O mundo era bem diferente há 14 anos atrás (!), quando o primeiro Meu Malvado Favorito chegou aos cinemas. Na época, a “Minion Mania” tomou conta das redes sociais, e a história da Illumination Entertainment cativou o público ao mostrar um vilão que não era tão malvado assim.
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Três filmes e dois derivados depois, Meu Malvado Favorito segue como uma franquia financeiramente bem-sucedida, mas que pouco inova em termos narrativos. Isso se repete no quarto longa da série, que aposta em uma estrutura segura para entregar um capítulo sem brilho da história de Gru.
Situado após Meu Malvado Favorito 3 (já que os filmes-solo dos Minions são prelúdios), a nova produção mostra o protagonista trabalhando para a Liga Antivilões, ajudando a prender aqueles que um dia foram seus companheiros. Em uma certa missão, Gru revive uma inimizade mortal, que o obriga a se mudar para garantir a segurança da família, formada pela esposa, Lucy, as filhas Margô, Edith e Agnes, e por um novo membro: o bebê Gru Jr.
O que acontece a partir de então é uma sequência de momentos absurdos que são comuns na franquia, além da tentativa de emular outros tropos de animações recentes. Um dos mais claros é a comparação entre o bebê Gru Jr. e o Poderoso Chefinho, franquia da DreamWorks Animation. Claramente mais esperto do que o esperado para sua idade, o filho mais novo de Gru tem momentos fofos e é inserido também em sequências de ação. Claro, ele ainda é somente uma criança e não tem feitos incríveis, mas até o visual é facilmente comparável com o bebê mandão do filme de 2017.
Ao longo de pouco mais de 1h30, Meu Malvado Favorito 4 também faz várias autorreferências, como forçar Gru a voltar ao mundo dos vilões, colocar uma das pessoas de sua vida em perigo no grande clímax, e até brincar com o visual dos Minions. Grandes responsáveis pela receita da franquia fora das telas, com a venda de produtos de todas as origens, os pequenos personagens amarelos ganham superpoderes, em uma piada que até é divertida, mas soa atrasada, já que o universo heroico já não está mais tão em alta.

Com tantas coisas para resolver, o longa infelizmente não encontra tempo para desenvolver melhor outros personagens. Lucy e as crianças mais velhas quase não ganham espaço, e o foco na jornada de Gru e suas idas e vindas do mundo dos vilões ocupam grande parte da narrativa, ao lado de uma nova personagem. A adição em si não é um problema, mas não chega aos pés do carisma dos nomes já conhecidos de Meu Malvado Favorito, e tal “troca” de tempo de tela não soa positiva.
Como um sintoma claro da falta de carisma do novo filme, a cabine de imprensa realizada em São Paulo teve a presença de algumas crianças, e poucos risos foram ouvidos durante a sessão, somente em uma ou outra sequência protagonizada pelos Minions.
Assim, fica claro que Meu Malvado Favorito 4 falha em duas missões: manter o interesse do público já fidelizado, que não tem dificuldade em adivinhar toda a narrativa logo no começo da projeção, e conquistar novos fãs, incluindo alguns que nem eram nascidos quando o primeiro filme foi lançado.
Se Gru precisou mudar de ares na nova história, essa é uma lição que a própria franquia pode tomar para si, para voltar a colocar o protagonista, e seus famosos Minions, em uma posição de destaque nas telas.
Meu Malvado Favorito 4 está em cartaz nos cinemas.