Diversas acusações surgiram na última sexta-feira (5) contra o Deck Nine Games, estúdio de Life is Strange: Before the Storm e True Colors, com declarações de funcionários para o site IGN que relatam crunch, discurso de ódio e até apologia ao nazismo.
De acordo com a reportagem, cerca de uma dúzia de funcionários do Deck Nine (cuja maioria decidiu permanecer no anonimato) revelaram que um ambiente tóxico se alastrou pelo estúdio nos últimos anos, principalmente durante o desenvolvimento de Life is Strange: True Colors.
Os primeiros relatos citam uma cultura de crunch (período em que é feito horas extras para finalizar um jogo), que fazia desenvolvedores trabalharem cerca de 70 a 80 horas por semana para a entrega de True Colors. O crunch não era obrigatório, mas as demandas de prazo e orçamento da Square Enix colocavam pressão na equipe, que sentia não ter outra escolha. Muitos culpavam o próprio Deck Nine por isso, uma vez que os líderes do estúdio nunca questionavam ou pediam para estender os prazos.
Além disso, um ambiente tóxico, com desigualdade de gênero, importunação sexual e abuso de poder, foi retratado pelas fontes da reportagem – que envolvem principalmente Zak Garriss, ex-CCO do estúdio e um dos chefes da equipe de narrativa. Relatos afirmam que Garriss usava o cargo para se aproximar das funcionárias, se posicionou contra a presença de personagem transgênero no jogo e relutava com a ideia de ter mulheres trabalhando diretamente na história. Além de outros desenvolvedores sênior que faziam piadas de cunho preconceituoso, erguiam a voz com programadores júnior e invadiam os espaços pessoais das desenvolvedoras.
Garriss negou todas as acusações ao IGN. A reportagem afirma que muitas denúncias contra o ex-CCO foram feitos na época para o departamento de RH do Deck Nine, mas nada foi feito.
Por fim, a reportagem também relata que, em 2022, alguns desenvolvedores perceberam números e frases no conteúdo do novo jogo de Life is Strange que faziam apologia ao nazismo, como 88 (símbolo de ódio que referencia Hitler), e memes racistas. Parte da equipe levou a situação como uma coincidência infeliz, enquanto outros se preocuparam que alguém poderia estar colocando as referências silenciosamente no game.
Isso foi relatado aos líderes do estúdio, que demoraram cerca de oito meses para dar atenção ao caso. Todo o conteúdo apontado, então, foi deletado, e o Deck Nine anunciou uma política anti-discurso de ódio – que não foi implementada até hoje. Além disso, a presença súbita das menções supostamente nazistas está sendo investigada por uma empresa especializada em assuntos de RH, a Investigations Law Group.
Em resposta à reportagem, o Deck Nine emitiu um comunicado, que afirma manter os valores de preservar uma equipe diversa, além de visar constantes melhorias para evitar crunch e ter um departamento de RH que investiga as acusações que são levadas a eles. Nada específico foi dito, no entanto, sobre os relatos dados por funcionários ao site.
É possível conferir a reportagem completa, com mais detalhes das acusações, nesta página.
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Fonte: IGN