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Crítica | Desventuras em Série - Primeira Temporada
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Crítica | Desventuras em Série - Primeira Temporada

O verdadeiro infortúnio seria deixar de assistir a algo tão especial

Marina Val
Marina Val
12.jan.17 às 18h19
Atualizado há mais de 8 anos
Crítica | Desventuras em Série - Primeira Temporada

Desventuras em Série, a série da Netflix que adapta a coleção de livros homônima, é uma obra que consegue trazer alegria através de infortúnios. Não exatamente por sentirmos felicidade com as desgraças que acontecem na vida de Violet, Klaus e Sunny Baudelaire, mas sim porque as adversidades que as crianças enfrentam conseguem proporcionar uma experiência tão inesquecível quanto esses episódios.

A trama é ambientada em um espécie de realidade fantástica, em um mundo que se parece um pouco com o nosso, mas não é possível de se apontar uma época ou um lugar específico por conta de seus anacronismos. Carros e eletrodomésticos parecem novos e velhos ao mesmo tempo, os cenários são apresentados com um exagero digno de desenhos animado e os personagens são retratados de maneira caricata e se tornam mais profundos ao decorrer da história. Até alguns efeitos em computação gráfica que são propositadamente aparentes (contrariando a máxima de que bons efeitos especiais precisam ser invisíveis ao público) reforçam a ideia de algo que não pertencem ao nosso mundo.

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A estética que mistura características da direção de Wes Anderson com a melancolia dos filmes da Família Adams (talvez pelo envolvimento de Barry Sonnenfeld, diretor do longa de 1991, como produtor-executivo da série), cria algo verdadeiramente único que foi deliciosamente pensado para agradar toda a família. O encantamento trazido pela história já começa na vinheta de abertura que recapitula as desgraças na vida dos pequenos Baudelaire e prepara para os eventos terríveis que estão por vir. Além disso, a letra muda levemente ao longo dos episódios e só isso já é motivo suficiente para não pular a introdução nem uma única vez.

Se gosta de finais felizes, procure em outro lugar

A série adapta os livros de maneira bastante fiel, com alguns diálogos e situações acontecendo exatamente como os leitores conhecem. Entretanto, as tramoias do vilão, Conde Olaf, se tornam mais elaboradas, além de incluir alguns personagens para criar um clima de conspiração e entreter adultos também, diferente da obra literária, que foca primariamente em crianças e adolescentes como público-alvo.

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Esta não é a primeira tentativa de retratar o universo dos livros em outra mídia. Em 2004, existiu uma versão cinematográfica da mesma história com Jim Carrey. Entretanto, o ritmo era extremamente apressado por tentar condensar três livros em um único longa, enquanto na série da Netflix a história encontra mais tempo para respirar e se desevolver.

Na nova adaptação, cada livro foi dividido em dois episódios e esta é a melhor escolha até agora, por instigar o espectador a continuar assistindo, sem diluir a trama ou cortar momentos importantes. Mesmo os trechos inventados apenas para a série não parecem fora de contexto ou de tom e servem para instigar a curiosidade de quem já sabe tudo sobre o material original.

Enquanto isso....

A escolha por Neil Patrick Harris no papel de Conde Olaf não poderia ter sido mais acertada, já que a veia cômica do ator é perfeita para entregar todas as nuances do vilão canastrão sendo ao mesmo tempo maquiavélico, misterioso, engraçado, ameaçador e carismático. E, mesmo que a história de Desventuras em Série seja sobre as crianças Baudelaire, o interprete de Olaf é quem realmente dita o tom que a série tem. O talento de Neil para a música também é muito bem aproveitado, tanto na abertura da série, que implora para que você assista a outra coisa, quanto em canções que fazem parte da apresentação da trupe de teatro da qual ele faz parte.

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Patrick Warburton como Lemony Snicket, narrador da história, também é uma grata surpresa. Ele consegue manter a postura séria e pessimista enquanto quebra a quarta parede e adiciona um pouco de humor às desgraças.

Para Beatrice - querida, adorada, morta

Assim como nos livros, em nenhum momento a adaptação da Netflix subestima seus pequenos espectadores. Ela lida constantemente com morte, perda e pessoas ruins tentando fazer mal a crianças por pura ganância. Os momentos de real felicidade são, como o narrador tenta avisar desde o começo, poucos e breves, mas a engenhosidade das crianças para tentarem escapar de cada uma das situações desagradáveis oferece um alívio catártico.

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Até as explicações sobre qualquer assunto durante os diálogos são muito bem contextualizadas e normalmente fazem piada de todos os adultos que ignoram o que crianças têm a dizer. É uma visão que funciona bem tanto para fazer com que os pequenos se identifiquem com as situações, quanto para que adultos se lembrem de quando isso acontecia com eles e talvez repensem algumas atitudes.

O verdadeiro infortúnio de Desventuras em Série seria deixar de assistir a algo tão especial por qualquer motivo que seja. Ignore os avisos e não desista de acompanhar as desgraças na vida das crianças Baudelaire. A sua vida pode parecer menos pior depois disso.


*A Netflix disponibilizou antecipadamente os quatro primeiros episódios da primeira temporada da série para fins de review.

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