A franquia de assassinos da Ubisoft já passou por muitos períodos históricos em quase 20 anos de existência, como a Renascença Italiana, a Revolução Americana, a Grécia Antiga e até a Idade das Trevas. Agora, Assassin’s Creed finalmente chega a um dos territórios mais pedidos e aguardados pelos fãs: o Japão Feudal.
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Usando Shadows (que significa “sombras”, em bom português) como subtítulo, o jogo traz a ambientação com dois protagonistas, a fim de explorar os lados dos samurais e dos shinobi da época, tanto em história quanto em jogabilidade. Essa ideia é somada à clássica fórmula da franquia, que dá continuidade à linha de RPGs, composta por Origins, Odyssey e Valhalla.
Tudo isso faz com que Assassin’s Creed Shadows seja exatamente o que você espera — seja para o bem ou para o mal, dependendo do ponto de vista.
Servindo às sombras
Shadows é ambientado no Japão do século XVI, no final do período “Sengoku”, em que os nervos de daimiôs (os senhores feudais da época) estavam à flor da pele, resultando em conflitos entre clãs para todos os lados.
Com esse contexto, o jogo se foca nas histórias de Yasuke, um estrangeiro africano que foi levado para o Japão por jesuítas e se tornou guarda-costas do poderoso Oda Nobunaga, e Naoe, uma shinobi de uma aldeia com ligações misteriosas com a Ordem dos Assassinos. Por ironia do destino, os dois acabam formando uma parceria inusitada.
Eles, então, partem numa jornada que se inspira em filmes japoneses antigos, explora figuras históricas que realmente existiram e adiciona os pilares da franquia (como a rivalidade entre Assassinos e Templários) à mistura.

Dando continuidade à estrutura dos Assassin’s Creed mais recentes, a narrativa de Shadows se guia por quadros de alvos, em que o objetivo é descobrir o paradeiro de alguém e, em seguida, assassiná-lo.
Esse é o alicerce de quase toda a trama, que se torna relativamente simples e até previsível, resultando numa oscilação de qualidade. Isso faz com que o jogo encontre seus melhores momentos nas vezes em que para de se preocupar com a lista de alvos para focar nas jornadas pessoais dos protagonistas, que são, de longe, o maior acerto de Shadows.
Como água e óleo
Yasuke e Naoe dividem o protagonismo de forma equilibrada, sem ninguém ficar nos holofotes sozinho. Cada um deles apresenta estilo e personalidade completamente diferentes, que são bem explorados durante o game. E o que mais chama a atenção é como os dois atuam como contrapontos e, ao mesmo tempo, complementos entre si, principalmente em jogabilidade.

Yasuke é focado no confronto direto, em que o núcleo do gameplay é atacar agressivamente e não dar tempo para o adversário respirar. A ideia é usar katanas longas, alabardas, porretes japoneses e até armas de fogo para causar um dano massivo aos inimigos, sempre invadindo os castelos pelo portão da frente.
Cada golpe dado pelo samurai é impactante (e muito satisfatório, diga-se de passagem), resultando em finalizações violentas e sangrentas. Toda a jogabilidade ainda é bem intuitiva, com combos estilosos que exigem poucos botões. Difícil não se sentir um dos xoguns mais poderosos do Japão Feudal ao lutar com ele!
O ponto negativo fica apenas para a falta de fluidez no combate ao enfrentar múltiplos inimigos ao mesmo tempo com a trava de mira, que não muda automaticamente ao bloquear um ataque, dando um aspecto engessado.

Já Naoe usa katanas curtas, kunais, foices com corrente (que, sim, são tão violentas quanto soam) e lâminas duplas para agir nas sombras, abatendo os adversários na surdina com técnicas furtivas.
Ela é a menor protagonista já criada para um Assassin’s Creed e apresenta melhorias para a abordagem clássica de furtividade da franquia, como poder se rastejar e se esconder em gramas baixas e usar um arpéu para subir rapidamente nos telhados.
Há ainda alguns detalhes que dão mais profundidade à jogabilidade, como precisar se posicionar bem antes de atacar furtivamente, uma vez que ataques frontais podem diminuir o dano causado, pois o adversário será pego menos desprevenido. Além do jogo de iluminação ser levado à sério em Shadows, estar em telhados em plena luz do dia faz com que a shinobi ainda possa ser vista pelos inimigos. Então é preciso usar as sombras ao seu favor a todo momento.

Ter protagonistas com estilos tão diferentes adiciona uma dinâmica bem divertida a Shadows, com possibilidades novas de combate a todo momento e chegando até a refletir na exploração de cenários.
Yasuke não é apto para escalar, por exemplo, fazendo saltos de fé desastrosos e arrebentando as cordas ao tentar se pendurar nelas. Ele, no entanto, compensa por ser grandão e forte, sendo capaz de mover objetos muito pesados e até derrubar portões com a força do próprio corpo. Enquanto Naoe é especialista em escaladas, saltos no feno e andar silenciosamente por aí.
Assim, os dois personagens têm propósitos diferentes, mas de importância na mesma medida, sem correr o risco do jogador se focar apenas em um e esquecer completamente o outro.
Mantendo o ciclo
Essa é a primeira vez que um Assassin’s Creed acerta em cheio na ideia de ter dois protagonistas simultâneos, sem deixar que um ofusque o outro (sim, Syndicate, estou falando de você). Yasuke e Naoe compartilham uma dinâmica muito bem-vinda à fórmula da franquia, mas Shadows não deixa de reciclar muitos artifícios que já são conhecidos pelos fãs — o que pode ser bom ou ruim, dependendo do que você procura.
O mapa do Japão Feudal, apesar de impressionante visualmente, não foge da estrutura de mundo aberto com os mesmos pontos de interesse para todo o lado, o que desencoraja o jogador a explorar cada cantinho. Até há atividades opcionais que chamam a atenção a princípio, como encontrar animais para desenhar, praticar “kata”, procurar por baús em tumbas e rezar em santuários, mas que rapidamente perdem o encanto pela falta de variedade.
Isso não seria um problema se fosse completamente opcional, mas, para desbloquear os níveis mais altos da árvore de habilidades dos protagonistas, é preciso coletar “Pontos de Conhecimento” com a exploração, o que faz a tarefa de concluir objetivos soltos e repetidos pelo mapa praticamente obrigatória para intensificar a jogabilidade do game.

A sensação que fica é que Shadows prova mais uma vez que Assassin’s Creed é uma marca e não deve se afastar dos pilares que tornaram a franquia tão conhecida, como a presença de torres de sincronização, mundo aberto que preza quantidade e estrutura narrativa de alvos — o que pode agradar os fãs mais saudosistas, ou desagradar aqueles que gostariam de ver uma roupagem diferente.
Seja como for, Assassin’s Creed Shadows curiosamente pode ser descrito como uma experiência que é exatamente aquilo que imaginamos ao pensar num capítulo da franquia da Ubisoft no Japão Feudal, mas com o bônus de ter dois protagonistas e, de quebra, dois estilos diferentes de gameplay.
Como fã de longa data da franquia, o sentimento é de que o jogo poderia ser mais único se fosse mais enxuto, mas acaba optando por uma estrutura "inchada" de conteúdo repetitivo, o que ofusca um pouco o brilho das katanas afiadas de Yasuke e Naoe.
Esta review foi feita com uma cópia cedida pela Ubisoft para PlayStation 5.
Assassin's Creed Shadows será lançado no dia 20 de março para PC (via Ubisoft Connect e Steam), Xbox Series X|S e PlayStation 5.
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