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Creed II | Crítica
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Creed II | Crítica

O legado de Rocky está em ótimas mãos

Pedro Duarte
Pedro Duarte
25.jan.19 às 14h13
Atualizado há mais de 1 ano
Creed II | Crítica

Nem nos sonhos mais esperançosos, quando Sylvester Stallone vendeu o próprio cachorro para pagar as contas antes de fazer sucesso, alguém imaginaria que Rocky se tornaria uma franquia com oito longas (incluídos os dois Creed) e, indo mais além, que teria um desfecho tão empolgante 43 anos depois.

A não ser que alguma empresa decida reviver Rocky em alguns anos (o que é possível), Creed II é o final perfeito para a história do personagem, com todos os ingredientes que fizeram a franquia se tornar tão popular: os conflitos internos, o treinamento empolgante, a superação, a busca pelo sucesso e legado e a trilha sonora impecável. Tudo isso com um ótimo elenco, com o retorno de Dolph Lundgren (Ivan Drago), Sylvester Stallone (Rocky Balboa), o agora já consagrado Michael B. Jordan (Adonis “Donnie” Creed), Tessa Thompson (Bianca) e o novato Florian Munteanu (Viktor). A direção de Steven Caple Jr. não nos leva tão bem para dentro do ringue como no longa anterior e não se destaca como no primeiro Creed, dirigido por Ryan Coogler, mas é competente, emociona e empolga na medida certa.

Os dramas pessoais são o forte de Creed II. Donnie e Bianca constroem uma família e ambos lidam com as consequências disso; Rocky luta contra ele mesmo para entender como se reconciliar com o próprio filho, enquanto assume de vez a figura paterna para Adonis, o filho do amigo morto no ringue anos atrás; o antagonista, Viktor, tenta se encontrar diante de um pai complexado, Ivan Drago, que projeta nele todas as expectativas de uma vida que nunca conseguiu viver.

É impossível não se emocionar a cada aparição de Rocky, principalmente quando abraça a melancolia que sempre permeou a franquia. Agora, com a idade avançada, o peso de todas as escolhas se torna mais evidente. As performances de Jordan e Thompson nos transportam para a vida ansiosa de um casal jovem, cada um com suas urgências e conflitos. Bianca corre contra o tempo com o seu trabalho, enquanto ainda consegue ouvir; Adonis, que já conquistou tudo o que podia, mas ainda se sente insatisfeito, procura entender o que é a derrota: nada é mais Rocky do que isso. Ambos querem deixar um legado. Quando o bebê entra na dinâmica, tudo se torna ainda mais importante. Elenco e direção transmitem isso com maestria.

As histórias são contadas de forma paralela e se tornam tão interessantes que a grande luta final quase fica em segundo plano. Contudo, a tentativa de criar uma motivação mais dramática para o retorno de Ivan Drago destoa do restante do filme, contando o drama do lutador, após a grande derrota de sua carreira de maneira clichê, estereotipada e, até certo ponto, com ideias tiradas de Rocky IV, de 1985. Munteanu é um ex-lutador que se tornou ator, com o tamanho e a presença assustadora que Viktor precisava. Mas, como ainda está nos primeiros passos na nova profissão, não consegue mostrar os conflitos do personagem, o que torna todo o núcleo dos Drago ainda mais caricato.

Apesar do pequeno deslize que parece ter saído da Guerra Fria, Stallone (junto com o Juel Taylor) escreve, mais uma vez, discursos inspiradores. As cenas de treinamento são excelentes: aí vale ressaltar a capacidade física de Munteanu, que treina com a melhor estrutura possível (como o pai, anos atrás), e a engenhosidade do roteiro que levou Adonis para o deserto, para carregar pneus e correr no asfalto, o aproximando mais do público (assim como aconteceu com Rocky, no filme de 1985).

Creed II é um filme que faz o espectador ficar na ponta da cadeira em alguns momentos, refletir em outras ocasiões e, se você não for feito de pedra, se emocionar. A saga de Rocky, que já dura mais de quatro décadas, chega ao fim da melhor maneira possível: cada soco no ringue é uma memória do que aconteceu nesses mais de 40 anos; cada vez que Adonis se levanta, o legado de Rocky se fortalece, afinal não importa quão forte você pode bater, mas sim quanto você consegue apanhar e ainda seguir adiante.

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