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Profissão esports: Ocelote conta como é ser dono de um time
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Profissão esports: Ocelote conta como é ser dono de um time

Dono da equipe G2 Esports, o espanhol fala sobre sua carreira

Priscila Ganiko
Priscila Ganiko
19.jun.17 às 17h50
Atualizado há quase 8 anos
Profissão esports: Ocelote conta como é ser dono de um time

Jogadores, analistas, técnicos, comentaristas, narradores. São muitas as áreas em que um profissional pode se encaixar no mundo dos esports, indo das mais tradicionais até algumas que nem sempre são lembradas.

Se tem algo que não falta nessa área é coisa pra fazer, e isso envolve as mais diversas profissões. Por isso, conversamos com pessoas que trabalham com esports direta ou indiretamente, visando aprender um pouco mais sobre esse mercado que está em crescendo tanto em pouco tempo.

Uma das tarefas mais importantes (e estressantes) é tomar as decisões para que o time cresça e consiga ser atraente tanto para os jogadores quanto para o público. Boa parte das decisões são baseadas em análises e escolhas administrativas, e é aí que uma pessoa muito poderosa mas, geralmente, pouco mencionada aparece: o dono do time.

O dono do time muitas vezes é responsável por tomar as decisões mais pesadas em uma organização: decidir quem vai e quem fica, determinar investimentos, vender a marca para os patrocinadores, entender o lado jurídico do processo todo.

Montar uma marca do zero não é uma tarefa fácil, mas certamente não é impossível. Conversamos com Carlos 'ocelote' Rodriguez, dono de um dos maiores times da atualidade, o G2 Esports, e ele nos contou um pouco de sua trajetória.

Antes de ter seu próprio time, Carlos era jogador profissional de League of Legends e defendeu o brasão da SK Gaming de 2010 a 2013, competindo na LCS europeia. Como jogador, ocelote ficou conhecido por comemorar cada jogada a plenos pulmões, por sua Cassiopeia e por sempre ter um lenço no pescoço.

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Além de seu sucesso como jogador, Carlos também tinha um grande número de patrocinadores e atraía centenas de pessoas para sua stream com sua personalidade competitiva e confiante - as vezes, até demais.

"Eu sou uma pessoa muito competitiva", diz ele, contando como decidiu criar seu próprio time. "Depois de perceber que eu não seria um dos melhores jogadores pra sempre, eu identifiquei os negócios e a competição como algo divertido e potencialmente ainda mais recompensador. Havia uma pequena janela de oportunidade - usando o dinheiro que eu ganhei como jogador eu poderia montar meu próprio time. E eu investi cada centavo que tinha para fazer esse sonho se tornar realidade".

Carlos era um dos jogadores mais bem pagos na época, mas não por conta de premiações do time ou salário, e sim por causa de patrocínios, acordos e streams. Todo esse conhecimento do mercado de esports e de como lidar com patrocinadores veio a calhar quando ele decidiu criar o G2 Esports.

Como jogador profissional e com a maior marca da época, sendo o capitão dos meus times eu aprendi a montar equipes bem-sucedidas em jogos diferentes. Eu entendi como os aspectos psicológicos afetam as chances de vitória. Como streamer e pessoa famosa, eu aprendi a criar conteúdo relevante para que os fãs se lembrem, amem e se sintam conectados. Como meu próprio agente, eu aprendi a usar meu sucesso competitivo e habilidade para criar conteúdo divertido, juntando tudo e lucrando em cima disso.

"Essas três habilidades são exatamente as mesmas que eu pratico todos os dias no meu trabalho na G2. Hoje a G2 não é apenas o melhor time competitivamente, mas também um dos times que criam as melhores histórias e que ditam as tendências para geração de rendimentos".

Apesar de tanta determinação e experiência prévia, a transição de jogador para dono não foi das mais fáceis. "O maior desafio para mim foi de superar meu ego que me fazia acreditar que eu conseguiria ser um jogador e dono de time ao mesmo tempo", conta Carlos. "Esse ego me impediu de conseguir alguns dos melhores jogadores do mundo para jogar comigo no começo da G2. Ao invés disso, eu foquei em pegar jogadores desconhecidos que eu acreditava ser capaz de carregar para a vitória. Hoje, esse lado ruim do meu ego se foi e além de tentar contratar gente boa eu me esforço para contratar gente mais talentosa do que eu para que eu possa aprender e crescer com eles. Mas a parte do meu ego que quer vencer está mais faminta do que nunca".

Apenas dois anos e meio após sua criação, a G2 Esports é uma das melhores organizações do mundo no momento com seus times de League of Legends e de Counter-Strike: Global Offensive, além de ter participação em outros jogos como Super Smash Bros. Melee, Vainglory, Hearthstone e Rocket League. Desde 2016, o time de CS:GO da G2 tem ficado em boas colocações num geral, vencendo a final da ESL Pro League no começo de junho, enquanto o time de League of Legends terminou a LCS em primeiro na fase de pontos e nos playoffs, chegando até o Mid-Season Invitational e enfrentando a SK Telecom T1, tida como a melhor equipe do mundo, nas finais da competição.

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Para chegar a esse nível, porém, foram necessárias muitas mudanças, principalmente para entender as diferenças entre as duas principais modalidades (CS:GO e LoL), como ocelote conta:

O público é bem diferente, a cultura, a forma com que essas comunidades interagem, os tipos de ativação que as marcas buscam para cada jogo, o sistema competitivo e estrutura.

O ex-meio também falou um pouco sobre a criação do time de CS:GO. "Começamos com um time menor para explorar e aprender mais sobre o mercado, aprender como vender jogadores e fazer o pacote completo. Aprendemos quais marcas são as mais interessadas no CS:GO, trabalhamos muito para entender as oportunidades de rendimentos, encontrar o que a comunidade procura em termos de conteúdo. Quando decidimos que já sabíamos o suficiente para suprir as necessidades do mercado, entramos com tudo, fizemos o primeiro time internacional bem-sucedido de CS:GO e o vendemos para a FaZe Clan. Desde aquele momento, nossa expansão para o CS:GO amadureceu e nos consideramos líderes de mercado agora".

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O trabalho é árduo, mas há muito o que aproveitar e Carlos revela quais são suas atividades favoritas: "Minha parte favorita são as vendas e transferências de jogadores. As coisas que eu não gostava tanto, tipo a parte jurídica, eu acabo gostando porque olho pra trás e vejo que aprendi muito em apenas 2 anos e meio. Não há nada que me deixe infeliz agora".

Para quem busca conselhos sobre como começar seu próprio time, ele tem apenas um: "Você chegou tarde demais e vai perder". Apesar das palavras duras, vale a pena lembrar que o cenário internacional está bem consolidado, mas ainda há muito espaço para crescimento no Brasil, onde os esports estão ganhando espaço rapidamente mas ainda estão longe de chegar ao nível visto nos EUA ou na Europa, por exemplo.

No fim da entrevista, ocelote deixou uma mensagem para seus fãs brasileiros: "É clichê dizer que a torcida brasileira é a mais animada mas a verdade é que não existem fãs tão emocionais e dedicados do que os brasileiros", e completa, em português: "Eu amo todos vocês!"

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