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[Gamescom] Testamos - Tacoma
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[Gamescom] Testamos - Tacoma

Um bom exemplo de narrativa ambiental

Guilherme Jacobs
Guilherme Jacobs
10.ago.15 às 16h30
Atualizado há quase 10 anos
[Gamescom] Testamos - Tacoma

Pode me parar se você já ouviu essa. Uma astronauta chega na estação espacial onde vai trabalhar por meses e todo mundo sumiu. Essa é a premissa de Tacoma, o novo jogo da desenvolvedora indie Fullbright, que em 2013 fez sucesso com uma surpresa que veio do nada, Gone Home.

A diferença entre Tacoma e as outras narrativas com base nisso vem no que tornou Gone Home bom. A história é contada pelo ambiente. O que em Alien: Isolation eram itens bônus, colecionáveis que podiam adicionar contexto e detalhes ao universo onde você está, em Tacoma são coisas importantes, necessárias para compreender o que diabos está acontecendo. Gravações (com hologramas!), e-mails, fotos, documentos e coisas do tipo estão em todo lugar, mas a chave para o sucesso não é necessariamente a presença de coisas assim, mas sim como elas estão espalhadas e em que ordem aparecem.

O que a Fullbright sabe fazer muito bem, algo que ficou evidente nos 20 minutos que testei o jogo, é construir a narrativa num ritmo que vai acelerando, colocando as pistas certas nos locais certos, de uma forma que o mistério de "o que aconteceu aqui?" vai aumentando até chegar num climax onde você está quase correndo de uma sala para outra. Quem jogou Gone Home sabe muito bem que é assim que funciona, e a mágica continua presente. Primeiro uma mensagem indicando um problema, depois uma gravação onde algo estranho acontece, depois uma foto estranha, e de pouquinho em pouquinho, sua curiosidade vai sendo alimentada, com a quantidade suficiente de informações para que você fique querendo mais, e ao mesmo tempo sinta que fez progresso.

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Tudo isso está debaixo do guarda-chuva que é o level design da Fullbright. Os caras parecem saber onde os jogadores vão, em qual ordem pretendem explorar as salas, e trabalham a partir disto. Claro, eles não são videntes, mas desenham as fases e áreas dos seus jogos de uma forma inteligente, que induz o jogador a certos lugares, levando em conta o que as pessoas normalmente fazem num jogo e trabalhando a partir disso. Em Gone Home, foi constatado pela desenvolvedora que as pessoas estavam explorando o primeiro andar completamente antes de subir para o segundo, lições como essa são valiosas na hora de avaliar qual a melhor maneira de introduzir alguém ao mistério de Tacoma, especialmente com as mecânicas de gravidade zero presentes no jogo. Com suas botas magnéticas, é possível transformar o teto no chão onde você pisa, sair de um andar para o outro em questão de segundos.

E finalmente, o outro fator que torna essa exploração satisfatória, e que me deixou frustrado ao saber que meu tempo com o jogo tinha terminado, antes de entender o que aconteceu com as pessoas da minha equipe na estação espacial, é que as informações não parecem vir de um computador, ou de um jogo, e sim de pessoas. Tacoma, pelo menos na demo, é extremamente bem escrito. As gravações parecem ter sido feitas por seres humanos reais, com personalidades e vícios de linguagem. Os e-mail não são automatizados, por ai vai. Pessoas, naturalmente, nos interessam, e o desenvolvimento de personagens é essencial para nos motivar na exploração, na busca pela verdade.

Ainda há muito trabalho pra ser feito em Tacoma, o jogo está longe de ficar pronto, mas a Fullbright, agora com o dobro de funcionários (foram de quatro para oito), merece a confiança do público. Antes de irmos, eis uma descoberta interessante que fizemos sobre o universo: ao entrar na estação espacial, damos de cara com esculturas feitas por uma brasileira. Testei o jogo junto de outro colega do Brasil, e brinquei com as produtoras que elas sabiam que estávamos vindo, e colocaram aquilo ali. Não foi surpresa saber que, na verdade, aquilo é uma pista importante para sacar mais do mundo onde estamos em Tacoma. O investimento em exploração espacial voltou a ser grande, e a maioria dos lançamentos de naves rolam na linha do Equador, onde está o Brasil. Por conta disso, o país é uma das várias economias que cresceram com a corrida ao espaço, e se tornou uma potência no mundo todo.

Vendo nossa economia atual, estou torcendo pra isso se tornar realidade.

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