Duna é um dos maiores marcos literários da ficção científica, tendo influenciado inúmeras obras e se tornado uma referência para o gênero.
Só que, apesar disso, a obra de Frank Herbert (saiba mais sobre aqui) ainda tem um potencial inexplorado no cinema atual, já que não recebe uma nova adaptação há mais de 30 anos. E isso é justamente o que o filme do cineasta Denis Villeneuve pretende aproveitar.
A convite da Warner Bros., tivemos a oportunidade de participar de um evento digital e conferir, em primeira mão, as imagens inéditas dos bastidores, o primeiro trailer e um bate-papo com o diretor e o elenco principal, já mostrando que o projeto tem capacidade de impressionar a todos quando estrear nos cinemas.
Uma história que vai além do sci-fi
Duna acompanha uma história que se passa 20 mil anos no futuro, contando com conceitos fictícios e abordando temas como debates sociais, guerras políticas e elementos místicos.
Uma história tão complexa fez com que Villeneuve percebesse, assim que começou a esboçar o roteiro, que precisaria de dois filmes em vez de um só.
Só que, para o diretor, a grandiosidade de Duna não está nos elementos de ficção científica que ele apresenta, mas na humanidade dos personagens. “O que faz Duna ser tão especial é que é uma história muito humana. Os elementos que envolvem tecnologia e o futuro estão lá como pano de fundo, por isso eu sempre fiquei atraído pela história”, conta.
Já para Timothée Chalamet, que interpreta o protagonista Paul Atreides, o que o cativou e o ajudou a entrar no papel é como a história serve como um reflexo da tecnologia na sociedade atual:
Duna tem muitas metáforas contemporâneas, que envolvem até tecnologias atuais, como as redes sociais. Então estamos vivendo em uma antítese da filosofia que a história apresenta, até mesmo nas questões de guerras entre famílias.
[caption id="attachment_426663" align="aligncenter" width="2000"] Timothée Chalamet no papel do protagonista Paul Atreides[/caption]
A complexidade da trama acaba gerando personagens tão complexos quanto, mas é unânime entre o diretor e Chalamet que Lady Jessica, interpretada por Rebecca Fergunson, é o epicentro de tudo, tendo importância nos eventos anteriores, presentes e futuros da história.
O planeta Arrakis
Grande parte dessa história se passa no planeta Arrakis, cujo visual foi reproduzido no deserto da Jordânia para o filme — local muito utilizado de locação no cinema, aparecendo recentemente em Rogue One: Uma História Star Wars e no live-action de Aladdin. Com a vista do deserto, pouquíssimas cenas precisaram de efeitos de CGI, conta Chalamet.
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Os comentários sobre a ambientação envolveram muitos elogios e até algumas críticas dos atores devido ao intenso calor intensificado pelos trajestiladores — os trajes especiais que os humanos precisam usar no planeta desértico para sobreviver — que todos tiveram que usar. Oscar Isaac, por outro lado, não se deixou abater e revelou como o elenco está entrosado, quando elogiou, em tom de zoeira, o tamanho da cabeça de Josh Brolin, que o fez “se sentir em um planeta alienígena por ser tão imensa”.
Alguns dos detalhes das gravações na Jordânia ainda foram apresentados nas imagens dos bastidores, mas o destaque fica para a revelação do visual do grande vilão da história, Barão Harkonnen, interpretado por Stellan Skarsgård. Ele aparece com uma aparência simples, mas intimidadora, enquanto flutua perto de um grupo de oficiais de sua dinastia.
Mudanças sutis
Villeneuve promete se manter fiel à obra original, mas isso não significa que os fãs não devem esperar por algumas mudanças.
Uma das maiores diferenças que já foram reveladas é a troca de gênero de Liet-Kynes, que será uma mulher no novo filme (e não um homem, como no livro).
A atriz Sharon Duncan-Brewster explica que o motivo para a mudança é que Villeneuve queria se concentrar na essência da personagem, mostrando que seu gênero não importa, mas que seu impacto na trama ainda será o mesmo.
Já Zendaya confirma que o relacionamento entre sua personagem, Chani, e Paul se desenvolverá como no livro, tendo grande impacto na história como um todo, e Josh Brolin revela que as passagens musicais com seu personagem vão acontecer — só não confirmou se o filme terá músicas originais ou se usará as dos livros.
O primeiro trailer e o que está por vir
Tudo que foi debatido e comentado durante o evento digital foi colocado à prova na revelação do primeiro trailer do filme.
O vídeo, apesar de não ser tão longo, mostra cenas importantes da Parte I do livro, destacando o exército do Barão Harkonnen, o visual de Glossu Rabban, a líder das Bene Gesserit e o visual de um dos grandes vermes do Planeta Arrakis. Tudo em uma escala visualmente impressionante e fiel ao livro, o que demonstra muito potencial para o projeto ser a adaptação definitiva de Duna.
Denis Villeneuve pretende manter a estreia para 2020, uma vez que acredita que o filme será importante por transmitir uma mensagem relevante para os tempos atuais:
Duna é o filme de 2020 porque a história é sobre a capacidade de adaptação. Os que sobrevivem são aqueles que são capazes de se adaptar porque há muitas mudanças e revoluções acontecendo o tempo todo no mundo e na natureza. É preciso ter muita coragem para isso. E Duna é um aceno reconfortante para isso.
Duna está previsto para estrear no dia 17 de dezembro no Brasil.