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Minecraft desmorona em filme sem comédia, aventura, nem imaginação | Crítica
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Minecraft desmorona em filme sem comédia, aventura, nem imaginação | Crítica

Longa com Jason Momoa e Jack Black é bobo para crianças, e chato para adultos

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
02.abr.25 às 18h19
Atualizado há 5 dias
Minecraft desmorona em filme sem comédia, aventura, nem imaginação | Crítica
(Warner Bros./Divulgação)

Pensando de longe, fazer um filme baseado em Minecraft é mais difícil do que parece. Afinal de contas, o game de sucesso não tem exatamente o que se pode chamar de “história”, com o mundo e a jogabilidade se moldando à criatividade do jogador. Talvez uma maneira de definir Minecraft seja um enorme e terapêutico exercício de imaginação. E a falta dela acaba sendo o erro fatal que destrói todo o mundo de blocos de Um Filme Minecraft.

Na trama, Jack Black interpreta Steve, um divertido minerador que vê a chance de ser feliz ao descobrir um mundo mágico onde tudo se resume a blocos de montar, ferramentas e muita criatividade. Apesar da vida boa, ele logo se mete no meio de um conflito com perigosas forças malignas, que buscam um poderoso artefato mágico.

Na tentativa de salvar a própria realidade, Steve manda o objeto ao mundo real, o que por sua vez acaba trazendo o quarteto Garrett (Jason Momoa), Natalie (Emma Myers), Dawn (Danielle Brooks) e Henry (Sebastian Hansen) ao universo dos blocos.

Apesar do apelo universal do game original, Um Filme Minecraft se assume completamente como um projeto para crianças, ainda que sofra para entender exatamente o que isso significa.

Divertido como sempre, Jack Black interpreta Steve. (Warner Bros./Divulgação)

Primeiro, porque já passamos da fase em que “infantil” era sinônimo de “bobo”. Mas o filme insiste em piadas batidas que dificilmente farão a pimpolhada esboçar sorrisos. E aqui, leia-se dezenas de cenas de gente caindo de bunda no chão, ou qualquer outra coisa envolvendo bundas, e afins.

Segundo, porque, para o público mais crescido, poderia haver algum charme em ver o excêntrico Jack Black solto e aloprado ao lado de um igualmente divertido Jason Momoa. Mas o que, em um roteiro um pouquinho mais trabalhado, serviria como algo do tipo “ruim que fica bom”, chega às telas apenas como uma oportunidade perdida, salva em partes apenas pelo carisma inegável da dupla.

Black, com suas caras e bocas, é o mesmo bonachão divertido de sempre. E Momoa, pelo menos, se permite cair no ridículo como um velho campeão dos games que nunca superou a década de 1980.

A dinâmica de competitividade entre os dois é o mais próximo de algo verdadeiramente convincente na tela, ainda que também se prenda à bobajada da trama.

O brilho dos dois ofusca o restante do elenco, que até poderia render com revelações como Emma Myers (Wandinha) e a engraçada Danielle Brooks (Pacificador), mas que funciona apenas como recheio para a trama. Ainda mais considerando que, em teoria, Myers e o jovem Sebastian Hansen deveriam ser o coração da história, como dois irmãos em busca de uma vida nova após a perda da mãe.

Elenco se aventura em mundo mágico. (Warner Bros./Divulgação)

Curiosamente, quem acaba roubando a cena é a talentosa Jennifer Coolidge (American Pie, The White Lotus), com a subtrama de uma humana que se apaixona por um aldeão do mundo de Minecraft que escapa para o mundo real.

Mesmo que as cenas da atriz sofram de uma total desconexão com o restante da história, é justamente esse tipo de absurdo irreverente que falta em Um Filme Minecraft.

Blocos de areia não fazem castelos

Já virou clichê falar que finalmente nos livramos da maldição de que adaptações de games eram, invariavelmente, ruins. Mas não há como fugir do maior problema de Um Filme Minecraft, que é não entender justamente o que faz o material de base tão mágico.

Isso fica bastante claro no roteiro, assinado por nada menos que cinco pessoas (Chris Bowman, Hubbel Palmer, Neil Widener, Gavin James e Chris Galletta, em maioria, desconhecidos), mas tão genérico quanto um prompt mais básico de inteligência artificial.

Da trama de salvar um mundo mágico contra uma força maligna, às já citadas piadas e até as cenas de aventura, tudo em tela parece requentado ao ponto de não ser nem minimamente apetitoso. Uma história que não empolga, não diverte e, pior ainda, não honra Minecraft.

Há a leve tentativa de se criar uma mística em torno do universo do game, e certamente os fãs mais ardorosos gostarão de ver diversos elementos do Minecraft original na tela, mas não adianta tentar erguer uma trama inteira com blocos de areia. Ainda mais sem o elemento mais crucial de todos: imaginação.

Momoa luta para salvar o mundo de Minecraft. (Warner Bros./Divulgação)

Diante de todo o potencial da franquia, é triste que a chegada do game aos cinemas venha de forma tão simplória e pouco aventureira.

No fim, Um Filme Minecraft serve para lembrar que, sim, há cada vez mais boas adaptações de games no cinema, mas também os deslizes ainda estão por aí, e podem te atingir tão forte quanto um bloco de concreto na cara.

Um Filme Minecraft chega aos cinemas nesta quinta-feira (3). Siga de olho no NerdBunker para mais novidades. Aproveite e conheça todas as redes sociais da gente, entre em nosso grupo do Telegram e mais - acesse e confira.

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