Logo do Jovem Nerd
PodcastsVídeos
Tomb Raider: A Origem | Crítica
Filmes

Tomb Raider: A Origem | Crítica

Reboot da franquia traz poucas novidades, mas ainda assim diverte

Daniel John Furuno
Daniel John Furuno
14.mar.18 às 15h00
Atualizado há mais de 1 ano
Tomb Raider: A Origem | Crítica

O prêmio de Melhor Roteiro Adaptado tem sido entregue desde a primeira edição do Oscar, realizada em 1929 — sinal de que transportar obras de outras mídias para a telona é prática comum da indústria cinematográfica desde seus primórdios.

Não é surpresa que, ao longo desses 90 anos, a esmagadora maioria de indicados e vencedores na categoria tenha tido o teatro e a literatura como fontes. Peças, musicais, poemas épicos, contos, novelas, romances, biografias, memórias, livros-reportagens e artigos já foram transformados em películas consideradas dignas de figurar entre os melhores do ano — de Sétimo Céu (1927) a Me Chame Pelo Seu Nome (2017), passando por Casablanca (1942), O Poderoso Chefão (1972), Um Sonho de Liberdade (1994) e Chicago (2002), a lista é imensa.

Talvez não seja possível afirmar que Hollywood domina a arte de adaptar esses formatos — afinal, para cada indicado ao Oscar, há uma porção de bombas —, mas certamente conhece muito bem seus principais desafios e macetes. Do mesmo modo, boa parte do público já está habituada a esse tipo de filme e sabe mais ou menos o que esperar da versão cinematográfica de seu best-seller favorito. Nos últimos anos, também os quadrinhos têm ganhado cada vez mais espaço, tornando-se praticamente um gênero à parte, com reconhecimento do público, da crítica e, vez ou outra, até da conservadora Academia.

Há, no entanto, uma mídia que, pelo jeito, continua um mistério para a indústria do cinema: o videogame.

Alçados à condição de fenômeno cultural a partir dos anos 1970, os jogos eletrônicos logo chamaram a atenção dos executivos de grandes estúdios. Embora muitos roteiros originais com tramas centradas em games tenham sido filmados na década seguinte — às vezes, com resultados bem divertidos, como Tron (1982), Jogos de Guerra (1983) e O Último Guerreiro das Estrelas (1984) —, as adaptações diretas de títulos demoraram um pouco mais para aparecer. Um dos primeiros exemplos foi Super Mario Bros. (1993), que, com o perdão do trocadilho, desceu pelo ralo. Com o passar do tempo, a situação não evoluiu muito, com alguns sucessos de bilheteria, meia dúzia de películas regulares e muitas medíocres (alguém mencionou Uwe Boll?). Inclusive, costuma-se falar em uma suposta maldição dos filmes de video game — todos estariam fadados ao fracasso.

Tomb Raider: a Origem é mais uma tentativa de acabar com essa urucubaca.

O longa-metragem enfrenta o mesmo problema que qualquer adaptação de jogo. Na transposição de uma mídia para a outra, obviamente se perde uma das principais características do material original: o gameplay. O diretor norueguês Roar Uthaug tentou minimizar esse déficit criando sequências de ação que reproduzem de forma competente o visual dos games mais recentes e, assim, realizam o fan service na medida. Já os quebra-cabeças, elementos igualmente marcantes na franquia, aqui são apenas tolos — e, em certo trecho, parecem uma cópia pouco inspirada de Indiana Jones e a Última Cruzada (1989).

De modo semelhante, o roteiro de Geneva Robertson-Dworet e Alastair Siddons é irregular. Como se trata de um reboot nas telonas, foi acertado priorizar como fonte o jogo de 2013, responsável por revitalizar a série e apresentar uma nova origem para a protagonista Lara Croft. Além de diferenciar o filme de seus antecessores, estrelados por Angelina Jolie em 2001 e 2003, o foco na formação da heroína rende ao menos um momento interessante, na forma de uma brutal e decisiva luta. A trama, por sua vez, é repleta de clichês, como a relação de Lara (Alicia Vikander) com o pai ausente (Dominic West), que a leva a se aventurar em uma ilha misteriosa e encarar a ameaça do vilão ensandecido (Walton Goggins) a serviço de uma corporação maquiavélica.

A maior virtude de Tomb Raider: A Origem reside mesmo na força de sua personagem principal, uma das poucas cuja fama se estende além das fronteiras do universo gamer, e na performance de Alicia Vikander, que alia proezas físicas impressionantes a talento dramático de sobra para entregar o que o script exige.

É pouco para encerrar a maldição dos filmes de videogames, porém o bastante para render duas horinhas de diversão.

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições. Este site utiliza o Google Analytics para entender como os visitantes interagem com o conteúdo. O Google Analytics coleta dados como localização aproximada, páginas visitadas e duração da visita, de forma anonimizada.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast

Saiba mais