É impossível negar que a mitologia nórdica é um tema recorrente na cultura pop, seja em filmes, séries ou jogos. Bramble: The Mountain King, novo game de terror com elementos de plataforma do estúdio sueco Dimfrost Studios, mergulha na mesma onda, mas entrega um universo mais original ao também abraçar elementos de "contos de fadas".
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[Aviso: Este jogo possui muitos gatilhos gráficos, principalmente relacionados a violência explícita, suicídio e infanticídio.]
O enredo de Bramble mistura a clássica história germânica de João e Maria com vários elementos de fábulas nórdicas. Olle é um garotinho que acorda em uma bela noite e descobre que sua irmã, Lillemor, saiu escondida em direção à floresta. O menino, então, deixa seu quarto e começa uma jornada cheia de criaturas horripilantes e reviravoltas que ameaçam a sobrevivência dos dois.
O primeiro ponto forte da jogabilidade é o capricho no design dos ambientes. Os elementos tanto da floresta quanto dos locais fechados são muito realistas e percebe-se que houve carinho para montá-los. Algo que não se pode dizer sobre o protagonista da história, que destoa da qualidade gráfica do mundo à sua volta.
Outro acerto é justamente a inserção do folclore nórdico na narrativa, que marca a herança sueca do Dimfrost Studio. A história é marcada por livros espalhados pelos cenários, com contos que podem assombrar pela falta de finais felizes e pela presença de criaturas monstruosas — que, inclusive, precisam ser enfrentadas pelo jogador.
As opções disponíveis para vencer inimigos incluem se esconder/fugir, desviar de golpes ou atacar com magia. Porém, a descrição de funcionamento é mais emocionante do que grande parte das "batalhas". Rapidez, reflexos e atenção são testados de verdade após um bom tempo de jogatina - e o confronto se torna satisfatório quando o adversário demanda tais habilidades. Mas esse agrado aparece pouco, pois o game dá espaço demais para desafios maçantes e sem destaque, em que tudo se resume a correr para frente e dar alguns pulos simples.
E isso é só a ponta do iceberg.

Com o avançar na história, as características positivas mencionadas acima são ofuscadas por uma gameplay com dinâmica muito neutra. As missões são limitadas, os esporádicos quebra-cabeças não empolgam e há poucas situações em que o jogador precisa realmente se esforçar para vencer. Na maior parte do tempo, só é preciso entender rapidamente o que fazer e andar estrada afora. A carência de um verdadeiro desafio até o arco final do game faz qualquer um esquecer que está em perigo.
A atmosfera faz o serviço de manter a tensão, por conta da pouca trilha sonora e da sensação de que algo inesperado pode acontecer a qualquer momento, mas a premissa do terror também não funciona como esperado. Os sustos são escassos, majoritariamente previsíveis e os visuais tenebrosos das ameaças deixam de surpreender à medida que aparecem — resultando em um conto de fadas sombrio, mas pouco apavorante.
No fim, o jogador controla Olle em uma jornada sinistra enquanto o objetivo inicial se perde nas curvas que a jogabilidade dá ao criar mais problemas aos quais o protagonista precisa sobreviver. Além disso, o potencial para um final impactante é desperdiçado, já que o jogo oferece um motivo, no mínimo, anticlimático para os acontecimentos da aventura.

Tratando-se de ferramentas e recursos fora da campanha, existem boas legendas em português brasileiro para todo o conteúdo, mas o áudio está disponível apenas em inglês. Os avisos de gatilhos são expostos antes do menu inicial e é possível alterar configurações básicas de controle e teclado - mas não há ferramentas adicionais de acessibilidade.
Bramble: The Mountain King é um game horrendamente belo que peca pela falta de um nível estimulante de dificuldade. Por um lado, ele pode agradar aqueles que buscam por uma experiência focada em narrativa tensa e alguns sustos. Por outro, aqueles que querem uma história mais envolvente e coerente podem se decepcionar.
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Bramble: The Mountain King está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X|S e Nintendo Switch.
Essa review foi feita com uma cópia do jogo cedida pela Merge Games (distribuidora do game) e Dimfrost Studio.