Logo do Jovem Nerd
PodcastsVídeos
Review | Yakuza Kiwami
Games

Review | Yakuza Kiwami

Remake traz ótimas novidades e o melhor do game original

Jeff Kayo
Jeff Kayo
25.ago.17 às 11h35
Atualizado há quase 8 anos
Review | Yakuza Kiwami

Uma vez yakuza, sempre yakuza?

Yakuza Kiwami é o remake do primeiro jogo da série criada por Toshihiro Nagoshi lá em 2005, para o PlayStation 2. Não confunda esse lançamento com alguma versão HD remasterizada (tipo aquela do PS3/Wii U), aqui o negócio é outro. Refeito do zero, além de trazer a história original na íntegra, adiciona também uma tonelada de conteúdo novo que complementa e amarra as pontas deixadas pelo original.

Mesmo se já conhece a trama do começo ao fim, Kiwami também oferece novos minigames, uma certa ligação com Yakuza 0, um modo inédito de combates contra Goro Majima, estilos de luta variados e muito conteúdo para quem gosta de viver dentro da Kamurocho virtual ao seu máximo.

O bom, o mau, o feio e 10 bilhões de razões para tretas

012

Kazuma Kiryu é um cara atípico, principalmente em sua linha de trabalho. Ele faz parte da Yakuza, conhecida como a escória da sociedade japonesa, criminosos de comportamento violento, que se aproveitam de oportunidades específicas para prosperar. Mas Kiryu é um "gokudô" — sinônimo usado pelos próprios mafiosos, que foge um pouco do estigma de "yakuza", quer dizer "caminho extremo", literalmente — que honra seus princípios, respeita seus mentores e está sempre disposto a ajudar quem o procura por socorro. E claro que faz coletas de devedores nesse meio tempo também.

Altruísta como só ele consegue ser dentro desse universo, o jovem mafioso decide assumir a culpa pelo assassinato do chefão da família Dojima, Sohei Dojima, para proteger seu irmãos de criação, Akira Nishikiyama e Yumi.

O assassinato do patriarca fez com que Kiryu permanecesse 10 anos encarcerado. Do lado de fora, uma movimentação intensa entre todas as famílias que compõem o Tojo-kai causaram a reestruturação das cadeiras mais influentes na "direção" da associação, com Akira Nishikiyama passando a ocupar uma dessas posições.

013

Dez anos depois, com o retorno de Kazuma às ruas de Kamurocho, ele descobre não só que seu melhor amigo não é mais o mesmo de antes, como também o desaparecimento de Yumi, uma criança perdida e 10 bilhões de ienes roubados do Tojo-kai, uma das causas do assassinato de Masaru Sera, o atual líder do grupo (terceira geração).

No seu lançamento original, a Sega não poupou esforços em entregar uma experiência diferenciada ao jogador. Para isso havia contratado Hase Seishu, romancista japonês especializado em histórias envolvendo mafiosos. Jogar Yakuza Kiwami é como entrar de cabeça num romance policial repleto de aventura e situações que só o Japão poderia nos fornecer.

Na nova versão ainda temos um bônus de história que explica como que Akira Nishikiyama, o homem considerado o melhor amigo de Kiryu Kazuma, se transformou no vilão de Kiwami. Lógico que esse prólogo especial contado no começo de cada um dos capítulos do jogo é pensado mais para as pessoas que ingressaram no submundo japonês em Yakuza 0, onde encontramos um Nishikiyama mais bacanudo e "bondoso". E bota aspas nesse bondoso aí.

Receita nova

007

Kiwami aproveita para corrigir as falhas que a tecnologia da época não permitiu. Um combate muito mais dinâmico e divertido, uma navegação por menus muito mais aprazível e tudo que foi aprimorado nesses 10 anos de série colocados dentro do jogo pioneiro, pela primeira vez.

Muito do que foi apresentado em Yakuza 0 retorna melhor. É como se jogássemos um DLC, e isso pode vir a irritar alguém mais desavisado, talvez. Nada que dois ou três capítulos da trama de Kiwami não resolvam e o prendam assim como o anterior.

Ainda relacionado a Yakuza 0, o jogador com certeza notará a falta de exagero na acumulação de riquezas. Nada de enfrentar qualquer 'chinpira' na rua e juntar 200 mil ienes de uma só vez. O final da década de 80 foi uma época próspera no Japão, derivada de investimentos estrangeiros, marcando o surgimento dos "salarymen" e das grandes corporações (ou Zaibatsu), gente gastando muito, o mercado imobiliário nas alturas, tudo lindo e maravilhoso. Mas aquilo acabou e as coisas se normalizaram com o passar dos anos. Em Kiwami é tudo mais "real".

003

Com a economia japonesa de volta nos eixos, não pense que seu primeiro milhão de ienes será conquistado de maneira fácil. No entanto, você precisará menos do dinheiro, já que Kiwami retorna o estilo clássico de evolução de personagens da série, com pontos para o personagem aumentar suas habilidades e dinheiro para a compra de itens no geral.

O game mantém a troca entre estilos de combate durante as lutas, inclusive com algumas modificações bem-vindas. Por exemplo, agora é possível, em determinadas situações, navegar por entre as quatro variações (o estilo secreto de Kiryu vem destravado desde o início) durante um combo, sem aquela pausa da troca.

No menu, a árvore de habilidades de Kiryu tem uma aparência mais convencional (comparado aos demais jogos da série). Divididas entre Soul (para as Heat Actions), Tech (golpes), Body (mais vida e força) e Dragon (para reaprender o estilo Dragon of Dojima) — sendo esta a única habilidade que requer seu próprio meio de evolução.

