A Bienal do Livro de Minas vai de 15 a 24 de abril em Belo Horizonte e vai contar com três jovens expoentes da literatura de fantasia (que a gente conhece bem por aqui): Eduardo Spohr, Affonso Solano, André Gordirro.
A nova fantasia brasileira tem destaque dentro dos primeiros dias do evento. Os três autores falarão com o público sobre o gênero e o ofício de ser autor de fantasia no Brasil, além de autografar suas obras e trocar ideias com os fãs.
Programação
No sábado (16), às 14h30, André Gordirro participa da mesa de Ficção & Fantasia, dentro do espaço Geek & Quadrinhos, ao lado de Bianca Pinheiro e Samuel Medina. Depois, o autor segue para o estande da rede Leituras para assinar Os Portões do Inferno, seu romance de estreia no gênero de fantasia medieval, inspirado no RPG Dungeons & Dragons, lançado pela editora Rocco.
Domingo (17), dentro do espaço Conexão Jovem, Affonso Solano, da série O Espadachim de Carvão, e Eduardo Spohr, de A Batalha do Apocalipse e Filhos do Éden, falam com o público em geral, às 13h e 17h, respectivamente. No dia seguinte, às 19h, no Café Literário, Spohr se junta a Jim Anotsu em uma palestra sobre a literatura infantojuvenil brasileira.
Entrevista
Perguntei um pouco sobre a experiência de cada um e o momento da literatura brasileira atual:
JNN: O que muda para o autor, quando falamos de "participar de uma bienal"? Como se diferencia de um lançamento tradicional, sabe?
Eduardo Spohr: Nós, autores, costumamos dizer que a Bienal é como um grande festival de música, só que voltado à literatura. Isso significa que sempre há uma energia diferente nas bienais: são centenas de pessoas que percorrem os pavilhões compartilhando seu amor pelos livros. E, é claro, é sempre um prazer participar de um evento do tipo.
Affonso Solano: Para um autor, participar de uma Bienal é como interpretar um taberneiro em um mundo fantástico - é a honra de se inclinar sobre o balcão de madeira e sussurrar no ouvido dos leitores qual será a próxima aventura. :)
André Gordirro: Bienal é o Oscar do livro, só que sem prêmio, mas que reúne todo mundo do mercado lá. Comecei indo a Bienais como leitor, depois jornalista cobrindo o evento, aí como tradutor e, ufa, agora como escritor — e, claro, sem nunca deixar de ser leitor, porque na verdade a Bienal é voltada pra quem lê. No lançamento tradicional, só está você e seu público; na Bienal, estão todos os públicos e toda a gente legal que escreve, edita e torna o livro possível de existir. Ou seja, é um lugar mágico, como as grandes bibliotecas do mundo de fantasia. Dá para imaginar o Gandalf pesquisando sobre o Um Anel ali.
JNN: No passado, quando éramos crianças e adolescentes, a gente só podia sonhar em conhecer nossos autores preferidos. Hoje a gente fala com eles via Twitter, Facebook e pode dar um abraço nos eventos. Como você se sente sendo o autor preferido de muitas pessoas, também recebendo esse carinho pessoalmente?
Eduardo Spohr: É sempre um estímulo extra para continuar a escrever. Imagino que seja assim com todos os escritores: o carinho dos leitores nos dá esse combustível, nos preenche e nos emociona. É algo tão forte que cheguei a falar sobre isso no prefácio do meu livro mais recente — "Filhos do Éden: Paraíso Perdido". Realmente uma sensação indescritível.
Affonso Solano: Ter a oportunidade de impactar a vida de terceiros - da mesma forma que eu também sou impactado por outras histórias - é muito recompensador, além de uma óbvia responsabilidade. E eu vejo esse contato direto que as redes sociais permitem como algo próximo a contar histórias ao redor de uma fogueira: o feedback do seu trabalho está logo ali na sua frente para que você possa entendê-lo. O desafio está em saber medir essa relação.
André Gordirro: Melhor momento que esse é impossível! Imagine só, via twitter eu tive contato com o Scott Westerfeld, de quem sou tradutor de vários livros, me apresentei e ainda trocamos ideia sobre um termo inventado por ele que eu queria traduzir da melhor forma possível. E aqui do meu lado como escritor, poxa, é tanto inbox, elogio, dúvidas sanadas com os leitores que fazem você ganhar o dia. E o mais bacana dessa geração é não torcer o nariz para o material nacional. Acho que todo nós que amamos ler literatura fantástica queríamos autores e ídolos vivendo aqui-agora-ao-alcance-de-todos, entende?
Se você quiser saber mais detalhes sobre a agenda dos autores, só clicar aqui (Eduardo Spohr) e aqui (Affonso Solano). Mais informações sobre a Bienal do Livro de Minas 2016, aqui.