Desde seu anúncio oficial, Assassin’s Creed Shadows despertou algo em mim, como há muito tempo não acontecia: uma imensa e genuína vontade de jogar um novo título da franquia da Ubisoft logo no primeiro dia. Mirage, Valhalla, Odyssey, Origins… Todos (e outros antes desses) até chamaram minha atenção, mas não conquistaram um interesse imediato.
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Felizmente, por meio de um evento de prévia realizado pela Ubisoft, tive a oportunidade de testar Assassin’s Creed Shadows antes do lançamento — previsto atualmente para março de 2025, após sofrer dois adiamentos. E, ao longo das quatro horas de gameplay, pude comprovar que o próximo grande título da franquia merece o peso das expectativas que carrega.
Apresentação de personagens e mundos

O hands-on apresentado pela Ubisoft foi dividido em dois segmentos: um prólogo de cerca de 1h30m voltado para a narrativa e para que o jogador pudesse conhecer os dois protagonistas e suas motivações; e uma missão em um ponto mais avançado da história, que oferecia ainda a chance de explorar o mundo de forma um pouco mais livre.
No entanto, um detalhe na apresentação inicial do jogo, ainda antes de escolher qual segmento poderia jogar, chamou bastante a atenção: o Animus Hub de Shadows é diferente. Chamado aqui de Animus Ego, o ponto de acesso aos diferentes períodos históricos parece ter sido tomado por uma força maior, mascarando informações importantes, e até mesmo omitindo a verdade do usuário.
Devido a esse comportamento atípico, o Animus Ego é invadido, e é a partir dessa brecha que conseguimos acessar a história de Yasuke e Naoe, que se inicia no Japão em 1579, quando o poderoso senhor feudal Oda Nobunaga (o primeiro dos três unificadores do país), chega em Quioto.
O prólogo começa exatamente neste ponto, apresentando primeiramente Diogo, um homem africano de estatura alta que acompanhava o jesuíta português Alessandro Valignano em uma excursão de inspeção. O homem chama atenção por onde passa e, obviamente, desperta o interesse de Nobunaga. Após decidir se juntar ao senhor feudal, o prólogo salta dois anos, diretamente para o cerco na província de Iga — que, mais tarde, descobrimos ser justamente o lar de Fujibayashi Nagato e sua filha Naoe.
Neste ponto, Diogo passa a ser chamado de Yasuke, e vemos como o personagem é fisicamente letal. Resistente, forte e habilidoso, o samurai (sim, samurai) atua quase como uma força da natureza, derrubando facilmente os corajosos que ousam entrar em seu caminho. Tudo bem que, por ser o prólogo, o progresso é facilitado, afinal, o objetivo era ser apresentada aos protagonistas. Mas o homem se mostrou tão forte neste segmento que os adversários pareciam literalmente feitos de papel.
Foi, inclusive, controlando o samurai que me deparei com um pequeno bug: na porta do primeiro chefe, corri para quebrá-la e avançar, mas a passagem não cedia. Então tomei um espaço maior, me afastando para ganhar mais tração na corrida, mas precisei de pelo menos três tentativas para funcionar. Foi um momento estranho, mas que não atrapalhou a experiência em sua totalidade.
O trecho do protagonista samurai se encerrou quando derrotei um dos principais alvos de Nobunaga na região, mas um diálogo entre eles chamou muito a atenção: Yasuke reflete que, na base de sua lealdade ao seu senhor feudal, estão inúmeras vidas humanas. O próprio daimyo se mostra intrigado (talvez até comovido?) com o comentário de Yasuke.
A furtiva Naoe

Passando para a história da Naoe, diferentemente de Yasuke, já a conhecemos em meio a uma intensa fuga e, logo depois, a jovem se separa forçadamente de seu pai, Nagato. Em poucos diálogos, fica claro que ele treinou a filha em técnicas ninja, mas também parece fazer parte da Ordem dos Assassinos, repassando a ela a famosa Hidden Blade.
Além da lâmina, Nagato pede a Naoe que siga para o topo de uma colina, onde uma caixa misteriosa está escondida. A protagonista deve encontrar esse recipiente e protegê-lo com a vida. A partir desse ponto, começa o gameplay dela, deixando claro em poucos segundos como a experiência com a jovem shinobi é completamente diferente da de Yasuke.
Naoe é mais ágil e furtiva, mas beeeemmm menos resistente. Aqui, ela é quem parece feita de papel, dependendo do tipo (ou da quantidade) de inimigos que você decidir confrontar. Eu mesma quis testar minhas capacidades de combate com a Naoe em diversos momentos, e mesmo conseguindo desviar ou aparar (dar parry nos ataques), as lutas acabaram, em sua grande maioria, com a protagonista morrendo.
Em compensação, Naoe é simplesmente perfeita em passar despercebida. E quando é necessário eliminar adversários para prosseguir, a shinobi apresenta diversas cartas na manga: ela pode agachar ou se arrastar pelo chão, assobiar para chamar a atenção, usar o gancho para acessar superfícies no alto, arremessar estrelas ninja e kunais, e claro, fincar a Hidden Blade nos inimigos, pegando-os desprevenidos e assassinando-os de maneiras violentas. Aliás, vale apontar que tanto ela quanto Yasuke possuem finalizações diferentes, mas igualmente sanguinárias.
Voltando ao prólogo de Naoe, a jovem infelizmente falha em sua missão de proteger a caixa misteriosa, mas insiste em se provar para o pai, forçando-se até o limite do aceitável para recuperar o item e honrar Nagato. Não pretendo entrar em detalhes, pois não quero estragar a experiência, mas o segmento com a protagonista shinobi entrega um desfecho emocionante e muito promissor, e que me deixou ainda mais intrigada com a narrativa.
Fim do prólogo e começo da aventura

