Em 2010, o diretor James Wan lançou Sobrenatural, um filme de casa assombrada para marcar sua nova investida no gênero, após ter passado o início dos anos 2000 conhecido apenas como “o criador de Jogos Mortais”. O longa foi um sucesso, e não só despontou a carreira do cineasta, como também lançou outro nome no horror: Patrick Wilson.
O ator assumiu o papel de Josh Lambert, um pai que vê seu filho atormentado por entidades desconhecidas, e depois descobre que o fenômeno está diretamente atrelado à sua nebulosa história. Ele se destacou na produção, e repetiu a parceria com James Wan para uma continuação e até para outros projetos do cineasta, como Invocação do Mal e Aquaman.
13 anos após dar as caras na saga, Patrick Wilson retorna em Sobrenatural: A Porta Vermelha — e não só como Josh, mas também como diretor, pela primeira vez. Para o lançamento do quinto filme, o NerdBunker conversou com o elenco para descobrir como ele se saiu nessa estreia.
Mudando de lado

Blum pode não ter uma resposta definitiva, mas “culpa” James Wan por ter implantado a ideia na cabeça do ator:
“Patrick Wilson passou muito tempo com Sobrenatural e com James Wan, na saga Invocação do Mal e nos dois Aquaman. Eles são muito próximos. Assim, Patrick passou um bom tempo ‘do outro lado’ da produção de filmes de terror.”
Talvez James Wan realmente tenha um papel nisso. Seja como for, a ideia cresceu em Patrick Wilson, que disse ter esse desejo há certo tempo. O que não esperava, porém, é que o processo seria tão mais intenso do que atuar.
“É engraçado pensar na diferença entre experiências. Quando se é ator, a preparação e gravação para filmes assim raramente passa de seis semanas, costuma ser bem rápido. Como diretor, passei os últimos quatro anos vivendo com esse filme (risos). É um envolvimento um pouco diferente, com certeza.”
No caso de Sobrenatural, quatro anos soa muito mais intenso ao se levar em conta que a filmagem do primeiro, lá em 2010, demorou apenas três semanas.

O veredito, segundo o elenco

O jovem de 21 anos, que assume o protagonismo em A Porta Vermelha, divide muitas cenas com o Josh de Patrick Wilson. Com 13 anos de franquia, não é errado dizer que Simpkins cresceu nas telas, com o ator como pai fictício por muito desse período. Toda essa história entre os dois teve impacto nas telas, segundo ele:
“Quando se confia tanto em alguém, da forma que eu confio nele, é assim que suas melhores atuações surgem. Realmente acredito que esta é a melhor performance que já entreguei. Estou muito orgulhoso dele e do que criamos juntos.”
Na contramão da experiência de Ty Simpkins, Sinclair Daniel — que interpreta Chris Winslow, amiga de Dalton na universidade — nunca tinha atuado ao lado de Patrick Wilson. Na verdade, A Porta Vermelha é sua estreia em um longa-metragem. Mesmo sem uma década de amizade, a atriz ainda rasgou elogios à direção: “Dou nota 10 de 10! Tive uma ótima experiência trabalhando com Patrick”, afirmou.
Segundo ela, o fato de que Wilson era “novato” no posto lhe deu algo em comum com o diretor:
“Estávamos passando por situações parecidas, já que foi sua estreia como diretor, e a minha como atriz em um longa-metragem, então isso acabou nos aproximando. E Patrick é um ator, logo ele sabe como falar com o elenco, o que é bem reconfortante para um ator novato. Me sinto muito confortável com ele.”

Dá para dizer que ela é uma lenda viva do horror, ainda que a própria seja muito modesta para assumir: “Assim massageia meu ego! Nunca me considerei assim, mas sou grata que as pessoas acham isso”, disse aos risos.
Lin Shaye é uma das poucas atrizes a ter trabalhado com todos os diretores da franquia, tendo dado as caras nos dois filmes de James Wan, no prólogo comandado por Leigh Whannell (O Homem Invisível), e também em A Última Chave, quarto capítulo que foi dirigido por Adam Robitel (Escape Room).
Dessa forma, ela é a mais qualificada a avaliar a direção de Patrick Wilson. Logo de cara, Shaye revelou que voltou à franquia justamente por conta do ator.
“Quando Patrick Wilson assumiu a direção, ele me ligou para dizer que o novo seria uma história de pai e filho, e que era preciso ter Elise na trama. A partir da sua perspectiva e com o auxílio dos roteiristas, ele tentou encontrar uma boa forma de incluir a personagem.Gostei do que fizeram, e amo a cena final do filme. [...] Me sinto lisonjeada que as pessoas amam essa personagem, e foi uma honra participar dessa história.”
Como Lin Shaye avalia a direção do colega, então? “Ele foi fabuloso!”, afirmou antes de partir para uma verdadeira rasgação de seda. “Verdadeiramente maravilhoso, é alguém tão generoso, inteligente e atencioso. E nem sei como conseguiu, é uma dança louca para atuar e dirigir ao mesmo tempo”.

“Me lembro da filmagem daquela cena final, que era muito sensível e cheia de implicações sensíveis sobre o passado, presente e futuro. Em um momento, ele estava focado em discutir a trama e o andamento da cena comigo, e quando chegou sua vez de interpretar Josh, ele estava em lágrimas. Ele conseguia se ligar e desligar do personagem com facilidade, é um homem muito talentoso.”
O elenco aprovou a direção de Patrick Wilson, e confessamos que também ficamos impressionados. O longa pode marcar o início de uma carreira por trás das câmeras, e fica a torcida de que o ator se dedique tanto ao horror quanto seu mentor, James Wan. Quem sabe não vemos um filme de terror original de Patrick Wilson no futuro, né?
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Sobrenatural: A Porta Vermelha chega aos cinemas brasileiros em 6 de julho.