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Em PT-BR, Mario & Luigi: Brothership é "primeiro RPG" ideal | Review
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Em PT-BR, Mario & Luigi: Brothership é "primeiro RPG" ideal | Review

Construção de mundo brilhante é destaque no retorno de Mario & Luigi

PH Lutti Lippe
PH Lutti Lippe
04.nov.24 às 15h47
Atualizado há 5 meses
Em PT-BR, Mario & Luigi: Brothership é "primeiro RPG" ideal | Review
(Nintendo/Divulgação)

Grande surpresa: Mario & Luigi, como tantas outras, é mais uma série clássica da Nintendo que sobe de nível ao chegar no Switch.

Neste caso, Brothership leva a dupla de heróis titulares a um novo mundo, onde eles mais uma vez percebem a importância do companheirismo. É uma aventura apaixonante, que visivelmente esbanja o carinho envolvido na produção com coisas como personagens e vilões carismáticos, constantes surpresas e, acima de tudo, na atenção aos pequenos detalhes.

Alguns problemas de performance causam frustração, mas não o suficiente para ofuscar o charme do jogo que, como o primeiro RPG do Mario totalmente em português do Brasil, talvez seja a melhor opção que existe para apresentar o gênero aos jovenzinhos.

Irmandade

Imagem de Mario e Luigi: Brothership Fórmula clássica das batalhas dos RPGs do Mario retorna (Imagem: Nintendo/Divulgação)

Engolidos por um vórtice misterioso, Mario e Luigi vão parar em um mundo acometido por uma tragédia incomum: as diferentes ilhas que formavam um continente foram separadas umas das outras, e agora boiam à deriva no mar. É o cenário ideal para uma aventura de reconstrução que tem como tema central a ideia de que somos todos mais fortes quando estamos unidos.

Se tivesse saído alguns anos atrás, na época que a Nintendo tinha decidido que a franquia Super Mario precisava ser a mais criativamente estéril possível, o mundo de Elétria provavelmente seria preenchido por Toads e Koopa Troopas genéricos.

Em vez disso, o cenário de Brothership serve como prova de que abandonar essa política tosca foi a decisão certa. Tematizado em torno de árvores capazes de gerar eletricidade, Elétria é povoado por criaturas que lembram fios elétricos e plugs de tomada. Da perspectiva da dupla de heróis, é como se fosse um mundo alienígena – o que motiva os jogadores a explorar cada canto de cada mapa.

Vários personagens pitorescos e carismáticos aparecem no caminho de Mario e Luigi, fazendo com que o jogador desenvolva um carinho por Elétria separado de qualquer apreço que ele possa ter pelo Reino Cogumelo. E todo esse processo apenas torna mais memoráveis as cenas em que alguns outros rostos familiares surgem mais pra frente na aventura.

Imagem de Mario e Luigi: Brothership Elétria é um mundo colorido e muito diverso (Imagem: Nintendo/Divulgação)

Tão filho de Super Mario RPG quanto de Paper Mario, Mario & Luigi é centrado em um sistema de batalhas por turno com interação ativa. Selecionar o ataque “Pulo” no menu é apenas o início de um ataque: para potencializar o dano causado, o jogador precisa pressionar os botões correspondentes a Mario e Luigi, respectivamente, nos momentos certos. De forma parecida, é possível reduzir (ou evitar completamente) o dano sofrido de ataques inimigos – por exemplo, saltando sobre eles no momento certo.

É uma fórmula já bem testada, e que ainda funciona. A mecânica torna envolventes até mesmo as repetidas cenas de combate contra inimigos comuns.

A diferença entre Mario & Luigi e os demais RPGs da franquia está no fato de que os dois irmãos fazem tudo juntos. Quando Luigi vai dar uma martelada no inimigo, ele invoca a ajuda de seu irmão. Quando Mario salta sobre um monstro, ele se apoia em Luigi para repetir o feito.

O mesmo vale para as cenas de exploração. Ainda que o jogador controle primariamente o Mario, um mero pressionar do gatilho L dá ordens contextuais para Luigi. Há também habilidades desbloqueáveis como a do Ovnicóptero, em que os irmãos giram de mãos dadas para se transformar em um disco voador capaz de passar por cima de precipícios.

Simples, mas nem sempre

Imagem de Mario e Luigi: Brothership Ataques Bros., os "especiais" do jogo, são muito satisfatórios (Imagem: Nintendo/Reprodução)

Em muitos aspectos, Brothership representa um retorno às raízes para a franquia Mario & Luigi. As cenas de combate são muito mais “pés no chão” do que as de seus predecessores imediatos, com a dupla de heróis utilizando poderes mais básicos para dar cabo de seus oponentes – seus primeiros ataques especiais envolvem simples cascos verdes e vermelhos, por exemplo.

Até a premissa da história é menos viajada, e evita elementos no estilo de “os irmãos viajam no tempo e encontram suas formas bebê” ou “os irmãos vão parar dentro do Bowser”.

