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Saints Row | Review
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Saints Row | Review

Com mundo aberto genérico e mal polido, reboot pouco inspirado parece um jogo da geração passada

Tayná Garcia
Tayná Garcia
23.ago.22 às 12h50
Atualizado há mais de 2 anos
Saints Row | Review

O reboot de Saints Row foi anunciado com a promessa de misturar os principais elementos que tornaram a franquia conhecida, incluindo guerra entre gangues e jogabilidade caótica. Tudo isso dentro de um universo inédito e fresco, que priorizasse a diversão.

Parte dessa proposta até foi atendida com a nova versão, só que não sem (muitos) tropeços pelo caminho.

Reboot confuso com a própria proposta

O jogo acompanha um jovem criminoso que, com a ajuda de três amigos, decide criar uma facção para enfrentar as gangues que dominam a cidade.

Com esse pano de fundo, a narrativa de Saints Row é simples e focada em crimes, humor escrachado e muita violência. Isso até funciona a princípio, apresentando missões com diálogos engraçados e vários combates frenéticos. No entanto, é uma fórmula que se repete sem inovar ao decorrer de toda a campanha, o que faz com que o ritmo não se sustente até o fim e caia na mesmice.

A parte mais positiva da trama é que o protagonista e seus amigos esbanjam carisma e é fácil se apegar a eles, dando boas risadas com suas piadas e situações. Mas o mesmo não pode ser dito dos personagens secundários da história, que não são muito aprofundados.

Eli, Kevin e Neenah são os amigos de Boss e responsáveis por boa parte do humor ácido do jogo

Além da falta de fôlego, a campanha é prejudicada pela própria jogabilidade e estrutura do mapa. A ideia do game é oferecer um mundo aberto ao estilo sandbox para o jogador tocar o terror nas ruas e se entreter com atividades secundárias da maneira que preferir. Só que, na verdade, o resultado é mundo aberto pouco inspirado e genérico, totalmente regido pela presença do protagonista – o que passa a sensação de que não há vida própria.

Em poucos minutos de jogo, o mapa já é preenchido por muitos ícones de atividades repetitivas, que vão desde fuçar latas de lixo, até participar de entregas com helicóptero que têm como objetivo, literalmente, apenas seguir do ponto A ao B. Não são tarefas muito empolgantes, além de sempre darem as mesmas recompensas: uma quantia em dinheiro, XP e uma peça de roupa.

O resultado é um universo que não incentiva o jogador a explorar, apresentando muitas ruas sem conteúdo relevante, além de também sofrer com bugs e mau polimento. Ultrapassar objetos como se fossem invisíveis, NPCs sumirem repentinamente, tomar dano do nada ao sair de um carro e veículos entrarem no asfalto foram cenas comuns ao explorar a cidade. Houve ainda um momento em que toda a interface desapareceu no meio de uma missão e não era possível sacar nenhuma arma, o que resultou na morte da minha personagem e perda de progresso.

O fato de que o universo de Saints Row parece simplesmente ignorar as leis da física – seja de forma proposital ou não – também passa a ideia de que o projeto é descuidado ou está inacabado.

O mapa fica lotado de pontos de interesse em poucos minutos e tudo é muito repetitivo e pouco empolgante

A jogabilidade aposta em uma movimentação com o objetivo de ser ágil, mas que acaba meio desengonçada. Curiosamente, isso até funciona dentro da proposta caótica da franquia, mas também resulta em um gameplay truncado. Os movimentos do protagonista não são fluídos, e as mecânicas de combate se resumem a uma roleta de armas de fogo e habilidades simples que precisam ser carregadas. O combate corpo a corpo também tem esse aspecto atrapalhado e consiste apenas em socos simples. Assim, não há muita variedade além de tiroteios por todo lado.

O visual do jogo conta com gráficos que oscilam (e muito) em qualidade, com poucas cutscenes com uma aparência bem feita. A estética é colorida e aposta em neon, mas o jogador se depara com texturas grosseiras, cores chapadas e cenários pouco chamativos a todo instante durante o gameplay.

A personalização é um dos sistemas mais parrudos de Saints Row, com inúmeras opções de customização da aparência do protagonista, que vão desde a escolha de gênero, até próteses de braços e pernas. A criação de personagem é densa e oferece muita liberdade ao jogador, mas também conta com opções que parecem só querer chamar a atenção, como optar por esconder a nudez com emojis sugestivos (ou simplesmente não cobrir).

O jogo realmente conta com muitas opções de customização, tanto que pude até criar uma lore para minha protagonista: uma vampira contemporânea criminosa, que não esconde os dentes ou a marca de mordida no pescoço

É possível jogar toda a campanha de forma cooperativa, com mais um amigo online, o que adiciona risadas à jogatina e combina melhor com a proposta do jogo.

Já a localização em português brasileiro conta com diversos erros, com traduções muito literais, confusas e fora de contexto.

Geração passada?

O reboot de Saints Row realmente entrega um mundo aberto caótico, como apontava a premissa, mas não de um jeito positivo. A sensação é que se trata do mundo aberto de uma geração passada, que até arranca algumas risadas se você desligar o cérebro para se divertir, mas faz com que o jogador sinta que já viu tudo que o game tem a oferecer logo nas primeiras horas.

A proposta de tiroteio e estética colorida não é nada inédito na indústria e já foi explorada por outros jogos do mesmo gênero – que entregaram um trabalho melhor e mais polido. Tudo isso faz com que faz com que Saints Row se perca dentro do próprio caos e se torne um título dispensável em um ano com tantos lançamentos de peso.


Este review foi feito com uma cópia cedida pela Deep Silver.

Saints Row está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC (via Epic Games Store).

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