YAKUZA KIWAMI_20170823173643

"Majima Everywhere" (Majima em todo lugar) é o nome de uma história paralela dentro de Yakuza Kiwami. Nela, Majima, do seu jeitinho próprio, vai te ajudar a recuperar a forma, já que 10 anos na cadeia o deixaram enferrujado. Enfrentar Majima nas ruas de Kamurocho destrava as habilidades do estilo lendário do Dragão de Dojima (em Yakuza 0 ele era destravado após a conclusão da história dos bilionários de Kamurocho), essencial para que você se estresse menos nos combates. Encontrá-lo não é tão difícil, mas algumas vezes será preciso realizar alguma tarefa específica, como cantar no karaoke, por exemplo.

Lembrando também que essa nova interação com o vilão de tapa-olho dentro de Kiwami serve para não afastar tanto os jogadores de Yakuza 0, já que lá Majima é um cara muito gente fina que se preocupa com todos os seus funcionários. Aqui ele é um louco desvairado que não se importa em matar um ou dois capangas por causa de um encontrão na rua.

010

Cronologia bagunçada

Falei tanto dele durante o texto e sinto que preciso explicar a razão: jogou Yakuza 0, lançado por aqui em março? Pois então, apesar do toque mais sóbrio e da narrativa um pouco mais sombria, a trama de Kiwami nasceu praticamente 10 anos antes do suposto primeiro game.

Kiwami na verdade é o início de tudo. E isso pode confundir um pouco a cabeça de quem começou em Yakuza 0. O desenvolvimento de personagens encontrado em Yakuza 0 é fruto de 10 anos de trabalho e dedicação em cima da franquia, enquanto Kiwami retoma os passos iniciais de Kiryu Kazuma, mais bruto, na mesma narrativa de 2005, quase sem mudanças na trama original. É como se encontrássemos Kiryu pela primeira vez, sentimento que não acontece (com os veteranos, pelo menos), em Yakuza 0.

009

Goro Majima, que dividia a atenção com o personagem principal no game anterior, será o personagem que mais perde nessa confusão toda. Mas nem de longe ele é ruim em Kiwami, só um pouco mais "simples" mesmo.

É tanta bagunça aí no meio que ainda teríamos que colocar Yakuza 4 na parada, já que sua trama começa antes de Zero e mostra mais um pouco do passado de Majima. Sendo assim, Yakuza 0 está para Kiwami assim como os episódios I, II e III estão para os episódios IV, V e VI de Star Wars.

A parte visual também merece uma explicação. Kiwami reaproveita muitos dos assets de trabalho do jogo anterior. Mudanças básicas como a inserção da Millenium Tower, por exemplo, são assets completamente novos no game.

Originalmente (na história da franquia) a reestruturação visual (porque as mecânicas continuam as mesmas, só que incrementadas, desde o terceiro jogo da série) aconteceu com Yakuza Isshin — não lançado no ocidente, coloca os personagens já conhecidos da franquia em papeis de samurais que existiram de verdade no Japão do final do século XIX — e com Yakuza 0, esse visual chegou até a Kamurocho de 1989. Por que não recriar o primeiro game com a mesma qualidade? Daí a similaridade no geral.

Gaste seu tempo em Kamurocho

YAKUZA KIWAMI_20170825002954

O distrito fictício (mas inspirado em um lugar real) de Kamurocho é cheio de coisas para se fazer. Não tenha pressa na hora de explorar a região, descobrir novos restaurantes, experimentar comidas exóticas ou mesmo se divertir pela noite em bares e casas noturnas.

Se divertir com os minigames faz parte da experiência do game. Tanto que certas passagens da história forçam o jogador a cantar num karaoke, disputar uma partida de sinuca ou mesmo visitar um bikini bar.

Os minigames dos clubes adutos retornam ao seu formato clássico. Ao invés de gerenciarmos, agora somos clientes. Converse, faça amizade com as garotas da casa e gaste muito dinheiro. Cada uma delas é uma missão paralela que pode lhe render momentos agradáveis de conversação. Já aviso: nada de baixaria aqui.

YAKUZA KIWAMI

Os bares ainda contam com uma carta espetacular e bastante informativa de uísques, cervejas e licores. Sinuca, dardos de arremesso e boliche ainda estão entre as principais recomendações de atividades recreativas na região. Claro, o karaoke ainda é disponível para todos, com músicas para todos os gostos.

Uma pena que em Kiwami não existem mais os arcades clássicos da Sega para degustação. Ao visitarmos um Sega Club, nada de Boxelious, Outrun, Hang-On, Space Harrier ou Fantasy Zone. No lugar, Mesuking, um game de cartas que une as apostas no ringue de mulheres seminuas de Yakuza 0, com as batalhas entre besouros e demais insetos que as crianças adoram, e uma máquina de fotografia. Peculiar, no mínimo.

É difícil descrever Yakuza para alguém pouco familiarizado com videogames no geral. Poderia simplesmente dizer que é um JRPG de ação com foco na narrativa, mas duvido que atrairia a atenção de muita gente. Tem também a galera que vê imagens e acha que ele é um "GTA japonês", mas isso é tão errado quanto afirmar que arroz doce coberto de granulado e dentro de uma casquinha de biju é um temaki doce.

Viva Yakuza Kiwami, sem pressa, no seu tempo.


Esse review foi feito com uma cópia cedida pela Sony para PS4. Yakuza Kiwami será lançado no dia 29 de agosto para Playstation 4.

Veja mais sobre

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições. Este site utiliza o Google Analytics para entender como os visitantes interagem com o conteúdo. O Google Analytics coleta dados como localização aproximada, páginas visitadas e duração da visita, de forma anonimizada.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast

Saiba mais