Mas Brothership faz questão de abandonar a simplicidade em um elemento específico: a construção de mundo. Elétria é fascinante, o que torna muito satisfatório o processo de reconstruí-la e vê-la mudando na medida em que Mario e Luigi cumprem seus objetivos.

Na prática, o que os heróis precisam fazer é religar os faróis de cada ilha isolada para reconecta-las à Ilha Nauta, que serve como embarcação e base de operações. Para tal, eles precisam visitar todas as ilhas – e descobrir que cada uma delas tem uma identidade própria, com mecânicas de exploração, minigames, tipos de inimigos e vários outros fatores exclusivos.

Há, por exemplo, uma ilha com plantas que florescem com a ajuda da dança, e, de quebra, um NPC viciado em gel de cabelo que é especialista em fazer “o passinho” – nas palavras da excelente localização para o português do Brasil.

O jogo tem uma grande preocupação em contextualizar todos os seus elementos para fazer com que Elétria pareça ser um mundo vivo e pulsante, por menor que seja. Ao fim de cada conversa com NPCs fora de seus postos na base, por exemplo, é possível vê-los andando de volta. Quando os faróis são ligados, todos os personagens que o jogador encontra nas ilhas ao redor reagem ao ocorrido na cutscene. Até mesmo a mecânica que avisa quando você tem missões secundárias a serem cumpridas é contextualizada na forma de um trio de tias fofoqueiras que ficam sabendo de tudo o que rola nas ilhas.

Imagem de Mario e Luigi: Brothership Batalhas contra chefes são verdadeiramente épicas (Imagem: Nintendo/Divulgação)

E por falar em missões secundárias, é importante constatar que Mario & Luigi: Brothership tem uma tonelada de conteúdo opcional, e que aqueles que se debruçarem para fazer 100% provavelmente terão uma experiência melhor do que jogadores que fizerem apenas o caminho crítico da história.

Orgulhosos do mundo que criaram, os desenvolvedores conceberam um ritmo de progresso que, de propósito, cria janelas perfeitas para que o jogador intercale entre missões obrigatórias e opcionais.

Em tempo real, a Ilha Nauta está sempre flutuando por correntes marítimas representadas em uma carta náutica. E enquanto a próxima ilha da história não chega no horizonte, Mario e Luigi são livres para revisitar mapas já previamente encontrados em busca de itens colecionáveis, histórias adicionais, ou até mesmo de mais pontos de experiência. É uma mecânica que faz com que o jogador sinta que até os momentos de “grinding” são parte integral da experiência narrativa.

Igualmente engenhosas são as batalhas contra chefes. Particularmente longas, elas fazem o jogador trabalhar para alcançar seus objetivos, obrigando-os até mesmo a utilizar o cenário a seu favor. Em momentos-chave das lutas, Luigi pode ter uma Luigideia – um lampejo de criatividade que costuma resultar em um ataque poderoso capaz de quebrar momentaneamente as defesas de seus oponentes.

Imagem de Mario e Luigi: Brothership Mario e Luigi têm formas curiosas de explorar o mundo (Imagem: Nintendo/Divulgação)

Mario & Luigi tem uma tradição de direção de arte única dentro da franquia Super Mario, e Brothership não deixa a peteca cair: ainda que o jogo abandone de vez a pixel art de seus predecessores, ele brinca com cores aquareladas e animações exageradas no estilo desenho animado para diferenciar sua linguagem visual dos vários outros jogos Mario do Switch.

É uma pena, portanto, que a experiência tropece por conta de constantes problemas técnicos. Como tantos outros jogos do Nintendo Switch nos últimos anos, Brothership parece ter ambições que o velho tablet já não consegue mais comportar, e sofre com constantes problemas de performance. As quedas de frames não são dramáticas como as de Zelda: Echoes of Wisdom, mas são o suficiente para tirar um pouco do brilho das belíssimas animações e dos coloridos cenários.

Outra limitação técnica do Switch que atrapalha o ideal que Brothership almeja é a duração das telas de carregamento. Seja nas transições entre campo e batalha, ou entre as diferentes ilhas, as interrupções constantes quebram o ritmo de um jogo que claramente foi programado para ser muito mais fluido do que o hardware permite.

Imagem de Mario e Luigi: Brothership Até mesmo os vilões esbanjam carisma em Brothership (Imagem: Nintendo/Divulgação)

Com o fechamento do AlphaDream – o estúdio que criou Mario & Luigi –, não era apenas a qualidade da série que estava em dúvida, mas sim a própria existência dela. Mas a Acquire, conhecida pela série Octopath Traveler, soube muito bem expandir o escopo dessas aventuras tradicionalmente portáteis para um console de mesa.

Em menos de um ano, o Switch recebeu remakes brilhantes de Super Mario RPG e Paper Mario: The Thousand-Year Door – e, agora, Mario & Luigi: Brothership fecha essa trinca com chave de ouro.


Esta review foi feita com uma cópia digital do jogo cedida pela Nintendo.

Mario & Luigi: Brothership é exclusivo do Nintendo Switch, e estará disponível a partir do dia 7 de novembro.

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