Terminado o emotivo e intenso prólogo de Shadows, comecei outro save e tive a oportunidade de viajar para uma cidade na província de Harima, onde poderia explorar livremente a região ou entrar de cabeça na missão The Noble Questline — e foi exatamente isso que fiz. O trecho em questão se passa em um ponto mais avançado da narrativa, e apresenta Yasuke e Naoe já como aliados.
Nesse trecho, também pude mexer no menu principal, ter uma noção melhor de como funciona o quadro de objetivos, conhecer mais o mapa geral de Shadows, e utilizar a mecânica de scouts (que são, literalmente, aliados que te auxiliam durante as missões, distraindo ou lutando contra os adversários), além de executar as habilidades supremas de armas — golpes poderosos e distintos para ambos os protagonistas.
The Noble Questline se trata de uma longa missão da história principal, dividida em quatro etapas. Ao longo das horas restantes do hands-on, tive principalmente que reunir informações e eliminar alvos específicos ao longo dos trechos, mas o diferencial estava em poder escolher entre Yasuke e Naoe para executar as tarefas.
Muitas vezes eles vão seguir por caminhos diferentes, executando objetivos distintos. Por exemplo, em determinado ponto da missão, escolhi seguir para o castelo com Naoe para eliminar quatro espiões e, em seguida, abrir o portão para Yasuke passar. Como ela possui um gancho e pode se locomover de forma mais horizontal nos cenários, consegui ignorar diversos inimigos e apenas segui furtivamente (sempre nas sombras, como uma boa shinobi).
Se eu tivesse escolhido Yasuke, porém, teria jogado um trecho completamente focado na ação: como ele é muito forte e resistente, não existe muita escolha a não ser lutar contra todos os bonecos que surgem no caminho, abrindo caminho até o portão onde, por fim, me encontraria com Naoe.
O poder da escolha

Ter a opção de escolher entre os protagonistas em cada trecho torna a experiência muito mais dinâmica, além de oferecer um gameplay mais equilibrado. Se você quer ação, vá com Yasuke. Se quer estratégia e furtividade, siga com Naoe. É o jogador que vai decidir como será a jogabilidade de sua jornada, e isso torna Shadows um título único. Eu sequer notei que se passaram quatro horas de hands-on, e quando terminou, estava salivando por mais. Agora resta esperar o lançamento oficial.
Vale apontar ainda que Shadows oferece dois modos de jogos: o imersivo, em que o game está completamente dublado em japonês (com exceção dos personagens portugueses, claro); e o canônico, em que não existem escolhas ao estilo RPG, e a história segue o cânone de Assassin’s Creed.
Em minha experiência, joguei o prólogo no modo imersivo, me permitindo ser apresentada ao mundo de Shadows em seu idioma original. Porém, o lip sync deixou um pouco a desejar, ficando um pouco dessincronizado em muitas falas. Acredito que o tempo extra de polimento que o time de desenvolvimento ganhou com o último adiamento pode ajudar neste ajuste, então estou confiante de que não terei problemas com isso na versão final do game.
Ademais, terminei o hands-on completamente fascinada por Yasuke e Naoe, querendo me juntar à dupla novamente o mais depressa possível. O gameplay ainda carece de pequenas melhorias no que tange às respostas de comandos, e no hit box de alguns prompts de ação. Mas graficamente e, claro, historicamente (especialmente após ter tido um vislumbre de figuras importantes deste contexto, como Toyotomi Hideyoshi e Akechi Mitsuhide) já me sinto pronta para mergulhar na versão de Assassin’s Creed de um dos períodos mais conturbados do Japão.
Assassin’s Creed Shadows chega em 20 de março para PC (via Steam e Ubisoft Connect), Xbox Series X|S e PlayStation 5.
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