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Thunderbolts* tenta levar MCU de volta aos bons dias (mas a Marvel não deixa) | Crítica
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Thunderbolts* tenta levar MCU de volta aos bons dias (mas a Marvel não deixa) | Crítica

Equipe faz estreia morna ao trocar foco no presente por promessas para o futuro

Gabriel Avila
Gabriel Avila
29.abr.25 às 13h01
Atualizado há cerca de 2 meses
Thunderbolts* tenta levar MCU de volta aos bons dias (mas a Marvel não deixa) | Crítica
Marvel/Reprodução

Thunderbolts* chega aos cinemas no momento em que o público recebe lançamentos da Marvel com uma mistura de sentimentos. O pé atrás causado pelo medo de uma nova decepção é acompanhado pela esperança do retorno aos bons momentos que tornaram a franquia tão empolgante há mais de uma década. É curioso, então, que o novo filme finque firme seus pés nos dois lados desse paradoxo, com material o suficiente para agradar e decepcionar o espectador.

O longa acompanha uma equipe formada por Yelena Belova (Florence Pugh), Guardião Vermelho (David Harbour), John Walker (Wyatt Russell) e Fantasma (Hannah John-Kramer). Eles são unidos ao serem atraídos para uma armadilha mortal de Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus), controversa figura do governo dos EUA que está na mira do Soldado Invernal (Sebastian Stan), agora congressista.

O envolvimento de tantos personagens vindos de vários filmes e séries desperta o primeiro alerta comum em produções da Marvel: a necessidade de conferir outros títulos para entender a história atual. Uma preocupação rapidamente dispersada pelo roteiro de Eric Pearson (Viúva Negra) e Joanna Calo (O Urso), que elege Yelena como âncora da trama.

A personagem de Florence Pugh faz a vez de guia do público a um lado pouco explorado pelo MCU até aqui, que é a área cinzenta habitada por quem não é exatamente herói ou vilão. Assim, o medo de se perder pela possível falta de "lições de casa" é substituído pela empolgação do descobrimento de coisas inéditas pelos olhos de alguém relativamente novo.

A escolha não poderia ser mais acertada. O enorme carisma da atriz torna a identificação com a personagem muito fácil, ao ponto de que a simpatia e a torcida por ela se instauram sem dificuldades. Em especial pelo drama interno da personagem, que faz dela o motor e o eixo no qual Thunderbolts* gira.

Sob a perspectiva de Yelena, somos apresentados aos demais integrantes da equipe e da missão de vida ou morte em que se meteram. Se aproveitando do fato de que ninguém ali se conhece, a produção faz rápidas recapitulações sobre origem e dramas de cada personagem em diálogos rápidos que não atrapalham o desenvolvimento e a urgência da missão em questão. Com exceção de Bob.

Misteriosa figura inédita no MCU até então, o personagem de Lewis Pullman (Top Gun: Maverick) é o fermento que faz essa massa crescer. Afinal, ele é o único que o público não faz a menor ideia de onde vem, o que pensa e tudo mais. Mistérios cujo desenrolar é fundamental para o andamento da história, em especial pela relação que ele desenvolve com Yelena – e, em certa medida, com os outros.

Isso porque o enredo dá aos outros membros do time uma característica definidora e uma função que é seguida à risca, de forma direta e franca, sem tentar valorizar a importância deles de forma artificial. Isso serve para a liderança do Soldado Invernal, o alívio cômico do Guardião Vermelho e até a dinâmica ácida da Fantasma e de John Walker, que contribuem para os verdadeiros pilares da produção.

A principal contribuição, é claro, está na ação. Para deixar claro que esse grupo é fortemente qualificado para missões mortais sem problemas em sujar as mãos, Thunderbolts* dedica bons minutos a combates, tiroteios, perseguições e mais. Sob o comando de Jake Schreier (Treta), o longa traz um belo cartão de visitas ao colocar os protagonistas para suar em uma dinâmica que se diverte em levá-los de caça a caçador – e vice-versa – quando menos se espera.

Esse caldeirão faz com que a reta inicial de Thunderbolts* relembre os bons dias do Marvel Studios. Afinal, foi com heróis carismáticos, histórias surpreendentes e boas doses de ação que o estúdio construiu seu universo. Infelizmente, todas essas virtudes perdem força conforme surgem problemas que a franquia também desenvolveu ao longo do tempo.

Do céu ao inferno com Thunderbolts*

Thunderbolts* faz um trabalho sólido em apresentar e desenvolver seus protagonistas e a situação ingrata em que se encontram, balanceando ação, humor e uma inesperada dose de drama. Afinal, a produção busca conexões menos óbvias entre essas pessoas, e pisa em territórios como o da saúde mental para que essas ligações se façam mais profundas.

Infelizmente, o filme trai seus próprios méritos conforme avança para a reta final. O desenvolvimento até então envolvente se torna gradativamente mais apressado conforme a história avança, e a louvável atenção aos personagens vai se perdendo cada vez mais. Com isso, não há tempo para que eventos e descobertas importantes sejam sentidos, afinal, há uma constante necessidade de correr até a próxima grande reviravolta.

Um grande exemplo disso está nos enredos dos próprios Bob e Yelena – os quais não comentaremos em detalhes para preservar a experiência do leitor, ainda que trailers já tenham revelado boa parte. Quando pisa no acelerador rumo ao clímax, a produção mal dá tempo para que os desdobramentos se desenrolem e faz com que cada passo de suas jornadas seja dado aos empurrões para chegar logo no destino final.

Esse ritmo faz com que a agilidade dê lugar à pressa e impede que as boas ideias sejam aprofundadas, ficando em um nível raso que dá vários passos para trás. Assim, os caminhos aparentemente novos, abertos pelos conceitos empolgantes do início, acabam caindo perigosamente próximo dos pontos baixos da fase atual do MCU. Especialmente porque a raiz desses pontos baixos é praticamente a mesma: a ânsia pelo futuro.

Os minutos finais de Thunderbolts* – e a tão falada cena pós-créditos – deixam claro que a afobação tomou conta porque a trama tinha uma meta específica para cumprir. Assim, a produção precisou tomar atalhos que a levassem de forma mais rápida ao produto final, sem se importar de trair justamente o que a tornou cativante em primeiro lugar.

Por si, isso não condena o projeto. O longa passa longe de ser um desastre, sendo possível se divertir com a produção e sair de lá com carinho especial por alguns de seus personagens. Porém, ao mostrar que havia plenas condições de ser muito mais que isso e se sacrificar para criar interesse em projetos futuros, Thunderbolts* mostra que ainda há questões que a Marvel precisa resolver antes de voltar aos dias de glória. Uma pena, porque esses personagens – e os temas que eles trazem consigo – merecem e podem mais.

Thunderbolts* chega aos cinemas do Brasil em 30 de abril. Os fimes anteriores do Marvel Studios estão disponíveis para streaming no Disney+.

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