O primeiro Life is Strange, desenvolvido pela Dontnod Entertainment, marcou muita gente, seja pelos temas relevantes e atuais que abordou, seja pelos personagens memoráveis ou pela forma com a qual interagimos com aquele mundo. Então é natural que um novo jogo portando o nome da série crie muita expectativa (mesmo com outro estúdio, a Deck Nine). Deve ser algo promissor, certo?
Apesar disso, Before the Storm e seu primeiro episódio, intitulado Awake, não faz muito para justificar sua existência, entregando uma experiência abaixo até do mínimo que poderíamos esperar de Life is Strange.
Efeito borboleta?
Por se passar antes do primeiro jogo, Before the Storm não exige que você tenha terminado ou sequer jogado o título anterior. Na verdade, pode até ser melhor assim, uma vez que aqueles que já são familiarizados vão saber exatamente como algumas coisas vão terminar.
Desta vez, controlamos Chloe Price, que ainda lida com a morte de seu pai, o “abandono” de sua amiga Max e o fato de que sua mãe, Joyce, está começando uma relação com David, alguém que ela não suporta.
Sua única "diversão" é fazer coisas erradas escondido, como pichar certos objetos, que é o novo colecionável do jogo (no primeiro era tirar fotos). Aliás, depois de completar o episódio, desbloqueamos o novo "Modo de Colecionador", que permite jogar os trechos especificamente para completar esse objetivo, o que ajuda muito!
No meio desta vida conturbada e sem esperança, ela acaba se aproximando de Rachel, a garota mais popular da escola, que passa a ser responsável pelos seus poucos momentos de verdadeira alegria. É aí que começam alguns dos problemas.
Neste episódio, vemos as duas descobrindo seus sentimentos no meio da tempestade que é a vida de cada uma e tudo isso começa de uma maneira bem legal e emotiva. No entanto, depois vira algo mais raso e corrido, não parece um progresso natural, tendo pouco motivo para que elas se sintam tão próximas em tão pouco tempo. O mesmo vale para diversas situações, que parecem ter sido forçadas para terem uma resolução específica para que a narrativa continue.
Aliás, o episódio, que já é curto, faz muito pouco para desenvolver a própria história em geral, terminando com uma cena dramática que, sinceramente, teve pouco ou nenhum impacto. O fato de não ter nenhum mistério no que vai acontecer só colabora para que a narrativa seja pouco interessante, sendo o completo oposto do primeiro Life is Strange, que sempre dava algo emocionante e filosófico para pensar.
A jogabilidade em si também não ajuda. Durante o episódio, embora façamos diversas escolhas, nenhuma delas dá a impressão de ser importante, quando devia ser justamente o contrário, já que Chloe não tem os poderes de alterar a linha do tempo e explorar possibilidades, como Max. Em vez disso, as escolhas, que só podem ser feitas uma vez, parecem não ter peso algum. É possível que isso mude nos próximos episódios, mas isso apenas faz com que este pareça irrelevante.
Tem uma tempestade vindo
No fim, o primeiro episódio de Before the Storm tem ideias boas, mas oferece uma narrativa rasa e, portanto, uma experiência fraca. Embora a proposta seja contar como certos eventos (que sabemos existir) aconteceram, o título fez pouco para aproveitar este cenário que, até então, parecia rico e interessante.
Claro, este é apenas o primeiro episódio — obviamente as coisas podem mudar e melhorar nos próximos dois. Mas se continuar assim, o jogo pode acabar prejudicando o legado de Life is Strange em vez de expandi-lo.
Life is Strange: Before the Storm – Episódio 1: Awake está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One. Este review foi feito com uma cópia do jogo cedida pela Square Enix.