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Fatal Fury: City of the Wolves é o melhor lançamento da SNK na última década | Review
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Fatal Fury: City of the Wolves é o melhor lançamento da SNK na última década | Review

Jogo tem dias de glória com muita pancadaria franca

Jeff Kayo
Jeff Kayo
22.abr.25 às 15h37
Atualizado há 18 dias
Fatal Fury: City of the Wolves é o melhor lançamento da SNK na última década | Review
(Divulgação)

Nos últimos anos, sonhar com um novo Fatal Fury era só mais um desses devaneios de “viúvas”, aqueles jogadores que ainda não desapegaram dos jogos dos anos 1990.

Só que a SNK veio e ressuscitou uma franquia extinta há 26 anos, de uma forma bastante diferente dos seus projetos mais recentes. Fatal Fury: City of the Wolves “veio aí”.

Legado de habilidade

Imagem de Fatal Fury: City of the Wolves De cara, o visual do jogo é o que mais chama a atenção. A SNK acertou em cheio no design do jogo (Divulgação)

Um dos principais pontos de mudança nos jogos de luta atualmente é o pensamento de “facilitar” a vida dos novos jogadores. Em termos de público, tais títulos são os que mais demoram para se renovar, dada a dificuldade em ingressar num nicho geriátrico que mantém viva a cena desde o começo dos anos 1990.

City of the Wolves tenta agradar tanto os novatos quanto os veteranos. Toda a habilidade herdada do jogo anterior (de 1999), permaneceu quase intacta. Então, são 26 anos de experiência à frente da galera mais nova. “Brakings” em golpes especiais fortes, “fintas” para enganar o adversário e explorar novas rotas de combo, guarda perfeita, contra-ataques precisos, está tudo lá.

Mas a equipe também adicionou uma experiência mais moderna ao jogo, com a nova barra de REV, muito similar ao que Street Fighter 6 fez com sua barra de Drive. Aqui os jogadores começam o round com ela vazia, e cada golpe especial utilizado com dois botões faz com que ela aumente, até superaquecer. Em “Overheat”, você perde quase metade das suas habilidades especiais e precisa esperar que ela esfrie para iniciar novos ataques.

Some isso à condição de S.P.G., ou “Select Potential Gear”, uma barra extra que pode ser alocada no começo, meio ou final da barra de vida do seu boneco. O mesmo sistema já foi utilizado em Mark of the Wolves – o jogo de 1999 – sob o nome de T.O.P., de “Tactical Offensive Position”. Mesma coisa, nome diferente.

Com a barra de REV e a S.P.G. ativadas ao mesmo tempo, temos acesso a uma mecânica especial, o Rev Blow, que mistura ataque e defesa num único golpe, ao custo da sua barra de REV. Se você vem de SF6, imagine isso como a versão do Drive Impact, mas com o extra de poder ser ativado no ar também.

Imagem de Fatal Fury: City of the Wolves A técnica secreta Hidden Gear é a mais forte do jogo e reserva animações únicas para a nossa alegria (Divulgação)

Mas não é só de ataque que vive Fatal Fury. A principal mecânica de defesa do jogo, o “Just Defense”, nasceu como rival do “Parry”, de Street Fighter 3. A diferença aqui, é que é preciso segurar para trás (para defender) no momento exato, assim você ganha vantagem para contra atacar instantaneamente (realizando um comando na velocidade do frame 0 da defesa) e vira o jogo.

Sim, é um tsunami de informação e técnicas para desenvolver, mas não precisa aprender tudo de uma vez. Os tutoriais ensinam praticamente tudo que o jogo oferece, e aos poucos você incorpora no próprio gameplay, sem o medo de se sentir em desvantagem nem nada. A prática leva à perfeição.

O jogo brinca bastante com os conceitos básicos dos jogos de luta. Nem sempre atacar é a solução e, por vezes, manter uma situação neutra bem equilibrada, apenas esperando o erro adversário pode ser a chave para a vitória. É um jogo veloz, mas, ao mesmo tempo, marcado como os clássicos do passado. Uma experiência bem diferente do que vemos no mercado atualmente, ainda que existam acenos modernos.

