Antes de qualquer coisa, sabemos que boa parte dos comentários virão com admiração (irônica ou não) pelo fato de The Walking Dead seguir em exibição após 12 anos e 11 temporadas. Mas, despido de preconcepções e com uma dosezinha de boa vontade com anos anteriores realmente fracos, o espectador que ainda acompanha a trama de zumbis encontra um espetáculo de ação e suspense ainda bastante competente, e no caminho certo para encerrar sua história na telinha com louvor.
Exibida no Brasil pelo streaming Star+, TWD retornou ao ar no último domingo (2), para o primeiro dos oito episódios finais da décima-primeira temporada (com 17 capítulos, ao todo), que também marca o fim da série. E não há tempo a perder, porque o relógio corre na mesma intensidade em que os conflitos do atual ano apontam para um clímax explosivo.
[Atenção: Spoilers do episódio abaixo]
Daryl (Norman Reedus), Maggie (Lauren Cohan), Aaron (Ross Marquand) e companhia continuam encurralados pelo agora vilão Lance Hornsby (Josh Hamilton), e parte do exército de Commonwealth, após descobrirem que a comunidade não é mesmo o que aparenta.
Chamado de “Confinamento”, o capítulo dedica boa parte de seu tempo ao jogo de gato e rato entre os dois grupos, com cenas de ação competentes e todo um planejamento de guerrilha que não faz feio em comparação com a “época de ouro” da série, em temporadas anteriores. É uma pena, porém, que a dinâmica venha com um dos vilões mais desinteressantes que a trama bolou em toda a história.

Em teoria, Hornsby deveria funcionar como a personificação da força quase imbatível que é a Commonwealth, e até com uma dose de insanidade antecipada no gancho da parte 2 da temporada. Mas o que se vê é apenas um almofadinha sedento por poder, com a profundidade dramática de uma poça d'água. Se ele, pelo menos, funciona para o que o arco dramático atual se propõe, esperava-se um pouquinho mais de esmero de uma franquia que trouxe personas interessantes como o Governador (David Morrissey) e Negan (Jeffrey Dean Morgan).
O último brilha como ponto de ligação entre as duas tramas da reta final, já que vira praticamente o infiltrado do grupo dentro da Commonwealth. Deliciosamente dissimulado, Negan articula as sementinhas da discórdia dentro da comunidade, junto da também excelente Carol (Melissa McBride).

Com mais sete episódios pela frente e bem distante dos rumos que a HQ original ditou, The Walking Dead caminha para resolver o que pode dentro das tramas ainda em movimento. Ainda que o início seja promissor, há de se considerar que boa parte do fator surpresa reservado aos capítulos finais se perdeu com os anúncios de derivados já em produção. Mesmo com Negan, Maggie, Daryl e Carol salvos, fica a expectativa que o raio de inspiração de temporadas memoráveis como a quarta e a quinta caia novamente para “um” final satisfatório, mesmo que não seja “o” final.
Flashbacks para cenas e personagens de anos anteriores dão o tom de que a nostalgia e o fan service também ditam o tom desta reta final. Por que não, então, sonhar com uma aparição de um certo xerife sumido há alguns anos? Quem viver, verá.
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The Walking Dead exibe episódios inéditos aos domingos, em transmissão simultânea com os EUA, pelo streaming Star+. Todas as temporadas anteriores também estão em catálogo.