Futuro de Númenor é destaque em quarto episódio de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder

Chegamos à metade da primeira temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, nova série sobre o universo de J.R.R. Tolkien produzida pelo Amazon Prime Video.

Rivalidade e mistérios marcam o terceiro episódio de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder

Após três capítulos que serviram para estabelecer quem são os personagens e suas jornadas, a série aposta na divisão de núcleos para desenvolver melhor algumas narrativas, incluindo o reino de Númenor e Galadriel (Morfydd Clark).

[Spoilers de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder a partir daqui]

Antes de entrar no episódio em si, é válido falar sobre a sequência de abertura de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder. Apresentado desde o segundo episódio, o vídeo conta com uma música composta por Howard Shore, embora Bear McCreary assine a (boa) trilha sonora original da série.

Na sequência, pequenas pedras se movem ao ritmo da música, remetendo à própria criação de Arda, narrada por Tolkien em O Silmarillion. Logo no início do livro, o autor fala sobre a “música dos Ainur”, feita em harmonia a partir de um tema indicado por Eru Ilúvatar. Então, em meio às notas que combinavam entre si, surgiu um tema dissonante, criado por Melkor, que se tornou o vilão da Primeira Era. Ao ver a abertura, parece que a série fala sobre uma melodia harmoniosa, que é invadida por algo sombrio.

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Indo para o episódio em si, ele começa falando sobre Númenor e um suposto sonho profético da rainha regente Míriel (Cynthia Addai-Robinson), que passa a temer sobre o futuro do local. Isso a coloca em uma situação ainda mais delicada em relação a Galadriel, já que a presença da elfa é considerada um presságio do desastre que está por vir. Neste momento, a série acerta ao detalhar o que realmente está acontecendo na ilha e por que há tanta inimizade entre elfos e mortais.

Ainda que a justificativa dada por Míriel não seja tão convincente assim, ela ao menos existe e ajuda o público a absorver melhor as dinâmicas mostradas ali. Outro ponto interessante é a evolução Pharazôn (Trystan Gravelle), que mostra ter a confiança do povo de Númenor, mais até do que a rainha regente.

A progressão do núcleo também serve para acrescentar novas camadas à Galadriel. Ainda que siga distante da visão etérea da elfa da Terceira Era, a personagem de Morfydd Clark se depara com situações inesperadas e particulares, que a fazem repensar, ao menos em parte, suas ações explosivas. Se até agora Galadriel resolveu suas questões pelo fio da espada, ela parece finalmente começar a entender que há outros caminhos para conquistar o que deseja, e isso inclui o apoio de Míriel em sua jornada contra as forças do mal que ainda existem.

Enquanto essa parte da história acontece, a série volta para Arondir (Ismael Cruz Cordova) e Adar (Joseph Mawle), que finalmente foi mostrado em sua plenitude no quarto episódio. Indicando que o general de orcs não é Sauron, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder aproveita a chegada do personagem para trazer algo novo sobre as criaturas do mal. Se na trilogia principal vimos Uruk-hai alimentando-se de si mesmos sem nenhuma cerimônia, Adar parece sentir pelos orques que morrem e recebe de volta um certo respeito por parte deles. Isso torna o personagem um dos mais interessantes da série até aqui, já que ele acrescenta algo para a mitologia já conhecida de Tolkien.

Chamado de “A Grande Onda”, o capítulo também volta a abordar a abalada amizade entre Elrond (Robert Aramayo) e o príncipe Durin IV (Owain Arthur). Ainda que a relação pessoal entre eles siga estranha, o núcleo progride quando os anãos encontram um novo minério misterioso, que parece até bom demais para ser verdade. Durin também se destaca mais aqui, mostrando que sua desconfiança com Elrond está relacionada ao súbito interesse de Celebrimbor (Charles Edwards) sobre as habilidades dos anãos. Ainda que claramente goste do amigo, o príncipe percebe que há um interesse a mais em sua visita, e esse suspense o deixa desconfortável.

Sobre a parte técnica, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder segue errando e acertando nas mesmas coisas dos episódios anteriores. A trilha sonora e a edição de som tiveram grande destaque no quarto episódio, pontuando momentos grandiosos e de batalha. Já os efeitos visuais seguem incomodando em determinadas cenas, que parecem plásticas demais e pouco imersivas. Um bom exemplo disso é o próprio reino de Númenor. Embora a representação da ilha seja imponente, tudo o que foi mostrado até agora é claro e perfeito até demais, como se aquele lugar não tivesse uma história. Destoa de outros cenários conhecidos da Terra-média, que são monumentais, mas desgastados em algumas partes, indicando que várias coisas já aconteceram ali.

Outro ponto negativo são alguns personagens que seguem perdidos na história, e ainda não mostraram sua verdadeira importância. Nesse quesito, podemos citar Theo (Tyroe Muhafidin), Bronwyn (Nazanin Boniadi), Eärien (Ema Horvath) e Kemen (Leon Wadham). Com várias narrativas para desenvolver, ao ponto de precisar intercalar núcleos entre os episódios, segue a dúvida se foi uma boa decisão inflar a série com vários nomes inéditos, que seguem ocupando um certo tempo de tela sem muito objetivo – pelo menos até aqui.

Mesmo assim, “A Grande Onda” é um bom episódio de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder. Diferente do terceiro capítulo, que errou a mão na quantidade de mistérios, o episódio desta semana equilibrou bem o que entregar e o que esconder do público. Além disso, os desenvolvimentos de Númenor e Galadriel foram benéficos para estes núcleos, que agora parecem prontos para a próxima etapa da aventura.