Há anos se fala da tal fadiga dos super-heróis, e ela parece cada vez mais real. Quando se anuncia uma nova produção, conversa-se mais sobre possíveis aparições especiais ou como o tal lançamento vai se encaixar no universo compartilhado e coisas do tipo. Assim, é um alívio que Comando das Criaturas inaugure o novo Universo DC não com promessas megalomaníacas sobre o futuro, mas sim com uma mistura caótica de caos, ação e comédia absurda.
Não que a animação saia ilesa de alguns dos pedágios exigidos por fazer parte de um universo compartilhado. Os dois primeiros episódios deixam claro que os eventos se passam após o filme O Esquadrão Suicida (2021) e a primeira temporada de Pacificador. Felizmente, essas ligações são resumidas em breves diálogos expositivos para abrir espaço para o que interessa: a apresentação dos novos mocinhos – ou quase isso.
Na trama, a feiticeira Circe reúne um grupo terrorista para invadir o Pokolistão, um pacato país do leste europeu. Com a chegada de uma nova ameaça, Amanda Waller (Viola Davis) reúne um grupo de criminosos para impedir a vilã em nome dos EUA. Porém, como o governo proibiu o uso de humanos, ela escolhe prisioneiros não-humanos e, assim, o tradicional Esquadrão Suicida dá lugar ao Comando das Criaturas.
A série animada mantém a assinatura que James Gunn imprimiu nesse cantinho de esquisitos do UDC com O Esquadrão Suicida e Pacificador. Nos dois episódios iniciais, o roteirista reúne personagens pouco conhecidos fora das HQs, como Doutor Fósforo (Alan Tudyk), Doninha, Nina Mazursky (Zoë Chao) e G.I. Robot (Sean Gunn), e aproveita a estranheza de terem que trabalhar juntos sem se conhecerem para desenvolvê-los com a missão em andamento.

Os grandes destaques dos capítulos de estreia foram o General Rick Flag Sr. (Frank Grillo), o líder humano da equipe, e a Noiva (Indira Varma), que quase toma o protagonismo para si graças a ligações pessoais com o local em que a missão se passa. A história passa a orbitar em torno da dupla, mas sem deixar o resto do time para trás — o que é útil não só para que a trama não se perca quanto para destacar cada figura em seu próprio tempo.
No quesito animação, Comando das Criaturas também traz um belo cartão de visitas. Produzida pelo estúdio europeu BobbyPills, a série chega um patamar acima das tradicionais produções de super-heróis graças a uma riqueza visual estilosa e caprichada. Há um grande charme no equilíbrio entre o cartunesco exigido por uma produção protagonizada por monstros, mas sem tirar o pé da realidade. Um acerto que se confirma ainda mais quando a ação toma conta.
As sequências de combate são fluidas e executadas com um capricho que empolga pela criatividade, que abre mão da entediante dinâmica de “poder versus poder” e obriga os personagens a serem criativos e lutarem com as armas que têm em mãos – seja dons mágicos, armas ou uma frigideira.
Com isso tudo, I faz uma estreia caótica, divertida e cativante ao ponto de bastar por si própria. É claro que o seriado pode cair em tentação e cair em alguns dos vícios comuns aos universos compartilhados. Porém, os dois primeiros episódios fazem por merecer um voto de confiança monstruoso.
Comando das Criaturas está disponível para streaming na Max. A animação ganha novos episódios às quintas-feiras.
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