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O Contador 2 subtrai ação em trama mais complexa que planilha financeira | Crítica
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O Contador 2 subtrai ação em trama mais complexa que planilha financeira | Crítica

Sequência traz Ben Affleck de volta à porrada após nove anos, com alguns problemas pelo caminho

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
24.abr.25 às 09h00
Atualizado há 2 meses
O Contador 2 subtrai ação em trama mais complexa que planilha financeira | Crítica
(Warner Bros./Divulgação)

Vamos lá. Filme (quase) nenhum no mundo é obrigado a despertar reflexões profundas sobre a natureza humana ou coisa que o valha. Ainda mais na ação, gênero no qual, boa parte das vezes, socos, pontapés e tiros são o suficiente para desligarmos o cérebro por algumas horas. Mas quando nem a diversão escapista, que é o mínimo, vem na tela, o que sobra? Para Ben Affleck e O Contador 2, a resposta é… não muita coisa.

De volta à franquia após nove anos, Affleck interpreta o autista Christian Wolff. Além dos dotes intelectuais, que o tornaram o contador mais requisitado por máfias e organizações criminosas, o protagonista dispõe ainda de rigoroso treinamento militar, o que o torna uma verdadeira máquina de matar.

Wolff é trazido à ação pela agente federal Marybeth Medina (Cynthia Addai-Robinson), que recorre ao contador para desbaratar uma complexa trama desencadeada pelo assassinato do veterano Ray King (J.K. Simmons).

O caro leitor logo perceberá que a palavra “complexa” não foi usada aqui à toa, porque a trama de O Contador 2 é realmente mais complicada de se entender do que uma extensa planilha financeira.

Basta dizer que o que começa como a busca por uma família desaparecida logo escala a uma conspiração envolvendo tráfico humano, imigração ilegal e até uma série de assassinatos ao redor do mundo. Tudo amarrado de forma tão frouxa que por vezes é verdadeiramente difícil entender onde tudo se encaixa.

Ben Affleck e Jon Bernthal têm amor de irmãos. (Warner Bros./Divulgação)

Isso não seria problema, afinal temos Ben Affleck para trazer sentido ao caminhão de informações, mas nem a suposta genialidade do contador aparece de forma convincente em tela.

Se tomarmos como exemplo grandes detetives como Sherlock Holmes, o charme é perceber como a mente estabelece as conexões aparentemente complicadas, mas que se resumem à pura atenção aos fatos. Em O Contador 2, no entanto, devemos aceitar o desenrolar do mistério por pura necessidade de roteiro.

Ação (ou comédia) em dose dupla

Na pele de Christian Wolff, Ben Affleck tenta trazer uma dose de humor ao investir na inadequação social do personagem. Curiosamente, o ator convence mais no lado cômico de Wolff do que na persona de herói de ação, provando que os anos na DC dos cinemas realmente cobraram um preço no entusiasmo do ator com produções do tipo.

No meio de todo o suspense, há ainda a figura de Daniella Pineda (Cowboy Bebop) como uma misteriosa e implacável assassina, cuja única função é servir como mais uma engrenagem forçada no mirabolante conflito principal.

Cynthia Addai-Robinson retorna como a agente Medina. (Warner Bros./Divulgação)

Uma boa surpresa, no entanto, é a volta de Jon Bernthal como Brax, o irreverente irmão de Christian Wolff, que relutantemente ajuda o parceiro na missão.

O eterno Justiceiro parece ser o único realmente se permitindo o ridículo que o projeto pede, e cativa como o matador eficiente, mas de coração mole, numa divertida dinâmica de amor passivo-agressivo com Affleck.

O longa ensaia contornos mais absurdos em determinados momentos, como Affleck ser auxiliado por um grupo de adolescentes autistas capazes de infiltrar computadores, câmeras e sistemas de segurança inteiros, mas, por algum motivo, evita o mergulho na galhofa, o que talvez até melhorasse a situação.

Em teoria, duas estrelas de ação se dando melhor na comédia não é um bom sinal… para a ação, que é onde uma produção do gênero deveria brilhar. Mesmo com numerosas cenas de luta, tiroteios e perseguições, o filme falha em apresentar algo realmente memorável ou, no mínimo, empolgante.

Bernthal e Affleck metem bala em O Contador 2. (Warner Bros./Divulgação)

Continuação desnecessária de um longa original pouco lembrado, O Contador 2 não se justifica enquanto sequência, nem enquanto exercício de ação ou diversão. Desperdiçando bons atores numa trama cansada e confusa, o filme mira na adição, mas acaba como uma subtração ao gênero, que certamente tem histórias melhores até para quem quer apenas uma saraivada de balas e socos.

O Contador 2 está em cartaz nos cinemas.

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