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Crítica: Ponte dos Espiões
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Crítica: Ponte dos Espiões

O título faz referência à ponte sobre o Rio Havel, em Berlim, que ficou famosa por ser um ponto de troca de espiões capturados por ambos os lados da Guerra Fria.

André Duboc Ponsi
André Duboc Ponsi
20.out.15 às 12h58
Atualizado há mais de 9 anos
Crítica: Ponte dos Espiões

Como fez bem a Steven Spielberg contar com os Irmãos Coen (Fargo, Onde os Fracos Não Têm Vez) no roteiro de Ponte dos Espiões. O trailer promete o típico drama enlevante de Spielberg, com toda aquela sacarose de “um homem de família contra o mundo”, cenas xaroposas com filhos etc. Felizmente, o filme não é nada do que o trailer aponta; pelo contrário, Ponte dos Espiões cativa e deixa o espectador tenso como um ótimo thriller de espionagem de guerra. O olhar mordaz e o humor refinado dos Coen está presente em toda a trama, contada com a maestria de sempre por Spielberg.

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A história gira em torno de James Donovan (Tom Hanks), personagem real que virou negociador de troca de reféns e prisioneiros. Inicialmente um pacato advogado de seguradora, ele é chamado pela Justiça americana para defender um espião soviético, Abel (Mark Ryklance), em plena Guerra Fria. O julgamento é “para russo ver” — todos sabem que Abel será condenado à morte, mas os EUA querem mostrar para o mundo que não são selvagens, que seu sistema judiciário trata todos igualmente, que qualquer um merece passar pelo devido processo legal. Donovan já entra em campo com o jogo perdido, com um tremendo abacaxi para descascar, e se torna praticamente inimigo público número dois (o um é Abel, claro) por defender um “espião comuna.”

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Porém, como bom advogado, Donovan tem a manha de sugerir que Abel não seja executado, e sim aprisionado, caso os EUA precisem de um espião como moeda de troca na Guerra Fria. É uma idéia típica de quem trabalha com seguros, pois Abel vira uma espécie de apólice para quando a espionagem americana se der mal. E, dito e feito, no momento em que um piloto americano é capturado atrás da Cortina de Ferro, Abel é usado na negociação para libertá-lo. E quem melhor para conduzir tal negociação que o homem que previu que ela ocorreria? Donovan entra em cena novamente, movido por uma retidão moral e idealismo que, sim, flertam com a fábula edificante típica de Steven Spielberg, mas felizmente os Coen estão presentes para tornar a história tensa, perigosa e ácida, com personagens pitorescos, que caem como uma luva no jogo de aparências da espionagem de verdade (não há espaço para James Bond e suas peripécias aqui).

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Com o desenrolar da trama, o protagonista vai parar em Berlim, no exato momento da construção do muro que dividiu a cidade entre os lados oriental e ocidental, entre a Alemanha capitalista e comunista — e nesse momento entra em ação o Spielberg-semi-documentarista de guerra, o mesmo de A Lista de Schindler e O Resgate do Soldado Ryan, e ele pinta um quadro impressionante (com a ajuda dos colaboradores de sempre, o diretor de fotografia Janusz Kaminski e o editor Michael Khan) sobre algo pouco explorado no cinema. Obviamente, o diretor consegue arrumar um jeito de pintar os alemães como vilões, ainda que a treta inicial seja com os russos.

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Em tempo: o título faz referência à ponte sobre o Rio Havel, em Berlim, que ficou famosa por ser um ponto de troca de espiões capturados por ambos os lados da Guerra Fria.

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