Para quem gosta de discutir filmes e séries na internet, é muito comum esbarrar em termos técnicos para descrever elementos da fotografia, da trama e do roteiro. Sem dúvidas um dos mais comuns é o plot twist, uma das técnicas narrativas mais divisivas entre o público.
O nome, que significa algo como “reviravolta narrativa” em tradução livre, é autodescritivo. A técnica consiste em uma mudança radical de status na trama (ou plot) de uma obra. É um ponto que muda totalmente a visão do público e dos personagens sobre os eventos até ali.
Sua utilização pode acontecer na metade ou no final da trama, e ser algo grandioso, ou uma série de pequenas reviravoltas. Em todos os casos, a finalidade é a mesma: impactar os espectadores com algo surpreendente. Para alcançar esse resultado, os realizadores podem criar expectativas falsas no público, seja através de uma perspectiva limitada dos eventos ou pela falta de compreensão do que realmente está para acontecer. Vale tudo para garantir a reação chocante da reviravolta na narrativa.
Plot twist é uma técnica divisiva pois sua qualidade depende de uma construção narrativa sólida, além da reviravolta de fato ter impacto no mundo da trama. Geralmente, os filmes e séries mais elogiados por suas mudanças são os que fazem alusão à reviravolta desde o início, preparando o público lentamente para a virada, seja conscientemente ou não. Por sua vez, essa técnica de indicar algo a caminho é conhecida como foreshadowing (pressagiar, em tradução literal).
Já as obras que decepcionam, são as que tentam apelar para um plot twist fraco ou mal construído, daqueles pensados para salvar uma trama que já não era grande coisa. Nesses casos, o público pode até se chocar com a reviravolta, mas a falta de conexão com a história até então dilui o impacto que a mudança poderia causar.
Um exemplo de plot twist bem feito é o filme Psicose (1960). O clássico de Alfred Hitchcock te coloca para acompanhar Marion Crane (Janet Leigh), uma mulher em fuga após roubar uma grande quantia de dinheiro de seu patrão. Ainda que ela seja a protagonista, Crane morre após 40 minutos de duração, em uma das cenas mais icônicas do cinema. Dali em diante, a trama muda de uma história de fuga, para uma investigação sobre quem assassinou a mulher.
Já exemplos ruins são um pouco mais complicados de citar, visto que seu impacto é muito subjetivo. Alguns casos recentes que causaram ruptura nos fãs foram Star Wars: A Ascensão Skywalker, quando Rey (Daisy Ridley) é revelada como uma Palpatine, ou então no final de How I Met Your Mother, que passou várias temporadas aquecendo para a chegada da mãe titular apenas para matá-la em poucos episódios.
A discussão toda ao redor de plot twists é tensa pela forma que a técnica opera em si. Muita gente sequer gosta de saber que haverá uma reviravolta na trama, já que essa expectativa de descobrir o que acontecerá de antemão pode amenizar o impacto da mudança. Além disso, como já falamos, cada um lida com surpresas de formas diferentes.
Por fim, você deve estar se perguntando: por que raios chamamos de plot twist ao invés de reviravolta na narrativa? Bom, isso se dá pelas redes sociais, que permite que cinéfilos do mundo todo se conectem. Como muito da crítica, criação de conteúdo e fóruns operam em inglês, alguns termos passaram a ser adotados até por outras línguas. Existem sim correspondentes no português, mas o termo já é difundido no Brasil ao ponto de ser minimamente entendível.