O oitavo episódio de WandaVision amarrou pontas soltas, expôs verdades e serviu como um grande retcom, um "conserto" no passado, de todo o Universo Cinematográfico da Marvel.
[Aviso: O texto abaixo contém spoilers e recomendamos assistir ao oitavo episódio antes de continuar.]
Se alguém estava confuso ou em dúvida sobre qualquer coisa de WandaVision, o oitavo episódio certamente serviu como uma aula, mostrando não apenas a origem de Agatha Harkness (Kathryn Hahn) em 1693, como também escrevendo um novo começo para Wanda (Elizabeth Olsen). É uma sequência de pura exposição que dá uma desculpa para reescrever a história.
A Marvel já vinha sinalizando que a Feiticeira Escarlate sofreria um retcom para ser uma personagem com magia e não apenas uma pessoa normal que foi exposta às joias do infinito. Isso finalmente aconteceu em um flashback.
Em uma cena da infância da pequena Wanda, que explica justamente o amor dela por séries antigas como I Love Lucy, The Dick Van Dyke Show e A Feiticeira, vemos a jovem usando magia pela primeira vez. A tal bomba “defeituosa” que ameaçou a vida da garotinha e do irmão era perfeitamente normal antes de uma intervenção mágica.
Depois, quando a jovem é levada pela Hydra e exposta à joia da mente, aquela sementinha de feitiçaria simplesmente brota e ganha forças. Isso não explica como o Pietro ficou super veloz, mas não é uma questão tão relevante considerando que o personagem já morreu e não há intenção de trazê-lo de volta.
O "Pietro" que vimos ou melhor, Fietro, é um Falso Pietro criado por Agatha para arrancar informações sobre tudo que está acontecendo em Westview. A bruxa não tinha acesso ao corpo do personagem, então deu um jeitinho para enganar Wanda sem apelar para necromancia.
A obsessão de Wanda por sitcoms também é explicada em detalhes neste episódio. Em todos os flashbacks, alguma série clássica é citada em um momento crucial da vida dela: na infância em meio à guerra, na prisão, após perder o irmão. Os episódios que mostram uma realidade idílica são sempre um escapismo.
E enquanto ela parece se afundar em tristeza após a morte de Pietro, Visão surge como uma âncora. Ele tenta oferecer um ombro amigo enquanto aprende sobre sentimentos humanos e mesmo sobre humor. É uma cena fofa, que preenche algumas lacunas deixadas pelos filmes e mostra como o casal se aproximou além do óbvio “os dois estavam de castigo no mesmo lugar”.
Mais um salto no passado mostra que, depois de retornar após o “Blip”, Wanda tenta recuperar o corpo de seu amado. A surpresa aqui é que ela nunca conseguiu isso. O Visão de Westview é algo criado somente pela magia dela e por isso ele começou a se desintegrar assim que ultrapassou os limites da cidade. Além disso, temos uma breve ideia de como era o local e todos os seus habitantes antes da jovem liberar seu poder em um momento de desespero e tristeza.
Depois de olhar todos esses fragmentos do passado, Agatha Harkness conclui que a magia de Wanda é puro caos, o que a torna extremamente perigosa. Ela exclama pela primeira vez a alcunha da personagem dos quadrinhos: Feiticeira Escarlate.
Apesar de ter os pequenos Tommy e Billy como reféns, Agatha não parece realmente vilanesca sob essa nova luz. Assim como nos quadrinhos, ela parece uma pessoa genuinamente preocupada com Wanda e que apenas usou de subterfúgios um tanto extremos para entender como tanta magia poderia estar sendo controlada por uma única pessoa.
Então, se a grande ameaça da série não é Agatha nem a própria Wanda, quem poderia ser?
O grande mentiroso
Durante os flashbacks de Wanda, uma coisa chama a atenção: ela nunca roubou o corpo do Visão e os “bilhões em Vibranium” nunca saíram da posse da E.S.P.A.D.A.
O que leva a concluir que Tyler Hayward (Josh Stamberg) não apenas é um enorme mentiroso, como alguém que não aprende com o erro dos outros. No fim das contas, foi ele que foi contra os desejos do Visão de não ser revivido e não Wanda. E é isso que a cena pós creditos mostra.
Sabendo tudo que deu errado durante a criação de Ultron e todos os desastres que aconteceram por isso, ele encontra uma maneira de reconstruir uma versão do Visão para que ele seja apenas uma arma. Mesmo que o personagem não tenha falado uma única palavra, fica claro que não é o mesmo herói que conhecemos por conta da cor.
Quando o Visão “morre” em Vingadores: Guerra Infinita, ele perde o tom vermelho vibrante e fica em tons de cinza, para salientar que não há mais vida ali. Agora, o personagem reconstruído é completamente branco, salientando que não há praticamente nada do original em termos de personalidade. Basicamente, ele é um fantasma de quem costumava ser.
Isso também aconteceu nos quadrinhos, embora por mãos diferentes, e gerou enormes problemas para todos os envolvidos. O “Visão Branco” é uma entidade sem senso moral, sem empatia e incapaz de ter sentimentos.
Uma ameaça como essa pode ser contida apenas no episódio derradeiro de WandaVision, ou será que esse é o gancho que faltava para Doutor Estranho entrar em ação no Multiverso da Loucura?