)
Ao longo das décadas, a figura dos Jedi passou por mudanças dentro do universo de Star Wars. Se antes a ordem era tida como quase “perfeita”, hoje a franquia deixa claro que a organização tem camadas de cinza, o que torna tudo mais interessante. Essa é uma das premissas de The Acolyte, nova série que estreou com dois episódios no Disney+.
- O que assistir no streaming e cinema em junho de 2024
- Primeiro episódio de Star Wars: The Acolyte tem morte chocante
A trama aqui é que Jedi começam a ser assassinados misteriosamente, e cabe ao mestre Sol (Lee Jung-jae, de Round 6) e sua ex-padawan Osha (Amandla Stenberg, de O Ódio Que Você Semeia) investigar o que está acontecendo. Os dois primeiros episódios contam com muitas reviravoltas, então é melhor deixar a sinopse só por isso mesmo, mas um dos pontos interessantes é que a série deixa o público com uma pitada de dúvida sobre os motivos de tais crimes.
Em um primeiro momento, tudo parece uma história de vingança, de uma pessoa que se sentiu traída pelos Jedi em algum momento. Isso não é novo na franquia, visto que o próprio Anakin Skywalker já questionava os métodos da organização na Trilogia Prelúdio. O acerto aqui é que a série não influencia o público a ficar ao lado da ordem imediatamente.
Já durante o primeiro ataque somos levados a pensar no lado da pessoa que está se vingando, já que ela parece ter uma grande motivação. E, mais interessante ainda, no decorrer dos dois episódios de estreia, a conduta de tal pessoa é também colocada em xeque, deixando a sensação de um narrador não confiável e uma dúvida sobre de qual lado devemos ficar.
Felizmente, essa resposta não é dada rapidamente e, sinceramente, seria até melhor se ela não existisse. No final das contas, tanto a ordem Jedi quanto aqueles que a questionam possuem pontos válidos. A riqueza é ter um material que explore isso e incentive o pensamento crítico do público – claro, com muita ação envolvida.
A Alta República Jedi
Elenco faz bonito em The Acolyte (Disney/Divulgação)Essa nova forma de pensar sobre os Jedi faz de The Acolyte uma série muito promissora, especialmente ao mostrar como era a Alta República, uma era pouco retratada e cheia de mistérios. O caminho escolhido, pelo menos nos dois primeiros episódios, parece ser de uma reverência comedida, deixando claro que a ordem tem uma grande importância, mas tanta burocracia que incomoda até o mestre Sol em determinado momento.
Aliás, toda essa sensação de dubiedade só é possível pela boa atuação do elenco. Mesmo com pouco tempo de tela (uma pena), Carrie-Anne Moss entrega uma Jedi madura, em momentos que até acenam para a Trinity, de Matrix. Amandla Stenberg se destaca ao mostrar uma certa rebeldia contra a ordem, e Lee Jung-jae acerta ao entregar a figura de um mestre Jedi bondoso e poderoso, um clássico de Star Wars.
The Acolyte, na verdade, entrega vários elementos clássicos da franquia, com uma nova roupagem. Temos a relação entre um jovem e seu dróide, um mestre que tenta ensinar as mentes mais novas, um wookie, muito uso da Força e de sabres de luz, e até frases conhecidas, como a sensação de “um sentimento ruim” sobre alguma coisa. Felizmente, nada parece jogado ou fruto de um puro fanservice. As referências existem em momentos que fazem sentido e soam orgânicas, mais como uma parte importante daquele universo, do que uma “obrigação narrativa”.
Após muitos tropeços nas telonas (e também nas telinhas), The Acolyte parece, por enquanto, uma boa adição ao universo de Star Wars. Os momentos de ação são bem feitos, há um mistério engajante nos bastidores e o elenco parece afiado o suficiente para entregar uma boa jornada. Resta esperar que a produção não perca o fôlego nos próximos seis episódios.
Os dois capítulos de estreia de The Acolyte estão disponíveis no Disney+.
Gabriel Avila
Paloma Pinheiro)
)
)
)
)
)
)
)
)
)