Com alguns jovens clássicos como A Bruxa (2016) e O Farol (2019) no currículo, Robert Eggers pode muito bem ostentar a carteirinha de mestre do terror moderno, e toda essa moral ajudou na hora de trazer à telona o que define como o projeto mais pessoal da carreira: um remake de Nosferatu.
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Adaptando livremente a história do Conde Drácula, o filme original de F.W. Murnau é creditado como um dos mais revolucionários da história do cinema e uma das pedras fundamentais do terror moderno. É apropriado ainda, então, que Eggers decida voltar às origens do horror na telona para sua possível obra-prima.
É claro que, no mundo de 2025, os vampiros estão longe de causar a novidade e o espanto que em 1922, mas, em entrevista coletiva acompanhada pelo NerdBunker a convite da Universal Pictures, o cineasta celebrou a variedade que os monstros tiveram nas últimas décadas, além de disparar declarações ousadas sobre a própria versão do sanguessuga:
“A versatilidade é excelente. É ótimo que exista um Blade [da Marvel], um Edward Cullen [de Crepúsculo], mas eu sou um conservador [risos]. Gosto das lendas antigas, o velho folclore… Nosferatu inventou o terror, então, se fosse pra trazer ele de volta às telas, tinha que ser assustador, por isso retornei às origens grotescas do personagem. Ele é cadavérico, demoníaco, não brilha no sol.”
Assim como no clássico alemão, a trama aborda a linha tênue e doentia entre amor e obsessão entre a jovem Ellen (Lily-Rose Depp) e o sinistro vampiro Conde Orlok (Bill Skarsgard), e como a relação entre os dois cobra um preço a todos ao redor da protagonista.

Se o caro leitor percebeu o uso de “protagonista” ao tratarmos de Ellen (apesar do título do filme referenciar o vampirão), é porque mais um bem-vindo sinal dos tempos é o holofote na personagem feminina como grande força da história, em vez do papel de vítima.
“Todo esse aspecto quase sexual já está no filme de Murnau, mas nós levamos um pouco mais longe. Ellen ganha protagonismo na segunda metade do longa de 1922, mas aqui, a história é dela desde o começo, e está muito claro que esse amor não é nenhum conto de fadas. É algo tóxico, doentio.”
Nosferatu só para o baixinhos
Pode parecer esquisito que o projeto dos sonhos de um cineasta seja o remake de um filme que, por sua vez, já é uma espécie de adaptação de outra obra, mas Eggers não brinca quando diz que o Nosferatu original pode ser o filme que mais assistiu na vida e desde cedo, já que, ao menos segundo ele mesmo, conferiu os horrores do longa pela primeira vez aos NOVE anos de idade.
“Sem brincadeira, acho que já assisti ao filme mais de 100 vezes. Não seria exagero. Claro que estou contando exibições especiais e até vezes em que vi picotado, mas é por aí. Às vezes, até quando não conseguia dormir, eu deixava o filme passando até cair no sono, ou de pano de fundo na hora de trabalhar”, afirma.

Ele garante, no entanto, que quem for aos cinemas a partir deste mês verá uma versão 100% original, com todas as paixões e intenções do cineasta, num misto de respeito ao filme original, instinto para novidades e, num inglês bem claro, pouquíssimo caso para a opinião alheia:
“Não penso no público quando vou fazer um filme. Penso em criar algo que eu gostaria de assistir. É lógico que fazemos exibições de teste, e isso ajuda muito a saber se o que queremos está mesmo funcionando, mas não parto do princípio de criar algo especificamente pensando em agradar quem quer que seja. Passei muito tempo no mundo de Nosferatu, dentro da minha imaginação. Foram décadas expandindo aquele universo e aqueles personagens para mim mesmo”.
Nosferatu chega aos cinemas brasileiros em 2 de janeiro de 2025. Willem Dafoe, Aaron Taylor-Johnson, Emma Corrin e mais completam o elenco.
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