Em 2017, Martin Scorsese criticou duramente o Rotten Tomatoes e outros sites agregadores de críticas. No último domingo (29), o cineasta voltou a criticar a plataforma:
A ideia horrível que eles reforçam é que cada filme, cada imagem existe para ser julgada instantaneamente sem dar ao público o tempo necessário para ver a obra. Tempo para ver, talvez refletir e talvez formar a própria opinião. Então, a grande arte do século 20, a arte tradicionalmente americana, foi reduzida a conteúdo.
Scorsese aproveitou para falar sobre a desvalorização do cinema enquanto uma forma de arte:
Tudo pode ser resumido com a palavra do momento: conteúdo. Todo o audiovisual é agrupado em uma coisa só. Você tem uma foto, um episódio de TV, um novo trailer, um vídeo de instruções de uma cafeteira, um comercial no Super Bowl e Lawrence da Arábia. É tudo a mesma coisa. Temos muitas opções a serem assistidas, mas o público pode simplesmente desligar e ir para o próximo conteúdo. Se não existe um senso de valor em um filme, ele pode ser simplesmente uma peça entre muitas e acabar esquecido.
Diferentemente de outros cineastas que criticam o Rotten Tomatoes, Scorsese quis focar no que as análises dos filmes ali representam em vez de acusar o site de prejudicar a bilheteria — algo que já foi provado que não acontece. O diretor de O Lobo de Wall Street entrou em uma linha de pensamento que vai contra a corrente atual da indústria, em que as críticas são algo determinante para o público decidir ou não se vai assistir a um filme.
O principal argumento que sustenta esse tipo de visão sobre a crítica é o preço do ingresso: essa parte do público diz que com os preços altos dos ingressos é melhor selecionar minuciosamente o que assistir. Outro ponto usado é o tempo — com um cotidiano cada vez mais atarefado, essa parcela dos espectadores prefere ter certeza do que vai assistir para não correr o risco de não gostar do que viu.
Alguns diretores (como Scorsese) e jornalistas preferem encarar por outra perspectiva: a de que a crítica é mais do que um guia de consumo e sim uma ferramenta de análise artística, que não deveria ser fator determinante na decisão do público de ver ou não alguma obra.