Depois da repercussão do polêmico documentário Deixando Neverland, os produtores de Os Simpsons decidiram o retirar das plataformas de streaming o episódio "Stark Raving Dad", que traz participação especial de Michael Jackson.
Em entrevista ao Wall Street Journal, o produtor executivo da animação, James L. Brooks, confessa que não acreditava nas acusações contra o cantor e foi assistir ao documentário querendo crer que tudo aquilo era mentira. Não foi o que aconteceu e Brooks se surpreendeu com relatos "convincentes e desoladores". "Me parece a escolha certa a fazer. O filme deu evidências de um comportamento monstruoso", justifica o produtor.
A decisão de apagar o episódio dos serviços de streaming passou também pela aprovação de outros produtores — incluindo o criador da animação Matt Groening, que também acredita na versão da história contada pelas supostas vítimas em Deixando Neverland.
Os produtores inclusive já tinham pensado em remover o capítulo antes, mas não fizeram isso pois os processos legais contra MJ foram arquivados em 2005 devido a falta de provas. Há quem diga que a ação seja um ato censura; o produtor não concorda e justifica: "Eu sou contra queimar livros de qualquer maneira. Mas esse é nosso livro e a gente está no direito de tirar um capítulo".
Segundo Brooks, o episódio era como um tesouro para equipe de Os Simpsons, mas eles precisavam removê-lo para mostrar compaixão pelas pessoas supostamente afetadas pelo músico. Eliminar a existência do episódio antigo em plataformas de streaming, transmissões na TV , discos de DVD e Blu-ray é um processo que demorará, mas Brooks garante que a equipe está trabalhando nisso desde já.
"Stark Raving Dad" é o primeiro episódio da terceira temporada de Os Simpsons, que foi ao ar em 1991. Nele, o músico dubla um paciente internado em um hospital psiquiátrico que acredita ser Michael Jackson. Veja um trecho abaixo:
O documentário de Michael Jackson
No auge da sua carreira, Michael Jackson começou uma longa relação com dois garotos — na época com 7 e dez anos — e suas respectivas famílias. Agora com 40 e 36 anos, James Safechuck e Wade Robson relatam supostas experiências traumáticas da convivência com o astro do pop no documentário de quatro horas.
A repercussão de Deixando Neverland deixou várias represálias negativas para os herdeiros do cantor que morreu em 2009. Um musical com as canções do astro estava em testes e ensaiando para chegar a Broadway em 2020. Com medo da recepção do filme, a família decidiu cancelar as apresentações e a chegada da peça em Nova York.
Dirigido por Dan Reed, o documentário já foi exibido na HBO americana e também no festival de Sundance. As quatro horas de filme são divididas em duas partes — a primeira indo ao ar no Brasil em 16 de março, às 20h, e a parte final no dia seguinte, também às 20h, na HBO.