Seguindo a filosofia de sempre tentar inovar com os seus consoles, jogos e acessórios, a Nintendo se tornou referência em diversos quesitos no que diz respeito a videogames e contribuiu para o crescimento da indústria, tornando-se uma das maiores empresas do ramo.
Hoje (23), a Nintendo comemora 130 anos de existência. Fundada no ano de 1889 em Quioto, no Japão, como uma fabricante de cartas, a empresa evoluiu muito ao longo dos anos, fazendo a transição dos jogos analógicos para os eletrônicos com sucesso.
Para entrar no clima da celebração, relembramos quatro momentos marcantes da empresa no mercado de games:
O “crash” do videogame nos anos 80

No início dos anos 80, o Atari dominava o mercado de jogos eletrônicos, sendo extremamente popular nos Estados Unidos. No entanto, a empresa não tinha muito critério na hora de selecionar seus jogos e nem de controlar a pirataria, o que acabou gerando uma saturação na indústria por conta de jogos de baixa qualidade.
Como consequência, a demanda por videogames caiu drasticamente, entrando em uma época sombria que acabou ficando conhecida como “o ‘crash’ dos games de 1983”.
A solução para o problema veio da Nintendo que, ao perceber esse cenário, decidiu lançar o NES — apelidado carinhosamente de “Nintendinho” pelos brasileiros — fora do Japão, alcançando terras americanas e europeias.
Na época, o próprio presidente da empresa japonesa, Hiroshi Yamauchi, deu uma entrevista polêmica falando sobre o que acreditava ser o motivo do ‘crash’: “O Atari entrou em colapso porque deu muita liberdade para os desenvolvedores third-party, então o mercado ficou lotado de lixo”.
A Nintendo tinha uma estratégia completamente oposta à do Atari. Ela lançava poucos jogos porque queria focar no conteúdo deles, entregando títulos com história, objetivos divertidos e finais recompensadores. Um desses exemplos foi Super Mario Bros., que renovou e popularizou o gênero side-scrolling, tornando-se um grande clássico dos games.
Poucos anos depois do 'crash', a empresa japonesa detinha quase 70% do mercado de jogos nos Estados Unidos, o que ajudou a revitalizar a demanda por videogames no ocidente.
Os controles de NES e SNES

Antes da chegada de NES e SNES, os jogadores estavam acostumados com joysticks de poucos botões — ou até mesmo apenas um, como é o caso do Atari. Mas a Nintendo decidiu renovar a fórmula que todos conheciam.
O controle de NES foi o primeiro a introduzir o “directional pad” (ou “D-pad”), um direcional simples e funcional com quatro direções, um padrão que persiste até hoje nos videogames. Além disso, os consagrados botões de ação, A e B, e a dupla “Start” e “Select” também surgiram nesse controle.
Já o controle de SNES, o Super Nintendo, introduziu os botões de “ombro”, que ficam na lateral superior, e os clássicos X e Y.
Os jogos revolucionários do Nintendo 64

O Nintendo 64 chegou ao mercado com a promessa de ser o console mais potente até então. Seu processador tinha o dobro de desempenho dos concorrentes: tinha 64 bits em vez de 32, e por isso recebeu esse nome.
Ter um processador desses deu abertura para que a Nintendo criasse jogos com maior processamento gráfico, uma renderização melhor e mais liberdade para modelagem 3D. Isso fez com que o N64 fosse a plataforma perfeita para a chegada de jogos revolucionários.
O clássico Super Mario 64, lançado em 1996, marcou época por ter sido o primeiro game completamente em 3D da história — tanto os personagens quanto os cenários eram modelados usando a tecnologia.
Outro grande marco foi The Legend of Zelda: Ocarina of Time, um dos pioneiros do gênero de mundo aberto. O título revolucionou a indústria na época, principalmente por entregar uma experiência nunca vista antes, que explorava uma história excelente, e entregava uma jogabilidade moderna com visual impressionante. Ele ainda foi responsável por introduzir mecânicas básicas que são referência até hoje, como o sistema de mira fixa.
Os jogos da Nintendo dessa época também influenciaram o gênero FPS, principalmente com GoldenEye 007, e os multiplayer, com o início da franquia Smash Bros., cujo estilo continuam inspirando outras empresas e desenvolvedores.
Por fim, é preciso também destacar que o controle do N64 introduziu o acessório “Rumble Pack”, que adicionava um sistema de vibração — pequeno detalhe que se tornou quase padrão nos dias de hoje.
A mescla do portátil com o console de mesa

Nos últimos anos (e com o fracasso do Wii U), as pessoas começaram a duvidar que a Nintendo ainda pudesse manter a filosofia de inovar dentro da indústria.
Foi então que a empresa respondeu com algo novo: um videogame que pode ser jogado tanto como portátil quanto como console de mesa, provando que ainda é capaz de criar novos conceitos e aplicá-los a seus produtos de forma efetiva.
O Nintendo Switch foi lançado no começo de 2017 e se tornou um sucesso instantâneo no Japão — afinal, quem perderia a oportunidade de, quando estar jogando, poder até ir ao banheiro sem interromper a jogatina?
A popularidade do console ainda está crescendo fora das terras nipônicas, mas já demonstrou seu potencial com excelentes títulos exclusivos, como os impressionantes Super Mario Odyssey e The Legend of Zelda: Breath of the Wild, além de ter uma extensa biblioteca de jogos indie.
Pouco depois do lançamento, a Nintendo tentou trazer o Labo, acessórios de papelão que deixam a experiência mais imersiva, como sua mais nova inovação. A ideia... excêntrica acabou conquistando alguns, mas não se tornou um grande sucesso.
No entanto, o console híbrido ainda tem muitos anos de vida pela frente, então o que será que a Dona Nintendo está guardando para ele? Só nos resta esperar e continuar acreditando na imensa criatividade dessa empresa japonesa.