Na pegada dos jogos mais recentes, por exemplo, o time da SNK adicionou o modo “Smart”, que simplifica controles e combos. Claro, nada é de graça. O Smart te garante uma facilidade na realização de golpes especiais sem movimentos no direcional, mas te deixa impossibilitado de cancelar ataques em “braking” ou fintar golpes no meio do combo.

O fim de uma era

Imagem de Fatal Fury: City of the Wolves O legado de Geese Howard será contestado por seu herdeiro de sangue, Rock Howard. Mas será que ele suporta esse peso? (Divulgação)

A palavra-chave de Fatal Fury: City of the Wolves é “encerramento”. Inclusive, um que levou 26 anos para ser alcançado. Tem noção do que é não saber o que aconteceu com Rock Howard depois que ele decidiu seguir Kain para encontrar a sua mãe? Kain, o chefe secreto do jogo, que manda no submundo de South Town e, que por acaso, é irmão da mãe de Rock. Essa história permaneceu dormente por praticamente duas décadas

Nesse sentido, a trama de Fatal Fury: City of the Wolves é impecável. Se você gosta e sempre acompanhou Terry Bogard em seu arco de vingança ao longo dos sete episódios da franquia, vai se deleitar com o desfecho da saga. E, de quebra, vislumbrar interações inéditas entre alguns personagens, como Billy Kane e Rock Howard, por exemplo, em que o ex-capacho de Geese Howard trata o filho do vilão (Rock) no melhor estilo “jovem mestre” dos mordomos dos animes.

São dois modos para um jogador. Um arcade tradicional, cheio de ilustrações elaboradas exclusivamente para enfrentar uma escalada com sete adversários; esse modo conta com lutas que vão das mais fáceis a uma completa aberração da CPU lendo seus comandos (e um chefe secreto, caso consiga vencer sem perder nenhuma luta).

O modo Episódios de South Town é como se fosse o World Tour, de Street Fighter 6, só que feito no Excel. No mapa do jogo, clicamos nos ícones, abrimos as abas, enfrentamos os adversários, repetimos tudo de novo. A gente não pode nem criar um personagem para curtir a aventura – o foco aqui é apresentar as histórias particulares de cada lutador. Tudo da forma mais repetitiva possível.

Imagem de Fatal Fury: City of the Wolves Apesar do modo RPG preguiçoso do jogo, a narrativa reserva ilustrações muito bonitas e algumas risadas (Divulgação)

No meio disso, uma trama se desenrola, conversas acontecem e vilões misteriosos se revelam. É um pouco chato no começo, mas, uma vez que entendemos como funciona, dá para ir direto ao que importa: descobrir os desdobramentos da história com a menor quantidade de lutas possível (para ganhar tempo).

Este, claro, não é o melhor dos mundos. Em tempos modernos, espera-se cutscenes elaboradas, animações, um mundo aberto para explorarmos com personagens criados no melhor estilo RPG. Ao invés disso, ganhamos um mapa, um cursor e um sistema de nível para encararmos o desafio máximo do mapa, um boneco nível 80 – os finais do modo RPG são contados antes, esse é totalmente opcional.

O lado positivo disso tudo é: tanto a história vista em “Episódios de South Town” quanto no Arcade trazem de volta a nostalgia dos antigos Drama Cds, compilações de histórias narradas e vendidas em discos exclusivos, exclusivos do Japão. Essas histórias expandiram o lore do jogo de forma oficial com detalhes além dos encontrados nos manuais e nos próprios jogos.

Colecionáveis e extras

Imagem de Fatal Fury: City of the Wolves Os mosaicos de personagens são destravados finalizando os Episódios de South Town (Divulgação)

Tudo indica que City of the Wolves será o Fatal Fury definitivo. Os DLCs garantem uma vida longa ao jogo, e as galerias de imagens compilam a história da franquia com as aberturas dos títulos clássicos. Até uma animação especial produzida por Masami Obari (o designer original do anime dos anos 1990) está presente no jogo, e funciona como uma abertura especial.

