O novo jogo Uncharted: The Lost Legacy está incrível, atraindo elogios de todos que o jogaram, incluindo a gente. Mesmo com uma produção curta, em comparação com outros da franquia, o título superou expectativas e mais uma vez mostrou a maestria da Naughty Dog.
Detalhes sobre sua produção, a motivação por trás da história e até o futuro da franquia foram alguns dos temas abordados por Kurt Margenau, diretor do jogo, e Shawn Escayg, diretor criativo, durante uma mesa redonda que contou com a participação do Jovem Nerd News! Abaixo você confere algumas das melhores partes da conversa.
O que é Uncharted para vocês?
Shaun Escayg: Eu diria que Uncharted é um universo de ladrões, Nathan Drake era nosso herói deste mundo, um personagem que não conseguia desistir e sempre precisava fazer de tudo para prevalecer e ser esse herói. O que é interessante deste mundo é que ele pode ir para muitos caminhos diferentes, como podemos ver com na história de Chloe e Nadine, que são os anti-heroínas que não puderam fazer essas coisas antes. Elas dão uma nova perspectiva para o universo de Uncharted, que eu sempre considerei meio que como o Rogue One no universo de Star Wars. Então o mundo é maior do que o Nathan Drake e dá mais oportunidades.
Quando o jogo foi anunciado, ele era chamado de “DLC standalone”, mas agora parece que todos o consideram um jogo próprio e até pararam de usar esse termo. Era para ele ser algo tão grande assim desde o começo ou isso é algo que mudou ao longo do desenvolvimento?
Kurt Margenau: Mudou durante o desenvolvimento. Quando demos a ideia inicial do jogo, que seria um Uncharted 5, pensamos: “Não podemos fazer isso! Muito grande!” (Risos) Então descartamos isso e começamos a pensar em como fazer algo menor. Demos outra ideia e pensamos: “certo, a gente acha que isso é pequeno”. Então começamos a fazer isso, mas só o fato de buscarmos criar algo impressionante, contar a história de todo mundo, o jogo expandiu. Nós precisávamos de tempo, precisávamos de espaço para deixar o jogo respirar um pouco e foi assim que terminamos com um título completo.
Shaun Escayg: E nós também não somos muito bons em saber quanto tempo tem o jogo só pela estrutura da história. Mesmo quando tínhamos a versão “menor”, achávamos que ele tinha umas quatro horas de duração. Até naquela época, com aquela estrutura, ficou maior durante a construção. Então simplesmente não somos muito bons prevendo como essas coisas serão, mas por sorte estamos em um lugar onde podemos nos adaptar a isso e se for algo interessante, recebemos os recursos e somos sortudos por termos isso.
Tem alguma outra ideia em termos de mecânicas ou jogabilidade que vocês tivera, mas acabaram não colocando no jogo?
Kurt Margenau: O grande foco foi ter uma nova protagonista e novos personagens, contar uma história diferente. Nós tivemos um tempo de produção menor, mas sempre tentamos colocar o máximo possível, então sim, teve um monte de coisas que queríamos fazer, todo jogo tem coisas que não podemos colocar por diversas razões. Mas eu sinto que conquistamos o que queríamos, acho que fizemos algo diferente, em comparação com Uncharted 4, que é esse senso de exploração que nunca tivemos. A recepção foi muito mista, tem gente que não gosta dessa abordagem, e quando tentamos algo diferente acho que esse tipo de coisa acontece. Mas estou contente de ter feito, acho que é um passo na evolução de Uncharted.
Shaun Escayg: É fácil pensar que não tem nada novo, mas tem. Aquele espaço aberto não apenas deu um senso de exploração, mas também misturou a narrativa e o gameplay mais do que já fizemos antes. As personagens não se conhecem, você não conhece o mundo, mas você pode explorá-lo, elas o exploram e você pode conhecer as duas conforme elas se conhecem. Então isso suporta a narrativa e é algo do qual nos orgulhamos muito.
O jogo é sobre Chloe e Nadine e elas não têm muito em comum, o que acaba virando parte da narrativa, que é muito bem contada. Qual foi a inspiração e por que juntar estas duas personagens?
Kurt Margenau: Chloe é uma personagem interessante. É uma das preferidas dos fãs, amada dentro e fora do estúdio, mas não sabíamos muito sobre ela. Sabemos que ela tem a tendência de se preservar e é meio que por isso que a achamos tão interessante. Por que ela faz isso em vez de fazer o que é certo? Será que essa personagem que sempre foge poderia resistir e persistir para se tornar uma heroína como Nathan Drake? Quando decidimos trabalhar nisso, pensamos: qual outro personagem poderia trazer o pior (risos) e o melhor de Chloe Frazer? E a Nadine foi o par perfeito, porque ela tem algumas características muito parecidas: ela se protege em primeiro lugar, se você jogou Uncharted 4 sabe que quando as coisas ficam quentes, ela fica pronta para fugir. Mas ao mesmo tempo ela é o completo oposto de Chloe, ela é pragmática, segue as regras, sem fazer coisas sem sentido e está se juntando com alguém que é muito enigmática, caótica. E essa ladra e essa líder militar precisam fazer um trabalho que pode custar muito caro para elas, o que é empolgante. Esse foi o ponto de partida e como esse conflito vai levá-las a algo maior do que elas mesmas. É essa a história que queríamos contar.
Shaun Escayg: E aquela sensação de enganação que a Chloe tem. Ela é alguém que você não conhece bem. A ideia de que ela pode estar escondendo algo do próprio jogador, ela é alguém que a pessoa que a controla não sabe onde se posiciona moralmente. Você se pergunta: “eu sou boazinha? Eu sou má? Estou do lado dessa pessoa?” Essa incerteza é divertida e combina com ela, achamos que seria bastante distinto colocar a personagem do jogador ter esse tipo de mistério que Nathan não tinha. Nathan era sempre o herói, 100%, e Chloe ainda não tinha sido isso. Queríamos brincar com essa ideia.
Vocês acham que a Chloe pode acabar sendo o novo pilar do futuro de Uncharted?
Shaun Escayg: Quer saber? Eu acho que sim, com certeza. Não temos nenhum plano disso, mas ela é bastante profunda, muito mais do que aparenta, acho que isso é o mais interessante nela como personagem, sempre foi. Então sim, acho que ela pode e que vários outros personagens podem ir em diferentes direções. De novo, este mundo é enorme e os temas que podem ser explorados em Uncharted rendem muitas histórias diferentes. Seja lá de onde as melhores histórias vierem, estamos dispostos a explorar.
Kurt Margenau: Se você perguntasse para a Naughty Dog quando o primeiro Uncharted saiu se eles esperavam fazer uma série de quatro jogos ao longo de dez anos, eles diriam: “Ahhhh, eu não sei, talvez” (risos). Acho que se a Chloe não fosse uma personagem forte que a gente sentisse que dava para construir algo em cima, não teríamos feito esse jogo com ela. Então com certeza, ela poderia sustentar outros jogos.
Uncharted: The Lost Legacy está disponível exclusivamente para PlayStation 4. Leia nosso review aqui!