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Super/Man emociona ao humanizar a lenda de Christopher Reeve | Crítica
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Super/Man emociona ao humanizar a lenda de Christopher Reeve | Crítica

Documentário engrandece a história do astro ao não resumi-lo a um papel e um acidente

Gabriel Avila
Gabriel Avila
15.out.24 às 09h00
Atualizado há 8 meses
Super/Man emociona ao humanizar a lenda de Christopher Reeve | Crítica
Warner/Reprodução

Em 1978, Superman: O Filme mudou os rumos da cultura pop e da vida de Christopher Reeve. O estrondoso sucesso da produção criou no imaginário popular a ideia de que o ator era, em certa medida, um ser sobre-humano, um fragmento do personagem que viveu em tela. Essa ideia é paradoxalmente reforçada e combatida por Super/Man: A História de Christopher Reeve, um emocionante documentário que dá ares de lenda à trajetória de um homem.

Quando se fala em Christopher Reeve, há grandes chances de que a conversa gire em torno do Superman. Porém, a biografia do ator tem outra grande marca, deixada pelo acidente a cavalo que o deixou tetraplégico, em 1995. Pontos mais reconhecíveis na vida do retratado, esses eventos servem de base para os diretores Ian Bonhôte e Peter Ettedgui (McQueen) observarem o astro mais de perto.

Esse direcionamento, que dá o tom de Super/Man, é apresentado logo nos primeiros minutos, quando o longa vai de uma emocionante montagem com cenas dos filmes de Reeve na DC para momentos íntimos na véspera do acidente. A partir daí, a produção estabelece esse recorte como uma espécie de ponta de iceberg, deixando a promessa de se aprofundar nele ao longo da rodagem.

A narrativa usa esses dois pontos como âncoras para saltar de um período a outro, construindo uma engrenagem que exalta a lenda de Christopher Reeve sem perder de vista que ele foi um ser humano, com sua cota de traumas e falhas. Um mecanismo que funciona porque cada salto é feito com o interesse em escavar um pouco mais, apresentando peças que tornam o quebra-cabeças mais amplo.

Em uma camada mais superficial, o documentário cumpre o papel de contar a história de um ícone. O lado “Super” é representado com a devida reverência graças a uma atmosfera que engrandece os atos pelos quais o ator ficou mais conhecido, seja em frente às câmeras ou no ativismo em prol de pessoas com deficiência após o acidente.

Com um vasto arquivo de filmes, entrevistas e matérias concedidas por Reeve e pelas pessoas ao seu redor, o longa faz uma viagem nostálgica para dar ao público de 2024 um gostinho da repercussão de cada etapa da carreira do ator. Um registro histórico que justifica o interesse por essa história e abre as portas ao foco no lado humano – o “Man”, separado e colocado em pé de igualdade no título Super/Man.

A História de Christopher Reeve não se contenta em ser apenas uma retrospectiva de fatos bem conhecidos sobre uma estrela de Hollywood. É claro que essa é uma parte do apelo, mas o verdadeiro interesse da produção é contar essa história através de uma perspectiva íntima.

Os grandes reforços da produção são os depoimentos da família e dos amigos do ator. Captados exclusivamente para o filme, os relatos não só dimensionam a importância ou gravidade dos ocorridos, como oferecem uma perspectiva quase inédita de quem era Reeve por trás das câmeras. E, especialmente, contam uma história por trás da história.

Afinal, o ator que fez fama ao encarnar um ícone e depois sofreu um trágico acidente, é o mesmo rapaz vindo de um lar fraturado, que sempre se esforçou para impressionar o pai e teve dificuldades para criar a própria família. Esses encontros entre o Super e o Homem são reforçados até mesmo nas contradições que a narrativa apresenta ao abordar alguns dos erros do ator e as polêmicas que ele se envolveu.

Como é de se esperar, de um documentário com viés positivo e produzido em parceria com a família do retratado, e esses pontos baixos não são trazidos com muita contundência, mas mesmo essa pequena exposição amplia a complexidade na representação de alguém que é dono de uma história tão única e forte, que merece ser contada. Uma força, aliás, que fica atestada no fato de a morte do ator, em 2004, não marcar o fim do filme, que dedica a reta final ao legado deixado por ele e pela família.

A intensidade com que os diretores acreditam nessa tese fica expressa no esforço que fazem para contar a história. Inspirador e comovente, Super/Man honra o legado de Christopher Reeve ao não resumi-lo a um papel e a um acidente. O documentário, na verdade, faz o caminho contrário do papel que o consagrou nos cinemas, mostrando que feitos grandiosos e maiores que a vida também podem ser realizados pelo mais humano dos homens.

Super/Man: A História de Christopher Reeve estreia nos cinemas do Brasil em 17 de outubro.

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