Não são muitos os jogos que podemos dizer que fizeram história, mas não há como negar que em 2005 a indústria foi marcada para sempre com um clássico do PlayStation 2 que ousou ser diferente e épico ao mesmo tempo. Desde então, Shadow of the Colossus se tornou cultuado e influenciou diversos títulos que vieram depois, seja por sua arte visual ou pelos seus conceitos de jogabilidade.
Agora temos a oportunidade de retornar a esta obra inesquecível através uma versão completamente refeita pela Bluepoint Games. O remake conta com gráficos atualizados, mas recria com perfeição todos os detalhes do original, resultando em uma jornada que continua tão empolgante e emocionante quanto era 13 anos atrás.
Caçada aos Colossi
Quem conhece o jogo original, sabe exatamente o que esperar em termos de história e experiência em geral. Caso contrário, aí vai o básico: você controla um guerreiro solitário que vai até uma região proibida para buscar uma forma de reviver uma garota. Para isso, é necessário enfrentar e derrotar 16 criaturas gigantescas, os Colossi.
A primeira coisa que chama a atenção no remake é seu visual. Assim como o resto do jogo, os cenários e modelos foram completamente refeitos e atualizados para formar um mundo realmente exuberante, algo que fica ainda mais incrível quando levamos em conta que o título original já tem 13 anos. Vale destacar que joguei na versão tradicional do console, então não pude conferir as melhorias gráficas do PlayStation 4 Pro.
Cavalgar pelas planícies, desertos, pontes, colinas e florestas já era um prazer na versão original, mas aqui é uma experiência ainda mais agradável. Não há muito para fazer enquanto viajamos entre o ponto central do mapa e cada Colossus, mas mal notamos isso, já que ficamos ocupados apreciando a paisagem.
Aliás, se enfrentar um Colossus já era uma atividade épica no original, agora está melhor ainda. É evidente que a equipe de desenvolvimento teve um cuidado especial com os chefes e seus visuais. O movimento dos pelos e como eles interagem com nosso personagem está muito mais realista agora, tornando o ato de escalar os chefes ainda mais vívido.
Não há dúvidas de que o visual do remake é seu ponto mais forte, então não é surpresa que o jogo desta vez conte com um modo de fotografia. A qualquer momento, incluindo nas cenas cinematográficas, podemos apertar para baixo no direcional digital para pausar e mexer com a imagem livremente. É possível mudar a posição da câmera, alterar o zoom, editar o foco, as cores, o brilho, o contraste e muitas outras configurações.
Em diversos momentos parei o que estava fazendo para tentar fotografar um cenário ou um momento. Tenho certeza que quem entender do assunto pode tirar fotos lindíssimas de locais e acontecimentos icônicos – ou dá para fazer como eu e criar coisas mais bizarras e aleatórias. Seja como for, é um ótimo bônus.
Uma experiência única – de novo
Mesmo depois de tanto tempo, não existem muitos jogos como Shadow of the Colossus, então foi uma surpresa mista descobrir que, tirando os visuais belíssimos, o novo título é basicamente o mesmo que o original.
O fato de que a Bluepoint Games recriou o game do zero só torna mais impressionante o quanto o remake ficou parecido com o original. Os movimentos dos personagens, a jogabilidade e tantos outros detalhes continuam idênticos ou extremamente parecidos, dando exatamente a mesma sensação de jogar o primeiro, mesmo com os novos controles (que podem ser revertidos para a configuração clássica, aliás).
Isso é maravilhoso, mas também significa que velhos problemas também estão de volta, como a câmera que fica descontrolada em diversos momentos, a lentidão de alguns movimentos ou a falta de precisão na hora guiar o Agro (mas que continua sendo um dos melhores cavalos dos games, mesmo depois de tanto tempo). Nenhum destes pontos representa um grande defeito na experiência geral, mas são elementos estranhos e um pouco frustrantes de se ver hoje em dia, quando já foram aperfeiçoados nos jogos atuais.
Outro ponto negativo no fato do novo game de ser tão fiel ao original é que esta era uma ótima chance de adicionar novos conteúdos, como áreas novas e talvez até um Colossus inédito que tenha ficado de fora da versão antiga, como aqueles revelados em artes conceituais inutilizadas. Uma oportunidade desperdiçada, infelizmente.
Apesar disso, não significa que há pouca coisa para fazer no título. Além da campanha principal, ainda existem os desafios de tempo para derrotar os Colossi o mais rápido possível. Depois de terminar a história, também habilitamos o modo Novo Jogo + e o Modo Espelhado, que inverte o mundo.
Aliás, durante a jornada também encontrei alguns pontos brilhantes que tocam música quando chegamos perto e que não lembro de existirem no jogo original. É possível coletá-los, mas ainda não consegui descobrir para que servem.
Um clássico renovado
É uma pena que a Bluepoint Games não tenha aproveitado a oportunidade para rechear o jogo com novidades que ajudem a engajar o jogador em atividades que vão além do que os fãs antigos já conhecem. Por outro lado, também é incrível que tenha conseguido fazer uma versão tão fiel à original e ao mesmo tempo tão bela quanto qualquer outro título da geração atual.
Não importa se você é um fã do game original ou se esta será sua primeira vez embarcando esta épica aventura, o remake de Shadow of the Colossus é a versão definitiva do clássico e continua sendo deslumbrante em todos os sentidos. Simplesmente imperdível.
Shadow of the Colossus será lançado em 6 de fevereiro exclusivamente para PlayStation 4. Este review foi feito com uma cópia cedida pela Sony.