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O anúncio de What If…?, em 2019, fez os fãs da Marvel sonharem alto. Uma série animada que aproveitaria o conceito de multiverso para colocar os personagens do MCU em histórias diferentes e sem amarras parecia um passo divertido para uma franquia que havia acabado de atingir o auge. A realidade, no entanto, tomou caminhos diferentes e a produção se despede em uma terceira temporada morna, com raros picos de diversão.
O ano final da animação segue a estrutura dos anteriores: cada episódio apresenta um universo que reúne versões diferentes de heróis e vilões da Marvel, normalmente dentro de um contexto diferente. É assim que o Guardião Vermelho cruza o caminho do Soldado Invernal durante uma missão importante ou que Shang-Chi e Gaviã Arqueira unem forças no velho oeste do século XIX.
Se essas premissas são interessantes no papel, infelizmente poucas delas se concretizam em episódios divertidos. Boa parte dos capítulos presentes na última leva se tornam desinteressantes pela forma frouxa como os elementos de cada aventura são amarrados. Algo que torna os vinte minutos de duração de alguns deles quase intermináveis.
Um bom exemplo disso é o episódio em que Agatha Harkness se encontra com Kingo, dos Eternos, durante a Era de Ouro de Hollywood. Mirabolante, esse conceito não ganha um desenvolvimento interessante ou caminhos criativos, fazendo com que a história avance aos solavancos e chegue a uma conclusão tão sem sentido quanto sem impacto.
Apesar deste ser um exemplo extremo, em que pouca coisa se aproveita, várias outras histórias sofrem dessa dificuldade de criar conexões com o público. Muitos dos novos contos sofrem com os contratempos em contextualizar os caminhos que levaram à situação atual, gastando tempo demais com explicações e de menos com uma narrativa envolvente.
A própria estreia do terceiro ano de What If…? é uma prova disso. A divertida premissa de mostrar Vingadores usando robôs para combater monstros gigantes se dilui em um longo prelúdio que torna o restante da trama tão corrido que quando as coisas começam a ficar divertidas, o capítulo acaba.
A dificuldade em criar histórias envolventes se torna ainda mais lamentável quando colocada a perspectiva de que essa é a temporada final da produção. O que deveria ser uma grande despedida se torna esquecível justamente pela falta de criatividade e paixão no projeto. Afinal de contas, os pontos altos existem, mas são tão escassos e espaçados que não tiram o gosto amargo. Isso sem citar o verdadeiro final da produção.
Quem vigia os Vigias?
Assim como as temporadas anteriores, a terceira e última de What If…? chega ao fim com uma espécie de mini saga. Na da vez, o Vigia encara as consequências de suas interferências pelo multiverso e precisa ser resgatado por um time de heroínas composto por Capitã Carter, uma versão do Thor que é a Tempestade, dos X-Men, e Byrdie, a filha de Howard, O Pato e Darcy – apresentada neste ano da animação.
Essa aventura, contada nos dois episódios finais da série, encapsula muito bem o problema com a animação. Apesar de uma trama interessante, os elementos são mal organizados ao ponto de que fica difícil comprar a ligação entre as personagens. Piora quando a produção encontra uma forma preguiçosa de fazê-las superar um desafio que se tornou tão grande que nem mesmo os roteiristas conseguiram resolver.
Assim, What If…? chegou a um fim tão morno que dificilmente vai deixar saudades. Infelizmente, de todas as realidades possíveis, não vivemos em uma em que a série faz jus ao potencial criativo da própria premissa. Para nós, resta a inveja de nossas versões alternativas que puderam conferir algo tão criativo e divertido quanto essa animação poderia ser.
As três temporadas de What If…? estão disponíveis para streaming no Disney+.
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Tayná Garcia
Pedro Siqueira)
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