebra de ritmo.

Para usar os Rots em batalhas, é preciso coletar Karma (que funcionam como pontos de adrenalina) atacando inimigos

A jogabilidade apresenta uma cadência mais lenta na sequência inicial do jogo, uma vez que apresenta as mecânicas aos poucos. Isso faz com que o título demore para engrenar, alcançando uma fluidez só a partir da metade da trama, quando Kena já desbloqueou as principais armas.

A causa para isso é principalmente os comandos, que são mais complicados do que deveriam, e dos tutoriais fracos, que confundem e não forçam a memória muscular do jogador — que consiste na repetição de uma ação que acaba de ser habilitada.

Experiência simples e leve

Com inspirações claras em Zelda e Pikmin, Kena: Bridge of Spirits é um jogo simples e leve que entrega uma experiência divertida e, ao mesmo tempo, sentimental.

No entanto, “desequilíbrio” acaba não sendo apenas uma característica da história, mas do jogo como um todo. Há muitos elementos que funcionam, enquanto outros tropeçam — o que se torna um efeito dominó no resultado final. Apesar disso, o título é impressionante ao considerarmos que é apenas a estreia do estúdio Ember Lab, que já demonstra muito potencial para o futuro.

Parar por alguns segundos para apreciar a paisagem faz parte da experiência!

De forma geral, Kena é uma aventura cativante, bela e imersiva, que oferece pouco mais de 10 horas de conteúdo e ainda aquece o coração e arranca algumas lágrimas daqueles que estiverem envolvidos na história. Não é um jogo que pretende inovar ou ser grandioso demais, mas proporcionar uma experiência leve e contemplativa e é muito bem-sucedido nisso.


Kena: Bridge of Spirits está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC. Este review foi feito com uma cópia cedida pela Ember Lab.

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast

Saiba mais