Alguns detalhes fizeram toda a diferença no pacote final. A voz de Satoshi Hashimoto, o dublador original de Terry Bogard, aparece na introdução do modo Arcade. Além dele, figuras conhecidas, mas que estão fora do game (por enquanto), também fazem pontas nas histórias de alguns personagens.

Na galeria, dá para ouvir uma série de diálogos originais (e inéditos) entre os personagens. Partes da história que são contadas apenas ali, e que podem fazer rir ou chorar, dependendo da situação.

A Jukebox reúne as trilhas sonoras de todos os jogos, até mesmo a trilha de Fatal Fury First Impact, exclusivo de Neo Geo Pocket. E as faixas extras produzidas por DJs famosos, como Alok e Steve Aoki, entregam uma experiência diferenciada.

Investimentos conflitantes

Imagem de Fatal Fury: City of the Wolves CR7 gerou polêmica e parece ser um personagem que vai dar muito trabalho nas ranqueadas (Divulgação)

Óbvio que não dá para esquecer a controversa parceria do jogo com Cristiano Ronaldo, que virou um personagem jogável, assim como o DJ Salvatore Ganacci. Ambos foram inseridos no game não por uma decisão artística, mas por um investimento da Fundação Misk, uma organização sem fins lucrativos criada em 2011, que detém 96,18% das ações da SNK. Ou pelo menos é o que o mundo inteiro acha.

Além dos personagens, a gravadora responsável pelos DJs que compuseram músicas especiais para o jogo, a MDL Beast Records, também é financiada pela Fundação Misk – e não podemos utilizar essas músicas jogando online ou fazendo streaming por causa de direitos autorais.

Em algumas ocasiões, a SNK explicou que o investimento árabe não iria influenciar nas decisões artísticas do game, mas não é bem o que parece. As inserções de ambos os personagens não fizeram mal algum ao game, mas causaram um estranhamento geral e dividiram a opinião da comunidade.

CR7 se apresenta mais como um personagem “sério”, que usa uma bola de Ki para causar dano nos adversários – ao lado de chutes, ombradas e cabeçadas. Já Salvatore Ganacci é o que podemos chamar de “joke character”, um daqueles bonecos que servem como sátira dentro do elenco. Um bom exemplo para descrever o personagem é o Norimaro, de Marvel Super Heroes vs. Street Fighter ou, forçando um pouco, o Dan, de Street Fighter.

Futuro brilhante

Imagem de Fatal Fury: City of the Wolves No passado, a SNK tinha o costume de criar bandas com os personagens de The King of Fighters e rodar CDs com história e música (Divulgação)

City of the Wolves será lançado oficialmente no dia 24 de abril. Até lá, os jogadores que fizeram a pré-compra do jogo podem desfrutá-lo antecipadamente alguns dias antes. Dias que vão contar no final, já que o jogo está garantido para ser disputado nos maiores campeonatos de jogos de luta do mundo.

Além do EVO Japan, do EVO tradicional (em Las Vegas), ele também ganhou uma vaga na Esports World Cup, um torneio especial com 16 participantes e uma premiação total de 1 milhão de dólares. Para garantir uma vaga nessa disputa é necessário se classificar em alguma das seletivas espalhadas pelo mundo (infelizmente nenhuma no Brasil).

Sem a menor sombra de dúvidas, Fatal Fury: City of the Wolves é o melhor (e o maior) lançamento da SNK da última década. A SNK finalmente encontrou a sua voz, gritando à plenos pulmões: VOLTAMOS!


Esta review foi feita no PlayStation 5, com um código cedido pela SNK.

Fatal Fury: City of the Wolves chega em 24 de abril para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S e PC (via Steam e Epic Games Store).

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