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Review | Mass Effect: Andromeda
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Review | Mass Effect: Andromeda

Apesar dos pontos positivos, jogo ainda precisa de muitas melhorias para mostrar seu verdadeiro potencial

Jefferson Sato
Jefferson Sato
24.mar.17 às 17h33
Atualizado há cerca de 8 anos
Review | Mass Effect: Andromeda

Quando o primeiro Mass Effect surgiu em 2007, ele se destacou na indústria por diversos motivos: seus visuais, universo rico em detalhes, personagens carismáticos e um sistema de RPG bastante profundo e personalizável. Tudo o que você conversava tinha alguma consequência e todas as suas escolhas poderiam ser transferidas para a sequência do jogo, aumentando ainda mais a imersão.

A trilogia original terminou de forma polêmica, mas criou uma legião de fãs que considerou a história fechada. Mass Effect entraria para a história como um clássico moderno e não havia motivos para voltar a encostar na franquia, na opinião de muitos. Então Mass Effect: Andromeda foi anunciado.

Até alguns meses atrás, ninguém sabia exatamente o que esperar deste novo jogo. Como lidar com toda aquela mitologia que foi criada (e seu arquivo salvo da trilogia)? A resposta foi simples e efetiva: contar uma história independente em uma era e um local distante dos jogos originais. Mas será que a execução foi boa?

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Muito tempo depois, em uma galáxia muito muito distante

Em termos cronológicos, Mass Effect: Andromeda começa logo após o segundo título, quando é iniciado o projeto Iniciativa Andrômeda, enviando colônias de diversas raças para a galáxia que dá nome ao jogo para que encontrem novos lares. Esta viagem, no entanto, leva 600 anos para ser concluída e todos os participantes são congelados para serem acordados apenas quando chegam ao destino.

Chegando lá, no entanto, as coisas não estão como pensavam. Os chamados Mundos Dourados, planetas considerados habitáveis, apresentam ecossistemas inóspitos, completamente diferentes das leituras de seis séculos atrás. Além disso, todo o aglomerado Heleus está dominado pelo Miasma (Scourge), descrito inicialmente como uma nuvem de energia escura, mas que ninguém sabe o que realmente é.

É aí que entra em cena seu personagem, Scott ou Sara Ryder, que se torna um Explorador (Pathfinder, no original) e agora precisa encontrar um novo lar para as colônias. Voltar não é uma opção.

Um elemento interessante de Mass Effect: Andromeda é que, por exemplo, se você escolhe Scott Ryder, a irmã, Sara, ainda existe neste mundo e tem um papel importante para a trama. É possível até mesmo personalizar seu irmão ou irmã, afetando também o pai dos gêmeos, Alec Ryder, cuja aparência será definida pelas características dos filhos.

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Durante a jornada para encontrar planetas habitáveis, Ryder também se depara com duas novas raças. A primeira são os Kett, os principais antagonistas do jogo, formado por um grupo militar de origem misteriosa que invadiu o aglomerado. O líder deles, Arconte, estuda e quer se apossar de um sistema de relíquias que existe no aglomerado, poderoso o bastante para que eles dominem a galáxia.

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A segunda são os Angara, uma espécie originalmente pacífica que foi escravizada pelos Kett. Seus membros são pessoas sinceras que não escondem os sentimentos, o que gera algumas conversas bastante divertidas com Ryder, principalmente com um dos novos companheiros, Jaal. Como os Kett são sua única referência alienígena, sua recepção para as raças da Via Láctea não é muito boa e a Iniciativa precisa provar seu valor para que sejam aceitos.

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Infelizmente para por aí. Parece estranho que, por enquanto, Andromeda tenha apenas estas duas raças principais para apresentar, principalmente considerando como a Via Láctea tinha uma variação enorme de espécies e que conhecemos quase todas logo no primeiro jogo.

Por um lado, isso é bom, porque jogadores novos têm uma oportunidade melhor de conhecer as raças antigas sem que se sintam perdidos. Por outro, aqueles que acompanharam a série acabam tendo uma sensação de existir pouca novidade, o que não combina com o conceito de explorar uma galáxia completamente desconhecida.

Um novo mundo cheio de problemas

Outra coisa que afeta muito a imersão são os bugs e problemas técnicos do jogo. E existem muitos deles, começando pela já infame animação ruim. Todos os personagens, sem exceção, se movimentam de formas esquisitas e têm expressões faciais bizarras, mas isso é particularmente evidente nos humanos. Não dá para ver uma cena sequer e dizer que aquelas pessoas são normais.

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E isso é um grande problema, principalmente porque, como em qualquer jogo de Mass Effect, o que você mais faz é conversar. E todos os diálogos o expulsam da imersão, que costuma ser um dos pontos fortes da franquia, por causa das animações toscas.

Falando em comportamentos estranhos, em alguns momentos quando carregava arquivo salvo ou saia de uma conversa, meu personagem estava em algum lugar normalmente inalcançável, como uma prateleira ou em cima de outra pessoa. Outra bizarrice: uma vez fui conversar com Vetra, a Turian de sua equipe, o que fez com que Ryder e ela fossem teleportados para um cômodo completamente diferente da nave.

No PC também encontrei outro problema sério, com o jogo fechando sozinho diversas vezes. Isso não apenas jogou no lixo várias partes do meu progresso como também me tirou de alguns momentos realmente empolgantes. Quando refiz as coisas, já não tinham mais o mesmo impacto.

