Em seu primeiro episódio, a série do Loki fez muita coisa: mostrou para onde Laufeyson foi após escapar em Vingadores: Ultimato, apresentou a AVT e seus agentes e, principalmente, lançou a questão: “o que faz o Loki ser assim?”. Após seis episódios, a produção chega ao fim de sua primeira temporada sem uma resposta concreta. Isso porque seu último capítulo pausa a jornada do protagonista para estabelecer um futuro grandioso para o MCU.
[Atenção! A partir de agora, spoilers do último episódio de Loki]
Após uma introdução sobre o conceito de tempo, “Por Todo Tempo. Sempre.” nos leva de volta a Loki e Sylvie. Momentos após passar pelo terrível Alioth na conclusão do quinto episódio, a dupla finalmente chega à Cidadela no Fim dos Tempos. Recepcionados por uma versão quase macabra da Senhorita Minutos, eles adentram uma luxuosa mansão habitada pelo chefe da AVT. Chamado de Aquele Que Permanece pelo holograma, ele dá as caras e apresenta Kang ao MCU. Ou quase isso.
O personagem, que ganha todo o destaque do episódio, é interpretado por Jonathan Majors. Como o astro de Lovecraft Country já foi confirmado como Kang, O Conquistador, no próximo filme do Homem-Formiga, era de se esperar que um dos maiores vilões do Universo Marvel fizesse uma chegada triunfal de Loki, mas não é tão simples assim.

Em uma longa conversa com Loki e Sylvie, Aquele Que Permanece explica sua história. Em um aceno para os fãs dos quadrinhos, ele revela que uma de suas variantes é um cientista do século 31 que descobriu a existência de vários universos em paralelo. Isso deu início a um efeito dominó que terminou com outras variantes chegando à mesma descoberta.
Essa dinâmica, que lembra a Cidadela dos Ricks de Rick and Morty, acabou mal. Enquanto algumas variantes eram capazes de coexistir em paz, algumas versões malignas causaram uma Guerra Multiversal, que foi encerrada após Aquele Que Permanece usar Alioth como arma e estabelecer a AVT para manter a ordem e impedir que suas variantes retornem e criem caos nas infinitas Terras.
Toda essa explicação serve para justificar por que ele levou Loki e Sylvie até ali. O personagem de Jonathan Majors se diz cansado após todo esse tempo no comando e por isso colocou a dupla em seu encalço. Sua ideia é simples: ou eles o substituem e comandam a Linha do Tempo Sagrada para impedir a chegada de Kang e outras variantes malignas, ou simplesmente o matam e lidam com o problema. De qualquer forma, ele fica livre do fardo de manter a ordem.

Isso leva ao grande conflito entre Loki e Sylvie. A dupla diverge sobre o que fazer, já que a maga pretende concluir o plano e matar a entidade, enquanto o Deus da Trapaça desiste da vingança por medo de que a história seja verdade e o pior aconteça. Cria-se um impasse, já que ela passa a crer que a motivação de seu aliado é traí-la para ficar com o trono — o que corresponde às ações do vilão até ali nos filmes Thor e Os Vingadores.
Este é o único momento em que a série retoma seu grande tema. Porém, a pergunta “o que faz o Loki ser assim?” fica sem respostas, já que as características que definem cada uma das versões é meramente jogada no meio de uma briga. A dificuldade de Sylvie em confiar e o fato de Loki não ser nada confiável é posta na mesa, mas meramente como um acompanhamento para o embate físico que eles travam até a jovem enganar Loki e enviá-lo de volta à AVT.
Na agência, o clima não era dos melhores. Após escapar do vazio com a ajuda dos Lokis, Mobius retorna à organização para cumprir seu plano de “queimar tudo”. Lá, ele reencontra Renslayer e a confronta sobre como a AVT é toda baseada em mentiras, em um diálogo carregado de emoções conflitantes.
O agente assume quase o papel desempenhado por Loki no início da temporada. Assim como Laufeyson fez no segundo episódio, Mobius passa a defender o livre-arbítrio enquanto a juíza se prende à fé em tudo o que lhe foi ensinado. Em mais uma atuação grandiosa de Gugu Mbatha-Raw, a personagem transita entre o medo do desconhecido, frustração por causa da mentira e, finalmente, a coragem para enfrentar a verdade. Assim, ela deixa Mobius e a AVT para trás e atravessa um portal rumo a um lugar misterioso.

Neste ponto, toda a Autoridade de Variação Temporal já descobriu a verdade — com direito a uma cena em que a Caçadora B-15 visita a verdadeira Renslayer, uma professora de Ohio. Enquanto a verdade é espalhada pela organização, Sylvie conclui seu plano e mata Aquele Que Permanece. Sorrindo, ele se despede com um “até breve”, em referência às variantes que voltarão para assombrar o MCU. Sua morte é sentida quase instantaneamente pela Linha do Tempo Sagrada, que começa a explodir em inúmeros eventos Nexus.
Ao fim, Loki decide agir e busca por Mobius dentro da AVT. Ao encontrar o amigo, ele percebe que tudo mudou, já que ninguém se lembra dele. Essa descoberta chocante é interrompida pelos créditos, que chegam ao fim com a confirmação de que a série ganhará segunda temporada.
A confirmação vem em boa hora, especialmente porque o final de sua temporada deixa muitos ganchos que dificilmente seriam respondidos em outras produções do Marvel Studios. O que Sylvie fará após concluir sua vingança, como a AVT vai lidar com a quebra na Linha do Tempo Sagrada, para onde Renslayer foi, e principalmente: o que fará Loki em meio a isso tudo, só o próximo ano poderá responder.

Isso porque o episódio estabeleceu o tom de boa parte dos próximos lançamentos do MCU. Com Kang confirmado em Homem-Formiga 3 e o multiverso ganhando força em filmes como Doutor Estranho 2 e Homem-Aranha 3, essa quebra na linha do tempo promete render muito pano para manga.
É uma pena que para isso, o final tenha deixado um gosto amargo na boca de quem foi cativado pela jornada de Loki e Sylvie. Mesmo com novos episódios já confirmados, é difícil escapar da sensação de que faltou capricho ao amarrar essa primeira temporada de forma que compensasse o investimento feito até aqui. Especialmente porque essa conclusão faz o caminho inverso e abre mão do estudo de personagem que fez Loki ser tão divertida de acompanhar.
Não que a conclusão tenha jogado fora todo o desenvolvimento de Loki, e nesse ponto Sylvie, especialmente por ter posicionado a dupla em pontos interessantes para o que foi desenhado para o MCU. Com isso, Loki chega ao fim bagunçando o multiverso mas depositando esperanças em Deuses da Mentira. A série pode não ter respondido o que faz um Loki, mas certamente reafirmou a importância do personagem no Universo Marvel.
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