Gris é uma obra prima que cativou muitos jogadores ao redor do mundo com uma movimentação fluida, trilha sonora emocionante e narrativa contada sem a necessidade de palavras.
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Neva, novo jogo do Nomada Studio, não é uma continuação direta de Gris, mas é como se fosse uma extensão. Incorporando combate e mais uma personagem, o título parece uma evolução natural do trabalho dos desenvolvedores, com quem tivemos a oportunidade de conversar (e jogar!) durante a Summer Game Fest 2024.
Viver e morrer
Testamos uma boa parte do primeiro capítulo do jogo, que acompanha Alba e Neva, ainda filhote, tendo que lidar com luto em um mundo que parece estar se deteriorando rapidamente ao redor delas. Essa ideia foi inspirada pela própria experiência de uma das desenvolvedoras do estúdio, fazendo com que a maternidade se tornasse um pilar dos temas de Neva.
“Quando estávamos desenvolvendo Gris, uma de nossas colegas teve um filho e a experiência dela serviu como inspiração para nós”, conta Adrian Cueva, um dos desenvolvedores e fundadores do Nomada Studio.
Cueva ainda complementou que a intenção é “transmitir as dificuldades de criar uma criança num mundo como o nosso, onde tantas coisas terríveis acontecem e podem acontecer”.

Correr pelos cenários, pular nas plataformas e interagir com o mundo, evocaram uma sensação de familiaridade, pois os controles não mudaram muito desde Gris — e a simplicidade de jogabilidade continua um foco. A grande novidade, no entanto, está no combate, que é ensinado de forma magistral conforme o jogador avança pelas telas.
Os ataques de Alba podem ser usados tanto contra inimigos quanto para abrir caminho pelos cenários, resolvendo quebra-cabeças que requerem destreza. Ainda que sejam desafiadores e que, por vezes, usem a clássica máxima de tentativa e erro, esses momentos e os combates não são maçantes, apresentando uma dificuldade ideal para gerar um sentimento de recompensa ao superar um obstáculo ou derrotar um inimigo.
Vale dizer também que o jogo terá um modo “história”, em que o jogador poderá progredir sem se preocupar com a vida da personagem. É possível alternar entre o modo clássico e o “invencível” no meio da experiência, sem a necessidade de voltar para o menu inicial.
Experiência sensorial
Com o Studio Ghibli como uma de suas referências, Neva bebe da mesma fonte dos filmes de Hayao Miyazaki e companhia, mesclando elementos mundanos e o fantástico. O primeiro inimigo que vimos era muito parecido com o Sem-Face, de A Viagem de Chihiro (2001), e é impossível não lembrar de Princesa Mononoke (1999) quando a protagonista feminina viaja junto de uma loba.
Neva, no entanto, começa como filhote na aventura e é necessário confortá-la às vezes. Embora o conjunto da obra seja um espetáculo visual impressionante, é nos pequenos momentos que a animação realmente toca o coração, como nos momentos que Alba aconchega a pequena loba em um abraço.

A direção artística é impecável, com o visual único que parece ter sido pintado a mão, mas aqui também cabe um elogio à trilha sonora, que expandiu em relação ao título anterior e agora apresenta mais camadas e mais instrumentos.
Ainda que o gameplay seja similar ao de Gris, não se engane. Neva é um jogo próprio, com história e personalidade próprias, que pega o que o primeiro game do estúdio fez de melhor e expande as ideias, aprimora a execução e entrega tanta emoção quanto – ou até mais que o anterior.
Com a promessa de vermos Neva crescer ao nosso lado enquanto desbravamos os cenários, o título promete desafios e sentimentos intensos para quem embarcar nessa jornada.
Neva será lançado no PlayStation 5, Nintendo Switch, PC, Xbox Series X e Series S ainda em 2024, mas a data específica não foi divulgada.