Diversos bugs menores também atrapalham a experiência. Em vários momentos não conseguia ativar conversas com NPCs, o que significa que era impossível pegar uma missão ou concluí-la, fazendo com que o tempo que gastei completando os objetivos fosse desperdiçado.

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Mas bugs não são o único problema. O jogo também tem algumas escolhas de design bastante duvidosas. Os menus, por exemplo, não são muito intuitivos, principalmente na versão de PC, que é muito mal otimizada para mouse. Algumas opções são selecionadas e ativadas simplesmente passando o cursor por cima. Em alguns momentos, acabei passando o cursor em outros locais, atrapalhando praticamente qualquer coisa que fizesse. No fim, preferi utilizar apenas o teclado e mesmo assim era frustrante.

Outro elemento que incomoda bastante é o fato do jogo voltar para a tela inicial quando saímos do multiplayer, exigindo que você carregue seu arquivo salvo novamente. Uma escolha estranha, já que o modo deveria ser integrado à campanha principal.

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E por falar em multiplayer, é um modo bastante legal, mas é uma pena que eu não conseguia jogar. A maioria das partidas tinha uma latência absurda e quase sempre a conexão com os outros jogadores caía antes de terminar a rodada.

É importante dizer que o modo usa conexão P2P, ou seja, depende da conexão entre as pessoas na sala. No entanto o sistema devia identificar jogadores com conexões compatíveis automaticamente, como funciona em outros jogos multiplayer do tipo, o que não parece acontecer em Andrômeda.

Mas o problema que mais me incomodou, e o mais difícil de ser resolvido, é a falta de impacto nas minhas decisões. Senti que poucas coisas que fiz tiveram consequências, o que é bastante estranho para Mass Effect, mesmo levando em consideração o terceiro jogo da franquia. Raramente houve pressão para que uma escolha minha fosse feita, algo que era muito mais frequente nos títulos anteriores.

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Ainda há esperanças

Assim como o Explorador tem esperanças de encontrar um lar para a humanidade e seus companheiros da Via Láctea, nem tudo está perdido em Andromeda e o título ainda pode encontrar um lar nos corações dos jogadores.

Existe muita coisa para fazer nesta nova galáxia e, mesmo que a experiência seja prejudicada pelos problemas, o conteúdo ainda assim agrada. Mass Effect: Andromeda tem uma tonelada de missões paralelas de diversos tipos. Além de tarefas para melhorar a Nexus, a “base” dos colonizadores da Via Láctea, existem várias outras atividades, a maioria ensinando mais sobre este novo mundo e seus personagens, muitos deles caricatos e interessantes.

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O grande destaque vai para as Missões de Lealdade, que retornam de Mass Effect 2. Desta vez elas são mais longas, algumas têm várias etapas, e elas servem para que você conheça mais sobre seus companheiros e, claro, também ajuda caso você esteja interessado em ter um romance com alguns deles.

Heleus também tem muitos sistemas solares para explorar, repletos de planetas. Embora a maioria deles só possam ser sondados por fora em busca de recursos, aqueles que você consegue pousar funcionam como pequenos mundos abertos, que podem ser explorados com a ajuda do Nomad, o veículo terrestre da equipe.

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Estes planetas costumam ser bastante amplos, mas não são muito práticos para explorar. Primeiro porque o mapa não é muito intuitivo e qualquer colina mais alta já pode fazer com que seu caminho mude completamente. Segundo porque você está em constante medo de morrer. Acontece que, como os planetas são inóspitos, permanecer muito tempo fora dos locais seguros pode matar você, o que gera uma preocupação a mais na hora de decifrar seu caminho.

Mas os mapas têm bastante coisas para serem encontradas e algumas ficam em locais nada fáceis de serem acessados. Em certos casos, a menos que você saiba o caminho, vai acabar morrendo antes de retornar para uma zona segura. Mais para frente no jogo é possível melhorar o ambiente dos planetas, facilitando a exploração, mas no início pode ser um pesadelo para quem não gosta de deixar coisas para trás.

Nestes planetas também acontecerão muitas batalhas, o que é um ponto forte no gameplay. Os combates estão bem mais dinâmicos, fugindo da velha fórmula de encontrar cobertura e atirar. Pelo contrário, o jogo incentiva que você esteja disposto a tentar novas coisas ao destruir sua cobertura ou implementar diferentes inimigos. Para derrotá-los é necessário pular, variar as habilidades, correr e coordenar os companheiros.

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Um recomeço

Mass Effect: Andromeda é um jogo que tem tudo para ser bom, com bastante conteúdo, gameplay divertido e coisas interessantes para conhecer sobre a nova galáxia, seus habitantes e os companheiros da Iniciativa, dando início a uma nova aventura na franquia.

Entretanto, é indiscutível que o título tem problemas. Muitos deles. É uma pena que a Electronic Arts e a BioWare tenham lançado um jogo que, certamente, ainda precisa ser bastante polido. Dito isso, é importante notar que a maior parte destes casos podem e precisam ser resolvidos em futuras atualizações. Só assim o jogo poderá mostrar seu verdadeiro potencial.

Mass Effect: Andromeda está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One. Esta análise foi feita com uma cópia do jogo cedida pela Electronic Arts.

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